O plantio de quatro espécies de gramíneas marcou o início da segunda etapa do Projeto Forrageiras para o Semiárido em Montes Claros. A iniciativa vem estudando alternativas de espécies que melhor se adaptam à região no que se refere a produtividade, sobrevivência ao clima, palatabilidade animal, entre outros. Nesta fase, as forrageiras selecionadas passarão pelo teste de pisoteio animal em uma Unidade de Referência Tecnológica (URT), em uma fazenda da região. O projeto vem conquistando importantes resultados para o Norte de Minas.
A pesquisa analisa opções de forrageiras de gramíneas anuais e gramíneas perenes. Foram plantadas as espécies BRS Paiaguás, BRS Piatã, Capim-buffel e Massai, que apresentaram melhor resiliência e maior produtividade na primeira fase do projeto, implantado em 2017. Cada tipo ficará em piquetes separados (tanto para o período seco quanto para o chuvoso), onde receberão seis animais cada, em sistema rotacionado. Antes da entrada dos animais, neste caso da bovinocultura de corte, os pesquisadores irão analisar, entre outros indicadores, a capacidade de suporte do pasto e a compactação do solo.
“Nesta semana, conseguimos praticamente concluir o plantio das variedades que receberão os animais ainda na estação chuvosa. A nossa previsão é, daqui a 60 dias, caso o pasto esteja estabelecido, já entrar com os animais na área para iniciar as avaliações de resistência e comportamento dessas forrageiras sob o pisoteio animal, em um sistema rotacionado”, explicou a consultora de campo do Instituto CNA, Alenilda Carvalho de Novais.
Neste ano, o planejamento começou mais cedo para essa URT, acompanhando as previsões do tempo e índices pluviométricos. “Com isso, a tomada de decisão foi mais assertiva. Foi feito um plano de trabalho e estabelecido, junto ao técnico de campo, o momento certo de adubação, plantio e entrada dos animais”, afirmou a especialista.
A pesquisa é realizada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), por meio do Instituto CNA; Sistema Faemg Senar; Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e Sindicato dos Produtores Rurais de Montes Claros.
Resultados animadores
A estratégia para essa pesquisa foi estruturada a partir da identificação de problemas comuns aos produtores do Norte de Minas na hora de alcançar melhores números de produtividade, perda de capim e prejuízos constantes para refazer o pasto. Ao longo dos últimos anos, o acompanhamento da evolução das gramíneas foi testado em diversos cenários, como o plantio individualizado e em consórcio com outras espécies, além do estudo de alternativas de reserva estratégica de alimento, caso da palma, que teve alto índice de sobrevivência nas pesquisas em todas as URTs.
O resultado dessa fase foi apresentado durante um seminário em Montes Claros para pesquisadores, acadêmicos de cursos vinculados ao agro e técnicos de campo do Sistema Faemg Senar. A expectativa é que essas informações ajudem os produtores rurais na tomada de decisão, proporcionando alimento aos animais com qualidade e em quantidade durante todo o ciclo produtivo do ano em regiões de semiárido, com índices pluviométricos irregulares.
“Precisamos aprender a conviver com a seca. E nada melhor do que trazer conhecimento, especialmente sobre as gramíneas, que se comportam melhor sobre as nossas condições climáticas. Não existe gramínea milagrosa. A melhor é aquela que se adapta em sua região. Então, cabe ao produtor ter esse conhecimento, essas informações e dispor de variedades”, destacou o gerente regional do Sistema Faemg Senar em Montes Claros, Dirceu Martins.
O gerente de Agronegócio do Sistema Faemg Senar, Caio Coimbra, também acompanhou a dupla programação no Norte de Minas. Segundo ele, a apresentação da pesquisa foi importante para visualizar que as propostas do projeto estão em direção à realidade e necessidade da região.
“Temos um grande desafio no Norte Minas e Vale do Jequitinhonha, com um regime hídrico menos favorecido. Então, é muito importante ter um portifólio de gramíneas forrageiras, leguminosas e cactáceas para o produtor utilizar na região semiárida, onde nem sempre temos condições suficientes para plantar as culturas tradicionais, como milho. Estamos trazendo possibilidades de alimentos que vão manter o rebanho saudável”.
A pesquisa é contínua e a expectativa é de que o Projeto Forrageiras para o Semiárido contribua diretamente para a melhoria do cenário da pecuária no Norte de Minas. Além de Montes Claros, outras 11 Unidades de Referência Tecnológica (URTs) estão instaladas na região Nordeste do país, também em áreas representativas de semiárido brasileiro. Para saber mais sobre o Forrageiras para o Semiárido, basta acessar o portal da CNA e o boletim da URT Montes Claros, emitido em 2020, onde são informadas as forrageiras que foram testadas para a região do Norte de Minas.
Fonte: Ricardo Guimarães