Pesquisadores orientam sobre controle da mancha de ramulária

A mancha de ramulária é uma das principais doenças do algodoeiro e responsável pelo aumento dos custos de produção do algodão no Brasil ao lado das lagartas e do bicudo-do-algodoeiro. Também conhecida como míldio, falso oídio ou mancha branca, a doença é causada pelo fungo Ramularia areola e está presente em todas as regiões produtoras de algodão do mundo. Em condições de alta umidade, como é o caso do Cerrado, onde se concentra mais de 90% da produção nacional, o patógeno encontra o ambiente favorável para se desenvolver e por isso demanda várias aplicações de fungicidas durante o ciclo da cultura.

Segundo o pesquisador da Embrapa Algodão, Luiz Chitarra, tradicionalmente a doença costumava ocorrer no final do ciclo da cultura, causando poucas perdas econômicas, mas hoje a mancha de ramulária é considerada a principal doença do algodoeiro no país, podendo provocar uma redução de até 35% na produtividade. “Nós observamos um crescimento da abrangência e da intensidade do fungo, principalmente em áreas onde se cultiva o algodoeiro sem utilizar a prática da rotação de culturas”, relata.

Os sintomas da doença manifestam-se em ambas as faces da folha, consistindo inicialmente em lesões angulosas ou de formato irregular (3-4 mm de largura) delimitadas pelas nervuras. Apresentam coloração branca e de aspecto pulverulento, caracterizado pela esporulação do fungo, sobretudo na face inferior da folha, causando necrose abaixo da camada de esporos. “Em casos de alta severidade da doença ocorre desfolha precoce nas plantas. Se a perda de folhas ocorrer durante a fase de formação de maçãs, compromete a produção no terço superior da planta, bem como reduz o crescimento das estruturas reprodutivas já formadas e induz à abertura precoce de capulhos, implicando em perda de qualidade de fibra”, explica o pesquisador Nelson Suassuana, também da Embrapa Algodão.

Controle

A aplicação de fungicidas pode controlar a doença eficientemente, desde que sejam iniciadas logo quando surgirem os primeiros sintomas. “Dependendo da cultivar em uso e das condições de ambiente, podem ser necessárias pelo menos quatro ou cinco aplicações”, orienta Chitarra. Ele recomenda a aplicação de fungicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a alternância dos grupos químicos de fungicidas para que não ocorra a resistência do patógeno.

Os pesquisadores alertam que o atraso no início da primeira aplicação diminui a eficiência do controle e pode torna-lo economicamente inviável.
“Antes de acabar o período residual do fungicida, é necessário monitorar novamente as plantas e caso se constatem novas lesões com esporulação, deve-se iniciar a segunda aplicação, de preferência, com um fungicida pertencente a um grupo químico diferente do que foi empregado na primeira aplicação”, diz Suassuna.

Outra alternativa para o manejo da doença são as cultivares resistentes. Em 2013, a Embrapa lançou a cultivar de algodão transgênico BRS 371 RF, que possui resistência à ramulária e é tolerante ao herbicida glifosato. Novas opções de cultivares resistentes estão em fase de registro no Mapa.

Além da utilização de cultivares com algum nível de resistência, a rotação de culturas, o uso adequado do regulador de crescimento, a utilização de menor número de plantas por hectare e um maior espaçamento entre linhas de plantio, permitindo, uma maior aeração no inferior das plantas de algodão são outras medidas de controle que devem ser adotadas para evitar prejuízos com a doença.

Por: Edna Santos (MTB-CE 01700)
Embrapa Algodão