O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse nesta terça-feira que não descarta eventual criação de novos impostos pelo governo como forma de aumentar a arrecadação, mas que primeiro é necessário ajustar os tributos já existentes.
“Seria inadequado falar que ‘jamais trarei’ novos impostos. Acho que o governo tem que ter liberdade para tomar as decisões necessárias de seu interesse”, declarou Levy, ao final de sessão da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que teve mais de 7 horas de duração.
Levy disse ainda que o resultado primário das contas no começo do ano mostra que o governo tem de continuar agindo para levar as despesas ao patamar de 2013, o que reconheceu que será difícil.
O setor público brasileiro registrou déficit primário de 2,3 bilhões de reais no mês passado, puxado por um forte resultado negativo do governo central e registrando nos fluxos em 12 meses rombo fiscal recorde nas contas públicas.
A meta de superávit primário de 2015 é de 1,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) para o setor público consolidado, um alvo considerado ambicioso após o Brasil ter registrado déficit primário de 0,63 por cento do PIB no ano passado e em meio a forte efeito da economia fraca sobre a arrecadação federal.
INFORMATIVO DE MERCADO
SOJA
A previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de uma área plantada com soja no país abaixo da expectativa do mercado deu sustentação aos futuros de soja na Bolsa de Chicago (CBOT) na terça-feira. Os preços ficaram voláteis logo após a divulgação da estimativa e a soja se recuperou das perdas do início do pregão. Analistas preveem, entretanto, que o efeito altista deve ser limitado, já que a área projetada pelo governo norte-americano ainda é recorde.
Produtores dos EUA devem cultivar 84,635 milhões de acres (34,25 milhões de hectares) com soja no ano-safra 2015/16, 1% acima dos 83,701 milhões de acres (33,87 milhões de ha) semeados em 2014/15, conforme relatório sobre as intenções de plantio no país divulgado ontem pelo USDA. O número ficou ligeiramente abaixo da expectativa média de analistas consultados pela agência de notícias Dow Jones, de 85,872 milhões de acres (34,75 milhões de ha).
Na avaliação de analistas, o número não é altista para os preços no médio prazo, já que a área prevista ontem seria a maior da história nos EUA e supera os 83,5 milhões de acres (33,79 milhões de hectares) projetados pelo USDA em fevereiro. O analista Pedro Dejneka, da AGR Brasil, ressaltou que os EUA estão na fase inicial da temporada de plantio de grãos e o que o número ainda deve sofrer ajuste para cima no relatório de área plantada consolidada que o governo norte-americano divulga em junho. Considerando soja, milho e trigo, a área estimada pelo USDA continua abaixo do total semeado no ano passado. “Não acabou o jogo ainda”, apontou Dejneka.
O analista Lucas Brunetti, do banco Pine, destacou em relatório que os resultados dos relatórios de março e junho do USDA sobre plantio destoam em alguns anos. “Caso os preços dos grãos variem fortemente entre eles, as áreas plantadas podem ser bem diferentes das perspectivas do (relatório de) intenções de plantio”, ressalta. A variável a ser observada, segundo ele, é a relação entre preços da soja e do milho, principalmente durante abril e o começo de maio.
Dejneka ressaltou que novos rebotes no mercado de soja devem ser técnicos e de curta duração. “É difícil de fazer qualquer tipo de argumento mais altista para os preços de soja”, salientou o analista. Para Brunetti, os preços podem continuar subindo nos próximos dias, mas o analista não acredita “em uma mudança nas projeções de longo prazo baixistas para os preços”. Além dos números de intenções de plantio, o USDA anunciou na terça-feira volume de soja armazenado em 1º de março em 1,33 bilhão de bushels (36,30 milhões de toneladas), que representa aumento de 34% ante os 993,83 milhões de bushels (27,05 milhões de t) observados um ano antes. O núm ero confirma a percepção do mercado sobre estoques confortáveis nos EUA na entressafra. Ainda assim, o resultado foi inferior ao esperado pelo mercado, de 1,341 bilhão de bushels (36,50 milhões de t), o que ajudou a elevar as cotações.
Para o analista, a alta da soja ontem foi muito mais um reflexo da movimentação especulativa do que uma percepção de mudança nos fundamentos. Como houve uma surpresa sobre área e estoques de milho, investidores se desfizeram das apostas de alta nas cotações do milho e trigo montadas no período pré-relatórios. “A soja se sustentou muito mais porque traders estavam vendidos na oleaginosa e comprados em milho e trigo e agora estão saindo dessas posições”, apontou o analista.
