Os segredos da mulher no agro: Sustentabilidade ambiental

*Por AGROMULHER

Segundo a Forbes, em média, 82% dos brasileiros considera a sustentabilidade um tema importante. No agro, esse assunto também é levado a sério! As mulheres profissionais do agro já entenderam a relevância das questões ambientais para o setor e, atualmente, trabalham nas linhas da sustentabilidade e ESG, sendo vistas como especialistas altamente capacitadas para falarem sobre tais assuntos

Na Semana da Mulher, nossa convidada especial que irá comentar sobre Sustentabilidade com foco no agro é a Daniele Rua, que é engenheira florestal, sócia-proprietária e diretora executiva da Neocert Certificações, umca certificadora que aplica padrões nacionais e internacionais de sustentabilidade como ferramentas para apoiar a diferenciação de produtos e a adoção de práticas agrícolas e agropecuárias mais sustentáveis.

Daniele destaca que para garantirmos um agro mais sustentável, não só para nós, mas especialmente para as futuras gerações, o planejamento e O processo de tomada de decisão em relação à adoção de melhores práticas agrícolas e de gestão devem ser analisados através de três “ lentes” fundamentais: a de emissões de gases de efeito estufa e riscos climáticos, a da “justiça climática”, que inclui o nível de vulnerabilidade das partes interessadas (com destaque para equidade de gênero), assim como, a estratégia de sucessão familiar no meio rural.

”Não vivemos apenas uma crise climática, mas uma crise de humanidade e de governança multidimensional. Daniele acredita também que daqui pra frente, também na esfera empresarial e corporativa, o debate sobre sustentabilidade, emissões de gases de efeito estufa e adaptação climática será em torno de “quem” e “como” e, para isso, os processos de tomada de decisão e gestão dos empreendimentos precisarão estar amparados por instrumentos seguros e com potencial concreto de diminuição de risco ao negócio, à sociedade e ao planeta.

O Relatório IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change) lançado na semana passada trata sobre adaptação, impacto e vulnerabilidade; avalia a complexa interação entre mudança climática e risco para pessoas e natureza agora e no futuro; e apresenta sugestão de ação e adaptação. Segundo o relatório, há evidências de que as atuais estratégias de adaptação não incluem suficientemente a pobreza e os determinantes sociais subjacentes da vulnerabilidade humana, como gênero, etnia e governança.

O documento recém-lançado destaca que as mudanças climáticas já reduziram o crescimento econômico e ameaçam a segurança alimentar e hídrica de bilhões de pessoas, dificultando o atingimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030.

E, quando o assunto é resiliência do negócio agrícola e agropecuário, além de contribuir para a estabilidade climática e a conservação dos recursos naturais, os quais neste caso são exatamente os recursos de produção (água e solo, entre outros), a estratégia de sucessão familiar no Brasil deve ser tratada tanto da perspectiva de continuidade do negócio quanto da adoção de práticas mais sustentáveis. O desafio de sucessão no ambiente rural dá-se devido aos jovens que seriam os sucessores do negócio rural passarem a trabalhar em outros ramos de atividade, deixando o negócio rural familiar. Neste sentido, nota-se que assuntos voltados à sustentabilidade na agricultura com uso de tecnologias estão voltando a atrair o interesse desses mesmos jovens e podem ser considerados “gatilhos” para a manutenção desse público na administração e gestão do negócio. A boa notícia é que tecnologias voltadas para o agronegócio estão cada vez mais comuns no mercado brasileiro e as novas gerações podem contribuir com a adoção de soluções tecnológicas, incluindo plataformas de tomada de decisão para a gestão mais sustentável do negócio.

Já no sentido da vulnerabilidade, notamos que as questões de gênero e clima se entrelaçam à medida que entendemos que a mudança climática, embora seja global, não atinge igualmente a todo mundo. As condições materiais e históricas de determinados grupos sociais influenciam seu grau de resiliência e de adaptação. Com isso, aspectos de vulnerabilidade, adaptação e gestão do empreendimento rurais devem ser cuidadosamente mapeados e endereçados a partir da adoção de boas práticas socioambientais as quais promovam redução de emissões, conservação dos recursos naturais e geração de benefícios sociais, incluindo o fortalecimento do negócio familiar com processos estruturados de sucessão familiar e promoção de equidade de gênero.

AGROMULHER*  A Rede Digital AgroMulher nasceu com o propósito de gerar resultados por meio da democratização de informações de qualidade e, assim, promover o crescimento de profissionais ligados ao agronegócio.