O consultor da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e produtor rural, Ricardo Arioli, participou no dia 16 de novembro de um seminário de networking em Bruxelas, na Bélgica, representando a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Arioli, que também é presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, contribuiu para o diálogo “Inovação por trás das culturas: Expandindo a produção, não a terra” – painel 2. Os participantes envolvidos no evento entenderam que o Brasil é parte da solução para a crise de segurança alimentar.
O evento foi promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), juntamente com a Missão do Brasil, União Europeia (UE) e parceiros. A iniciativa que reuniu especialistas da UE e do Brasil apresentou dois painéis com os temas: “Sistemas Alimentares Resilientes: Equilíbrio Inteligente de Local VS Global” e “Inovação por trás das Culturas: Expandindo a Produção, Não a Terra”.
Entre os assuntos abordados estavam os desafios e as oportunidades em torno do aumento da demanda mundial de alimentos e da necessidade de produzir de forma mais sustentável, bem como o aumento das exportações do Brasil, tanto em valor, como em volume.
A reunião foi moderada por Mella Frewen, diretora da Hume Brophy, com a participação de especialistas do setor, formuladores de políticas e acadêmicos para discutir o futuro do setor que incluiu estudos de caso sobre como a inovação poderia ajudar o Brasil e a Europa a oferecer maior segurança alimentar, de forma sustentável. Os participantes do painel conheceram o programa “Brazil Agri-Food Facts”, que desenvolve técnicas agrícolas inovadoras na promoção da produção de alimentos sustentáveis em todo o Brasil e na Europa e no fornecimento de maior segurança alimentar global.
Os palestrantes brasileiros destacaram o aumento de 406% na produção de grãos do país entre 1980 e 2020, com 65% a mais de terra sendo utilizada. Os ganhos de produtividade medidos em toneladas por hectare entre 1995 e 2020 para a soja foram de 40,32% e o milho foi de 133,21%.
Ricardo Arioli, porta-voz da Brazil Agri-Food Facts, explicou como, graças à fertilidade natural do Brasil e ao clima tropical, muitos agricultores brasileiros estão agora cultivando duas culturas na mesma estação, com benefícios que incluem o menor uso de pesticidas por tonelada produzida, e maior sustentabilidade do solo. Eles também estão respondendo aos eventos na Europa aumentando a produção de trigo, com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) prevendo um aumento na produção de trigo de 6,2 milhões de toneladas em 2020 para 8,1 milhões em 2022.
“A Apex-Brasil reúne no programa mais de 15 parceiros, entre eles a CNA, com o intuito de garantir a promoção de exportações do Brasil. A nossa participação em Bruxelas é exatamente com o objetivo de disseminar informações corretas a respeito da produção brasileira de alimentos. Falamos à imprensa europeia e ao público da agropecuária sobre as tecnologias e inovações nas propriedades rurais brasileiras que garantem a sustentabilidade”, disse Arioli.
Arioli explanou ainda sobre o aumento da produtividade sem a necessidade de abertura de novas áreas. “Passamos de uma produção anual de 3 toneladas por hectare, para mais de 10 toneladas em poucos anos, com maior produtividade na soja, seguida do milho de segunda safra”, acrescentou.
A Embrapa falou sobre sistemas agrícolas integrados (lavoura-pecuária e lavoura-pecuária-floresta) e o futuro do agronegócio brasileiro sustentável. “Um tema importante porque na Europa não chega esse tipo de informação”, descreveu o representante da CNA.
Na Europa a palavra em evidência é o desmatamento. “A ideia do painel foi justamente desmistificar e apresentar os dados de práticas de produção sustentável, ações de proteção ambiental nas áreas de reserva legal, que mostram que temos áreas preservadas no Brasil e que grande parte delas está dentro das propriedades rurais”, pontuou.
O evento teve a participação do Embaixador Pedro Miguel, responsável pela Missão do Brasil junto à União Europeia (UE); Rupert Schlegelmilch (diretor da As Américas, Agricultura e Segurança Alimentar da Comissão Europeia e Diretor Geral Adjunto Interino do DG Comércio); André Nassar (presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove); Luiza Bruscato (diretora-executiva da Mesa Redonda Brasileira sobre Pecuária Sustentável – GTPS); Alexander Döring (secretário geral da Federação Europeia de Fabricantes de Rações – FEFAC); Andreas Schneider (membro do gabinete do comissário da Agricultura Wojciechowski da Comissão Europeia); Maryana Damasceno (Agrodan); Bazoumana Koulibaly (Institut de l’Environnement et Recherches Agricoles (Inera)); Vinícius Guimarães (Embrapa na Europa); Jurgen Tack (diretor científico da Organização Europeia de Proprietários de Terras -ELO) e Ria Hulsman (gerente regional da América Latina e Caribe, Universidade e Pesquisa de Wageningen).
Fonte: Senar MT