De agora em diante, as atenções estão voltadas para o clima nos EUA, assinalou Dejneka. “Qualquer tipo de atraso no plantio de milho é negativo para os preços de soja”, apontou. A semeadura de milho está lenta no sul dos EUA, mas o analista afirmou que é preciso aguarda r para ver o que acontece nos próximos dias em termos de clima no Meio-Oeste.
COTAÇÕES DO COMPLEXO SOJA NA BOLSA DE CHICAGO
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CBOT/Agência Estado
No mercado doméstico, as negociações avançaram mais pela manhã, quando o dólar estava subindo no Brasil e antes da volatilidade provocada pelos relatórios do USDA. Após os ganhos iniciais, o dólar fechou com perdas de 0,59%, a R$ 3,200. As negociações antecipadas da safra 2015/16 também rarearam com o dólar futuro mais fraco ante o real.
Em Mato Grosso, saíram 6 mil toneladas a R$ 61/saca base Rondonópolis antes do relatório. Com pagamento no fim de abril, rodaram outras 3 mil toneladas a R$ 61,50 e R$ 61,70 por saca, também com base Rondonópolis. À tarde, os preços recuaram 50 centavos na região, ainda que os futuros tenham se recuperado no fim do pregão. “Com a queda nos níveis de preço, produtor se retirou da negociação”, explicou o corretor Gilmar Meneghetti, da Meneghetti Corretora de Cereais. A soja da safra 2015/16 tinha comprador a R$ 62/saca, base Rondonópolis, ou R$ 64/saca, no terminal do Alto Araguaia, para entrega em fevereiro e pagamento em março de 2 016. “Quem travou por esses dias é para pagar alguma conta em reais, como maquinário e financiamento. Saiu alguma coisa, mas nada de grandes volumes.”
No Paraná, rodaram acordos no spot entre R$ 70,50/saca e R$ 70,80/saca para entrega no Porto de Paranaguá, com pagamento em abril, e a R$ 71/saca, com pagamento em maio. Agentes do mercado estimam que tenham saído 10 mil toneladas na terça-feira. Para retirada no norte do Estado, compradores ofereciam R$ 64/saca no disponível, mas vendedores desejavam R$ 65/saca, sem registro de acordos.
Em Goiás, compradores indicavam R$ 62,50/saca em Rio Verde no disponível, com pagamento em 3 a 4 dias, sem notícia de negócios. Na véspera, era possível fechar acordos a R$ 64/saca. “O mercado travou com o relatório do USDA”, apontou o corretor Sávio Bergmann, da Bergmann Cereais. Ele projetou, entretanto, que a negociação voltará a avançar nos próximos dias, com a colheita já concluída na região. O agente estima quebra de safra de 20% a 25% em Rio Verde. “Há lugares onde não houve problemas, mas outros tiveram quebra expressiva.”
O indicador de preços da soja Esalq, calculado pela Esalq com base nos preços do mercado disponível em cinco praças do Estado do Paraná, fechou em queda de 0,41%, a R$ 65,69/saca. Em dólar, o indicador ficou em US$ 20,53/saca (+0,20%).
EVOLUÇÃO DE PREÇOS NO MERCADO FÍSICO DE LOTES
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Cepea/Agência Estado
MILHO
O forte recuo dos preços futuros na Bolsa de Chicago (CBOT) após os relatórios de intenção de plantio e estoques trimestrais do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), aliado à queda do dólar futuro ante o real, pressionou os preços da comercialização antecipada da safrinha 2015, reduzindo o ritmo de negócios. Ainda assim, rodaram alguns lotes no início do dia, quando o milho registrava perdas menores em Chicago e o dólar tinha alta. Futuros e câmbio influenciam esse tipo de operação porque a maioria dos compradores atuantes são empresas de exportação. No disponível, o fluxo foi reduzido. Em algumas praças, produtores preferiram focar na soja. Em outras, a diferença nas pedidas era grande e nenhum dos lados se dispunha a ceder.
