Se as estimativas iniciais apontavam uma safrinha de milho recorde em Goiás – 8,2 milhões de toneladas ante 7,6 milhões de toneladas na segunda safra de 2015 –, o clima seco e quente impôs uma realidade adversa. Nos cálculos da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás (Aprosoja-GO) em conjunto com a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), a colheita que se estenderá de junho a agosto vai entregar entre 4,8 milhões de toneladas e 5,2 milhões de toneladas. Em alguns municípios, as perdas chegam a 85%, inclusive na região Norte do Estado, onde também houve quebra significativa (50-60%) na produção de soja.
Com os prejuízos financeiros gerados pela baixa produtividade nas lavouras de milho, os produtores estão preocupados com o cumprimento dos contratos de venda antecipada e o pagamento de dívidas contraídas para financiar o cultivo. Por isso, nos últimos dias, foram realizadas diversas reuniões entre produtores rurais – apoiados por suas entidades representativas, como Aprosoja-GO, Faeg, sindicatos rurais e associações municipais –, bancos, tradings, agroindústrias, revendas de insumos e prefeituras.
“A cada dia que passa, aumentam as perdas com a seca, e o produtor tem buscado amparo nas entidades de classe para obter melhor negociação”, afirma o presidente da Aprosoja-GO, Bartolomeu Braz Pereira.
Como a estiagem prolongada justifica a decretação de estado de emergência nos municípios, esse documento oficial é importante para comprovar as perdas e pode contribuir na negociação com credores e possível alongamento do prazo de financiamentos. Normalmente a renegociação é individual, mas como a quebra de safra também ocorre em outros Estados, medidas coletivas estão sendo buscadas junto ao governo federal.
Segundo o representante da Defesa Civil estadual, coronel Pedro Carlos Borges de Lira, os pedidos de decreto de emergência devem ser feitos diretamente à Defesa Civil. Registros fotográficos e meteorológicos ajudam a comprovar os sinistros. “Nós agilizamos todo o processo de liberação do laudo, que posteriormente é encaminhado ao poder público”, diz. Lira também afirmou que a própria Defesa Civil estadual pode solicitar ao governador um decreto com abrangência em todo o Estado.
Com base nos decretos municipais, Aprosoja-GO e Faeg vão protocolar um pedido de emergência a nível estadual. Enquanto esse processo avança, prefeituras como Silvânia, Uruaçu, Goiatuba, Caldas Novas, Paraúna, Ipameri, Porangatu, Acreúna e Piracanjuba já decretaram emergência. Em outros municípios, as avaliações estão em andamento.
O presidente da Aprosoja-GO lembra que, mesmo com a decretação de emergência, os produtores devem apresentar laudos agronômicos que atestem os prejuízos da estiagem em suas lavouras. “Comprovar que não houve colheita do grão é fundamental para as negociações”, ressalta Bartolomeu. “Os produtores precisam acionar seus responsáveis técnicos e já buscar contato com os credores antes do vencimento dos prazos”, completa.
Já o agricultor que contratou seguro agrícola deve se atentar ao prazo de vencimento da apólice, informa o assessor do Banco do Brasil em Goiás, Talvane Póvoa. A seguradora tem de ser avisada assim que houver suspeita de frustração de safra para a realização da perícia. Se o produtor comunicar os prejuízos após a colheita, ele perde o direito à indenização sobre a área que, mesmo segurada, já tenha sido colhida.
* Fonte: Aprosoja-GO