Queda da soja será imediata?

Lucratividade vai depender também da queda correspondente dos insumos para a próxima safra

Com previsão de considerável aumento na oferta e redução da demanda, a curto, médio e longo prazo (um ano) a tendência do preço da soja aponta para um viés de baixa. Essa é a avaliação da equipe de analistas de mercado da Consultoria TF Agroeconômica.

“Mas, não será uma queda acentuada, nem abrupta, nem imediata. O custo total de produção de soja, segundo a atualização de agosto/22 do Deral-PR, estaria em R$ 140,57/saca versus um preço médio, pago ao agricultor de R$ 170,00/saca, geraria uma lucratividade ao redor de 20,93%, suficiente alta para incentivar o plantio da área estimada acima. Esta lucratividade vai depender também da queda correspondente dos insumos para a próxima safra”, explica o analistas sênior da TF, Luiz Pacheco.

Confira o que mexe no preço da oleaginosa:

FATORES DE BAIXA

*EUA devem produzir 2,71 MT a mais nesta safra: A produção de soja nos Estados Unidos, segundo o resultado apurado pelo Pro Farmer Crop Tour, foi de 4.535 bilhões de bushels, ou 123,42 milhões de toneladas, contra 123,30 MT do relatório do USDA de agosto, 122,61 MT de julho e 120,71 MT da safra anterior, indicando um aumento de 2,24% ou 2,71 MT a mais nesta safra.

*Brasil deve aumentar 29,55 milhões de toneladas na próxima safra, dos atuais 124,05 MT para 153,6 MT, segundo diversas consultorias na safra 2022/23, pouco mais de 1 milhão acima do primeiro número divulgado para a safra nova em agosto, que já era recorde.

*Mais inflação mundial = menos demanda. Por outro lado, o aumento da inflação em todo o mundo, especialmente na Europa, grande demandante de soja e farelo do Brasil, preocupa o setor. No mercado interno brasileiro, a demanda por alimentos, como óleo de soja e carnes, que estão em linha direta com a soja, também preocupa.

*Novo lockdown na China: A China anunciou lockdown na cidade de Chengdu, com mais de 21 milhões de habitantes. Medidas semelhantes deixaram milhões de pessoas presas em suas casas na cidade de Dalian. A semana fecha com 42 cidades sob algum tipo de lockdown nesse momento, ou 34% do PIB – o pico foi de 51 cidades em abril desse ano.

*Menor crescimento chinês: O banco Goldman Sachs estima que, no máximo, a China irá crescer 3% neste ano, o que seria o menor crescimento desde 1990. Isto significa que, com menor crescimento, a China irá comprar menos matérias-primas, entre as quais minério de ferro e soja, que importa do Brasil.

FATOR DE ALTA

*Maior demanda externa por farelo e carnes: As vendas de farelo no mercado chinês continuam fortes. As vendas em agosto encerraram o mês com 5,2 milhões de toneladas, maior volume desde agosto do ano passado. Já as exportações brasileiras de carne bovina in natura são recordes.

Fonte: Agrolink – –Leonardo Gottems