“Perspectivas para a agricultura e pecuária brasileira na emissão de gases de efeito estufa”. Este é o título da palestra que o pesquisador Segundo Urquiaga, da Embrapa Agrobiologia (Seropédica, RJ), vai apresentar no IV Workshop Remedia, em Madri, na Espanha, na próxima semana. Patrocinado pela União Europeia, o evento reunirá pesquisadores da Europa e da América Latina que atuam na área de mitigação de gases de efeito estufa provenientes da agropecuária.
Para Urquiaga, o convite é um reconhecimento às pesquisas realizadas no Brasil, sobretudo pelo grupo de Ciclagem de Nutrientes da Embrapa Agrobiologia. “As pessoas querem entender por que os índices do IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima, ou, na sigla em inglês, Intergovernmental Panel on Climate Change – foram tão superestimados para o Brasil”, diz o pesquisador.
Ele explica que os estudos realizados nos últimos anos pela Embrapa Agrobiologia, em parceria com outros centros de pesquisa brasileiros, revelam que no máximo 0,6% do nitrogênio excretado pelos animais podem transformar-se em óxido nitroso (N2O). Esse número é inferior aos 2% estabelecidos pelo IPCC. “Na produção de grãos também encontramos valores que chegam a ser cerca de 30% abaixo dos indicados pelo IPCC”, complementa Urquiaga.
De acordo com o pesquisador, os indicadores do IPCC levaram em conta as condições dos solos da Europa, que são mais favoráveis à produção de óxido nitroso derivado da urina e das fezes de bovinos, por exemplo. “Na época, não tínhamos muitas publicações sobre o tema, mas hoje nossos trabalhos têm reconhecimento e respeito da comunidade científica internacional”, finaliza.
Sobre o evento – A Remedia é uma rede de aproximadamente 125 pesquisadores, cujo objetivo é promover o intercâmbio e a troca de informações sobre estudos para mitigar as emissões de gases de efeito estufa provenientes da atividade agropecuária na Espanha.