Na propriedade do casal Ângela de Faria Maraschin e Marcos Souza Freitas, em Guia Lopes, no interior da cidade, 26 vacas produzem 520 litros de leite por dia. Sem recolhimento de leite nesta terça-feira, foram obrigados, pela primeira vez em 10 anos de produção, a descartar o leite.
Na tarde desta terça-feira, 200 litros do produto foram descartados na esterqueira da propriedade. Na quarta-feira pela manhã, junto de um grupo de produtores, o casal irá distribuir pelo menos 300 litros de leite para pessoas carentes no centro da cidade.
“Soubemos que não é legal distribuir leite não industrializado, mas é um leite bom, com qualidade e não queremos jogar fora novamente. É uma forma de protesto também, contra a ausência do Estado, que não garante a segurança na produção. Fica difícil de produzir alimento no Brasil desta forma”, diz Ângela. A família comercializa o leite a R$ 0,90 para a DPA Nestlé. A propriedade tem capacidade de armazenar 540 litros de leite e, a cada ordenha, se os protestos seguir bloqueando caminhões leiteiros, mais produto será jogado fora.
A Coopermil de Santa Rosa descartou também na tarde desta terça-feira 140 mil litros de leite que estavam em quatro caminhões parados em um bloqueio no município de Ijuí. O engenheiro agrônomo Milton Racho diz que apenas nesta cooperativa, mil produtores são prejudicados com a falta do recolhimento de leite, cancelado devido aos protestos. Ainda, outros mil produtores de outras três cooperativas da região estão na mesma situação.
A região recolhe 220 mil litros de leite por dia e, se os protestos seguirem com os bloqueios, a previsão é que pelo menos 30 mil litros de leite sejam jogados fora por dia na região.