Na CBOT, os futuros de milho foram pressionados pelos dados de plantio e estoques dos Estados Unidos acima das expectativas do mercado. O vencimento maio recuou 18,25 cents (4,63%), para US$ 3,7625 por bushel. De a cordo com o relatório de intenção de plantio divulgado pelo USDA, a área plantada com o cereal deve cair cerca de 2%, para 89,199 milhões de acres (36,1 milhões de hectares). Analistas consultados pelo the Wall Street Journal previam uma redução maior, para 88,684 milhões de acres (35,889 hectares). Os estoques domésticos do grão em 1º de março de 2015 foram estimados pelo USDA em 7,745 bilhões de bushels (196,7 milhões de toneladas), cerca de 11% maiores que os de um ano antes. O mercado esperava estoques de 7,628 bilhões de bushels (193,751 milhões de toneladas). O dólar futuro, que havia começado o dia em alta ante o real, terminou com perdas, assim como a moeda norte-americana à vista, que recuou pressionada por fatores técnicos no Brasil.
No Paraná, as negociações avançavam pouco no spot com participantes focados na soja. Corretor da região norte relatou não ter visto sequer indicações ontem. Para as negociações futuras da safrinha 2015, tradings propunham R$ 26,80/saca pela manhã para embarque em setembro em Maringá e pagamento em outubro. Depois do relatório, a pedida de compra recuou para R$ 25,50/saca. Vendedores preferiram aguardar melhores oportunidades. Segundo o agente, têm saído lotes da safrinha recém-plantada recentemente, mas em poucos volumes. “O estilo de comercialização no Paraná é mais lento que em Mato Grosso. São produtores menores e existe preocupação com armazenagem até o embarque”, explicou o agente. O corretor ressaltou que a segunda safra está se desenvolvendo bem, com o norte do Estado recebendo bons volumes de chuva. “Dependendo do lugar, já há plantas com 1 metro aí pelos lados de Ubiratã. Em outros locais, o milho ainda não está tão desenvolvido”, disse o corretor.
Em Mato Grosso, a safrinha que deve ser colhida a partir de maio chegou a ter compradores a R$ 19/saca, com retirada em agosto e pagamento em setembro, em Campo Verde e Primavera do Leste. Antes do relatório do USDA, saíram 1,2 mil toneladas para expor tação. Já em Rondonópolis, compradores buscavam lotes nos mesmos prazos a R$ 20/saca, sem registro de negócios, segundo Gilmar Meneghetti, da Meneghetti Corretora de Cereais. Multinacionais têm centralizado compras no médio-norte, onde saíram 30 mil toneladas na segunda-feira, a R$ 17/saca, em Lucas do Rio Verde. Na semana passada, haviam rodado lotes para embarque outubro e pagamento em novembro a R$ 20,50/saca na região de Campo Verde em outubro e pagamento em novembro, mas vendedores têm rejeitado cada vez mais esses prazos, dando preferência a retiradas em julho e agosto e pagamentos em agosto e setembro. “Tradings podem oferecer condições melhores de preços lá na frente com frete mais baixo”, apontou. Para o milho a retirar em julho e agosto no Sul do Estado, produtores desejavam R$ 21/saca a R$ 22/saca. Na região, as condições de desenvolvimento da safrinha estão ideais, segundo ele. “Está chovendo muito bem, mas ainda precisa chover no meio de abril e ter pelo menos duas chuv as em maio.”
No spot, o mercado estava em ritmo lento. Havia propostas na terça-feira a R$ 20/saca base Rondonópolis, mas produtores não vendiam por menos de R$ 22/saca. Em Campo Verde e Primavera do Leste, compradores locais e do Sul do Estado ofereciam R$ 19/saca, mas produtores desejavam de R$ 20/saca a R$ 20,50/saca para negociar volumes maiores. “Há dias que não estão saindo negócios”, explicou o corretor.
Em Goiás, compradores propunham R$ 23/saca a R$ 23,50/saca em Rio Verde no disponível, mesmos preços da semana passada, sem registro de negócios. Vendedores pediam R$ 24/saca. Segundo o corretor Sávio Bergmann, da Bergmann Cereais, o ritmo é lento, mas saem negócios ocasionais. “Quanto compradores precisam, pagam mais, adquirem o volume necessário e saem da negociação”, explicou. Para comercialização futura da safrinha deste ano, compradores ofereciam R$ 20/saca para retirada em agosto em Rio Verde e pagamento também em agosto, ante R$ 21/saca no início da sema na. De milho convencional, saíram lotes de 600 a 1 mil toneladas a R$ 21,50/saca esta semana. Ontem, entretanto, não havia notícia de acordos na região. Ainda há produtores plantando, mas poucos, porque a janela ideal já passou. “A chuva atrasou para chegar, mas está se prolongando. Por enquanto, o milho safrinha está se desenvolvendo bem.”
O indicador do milho Cepea/Esalq fechou em alta de 0,86%, a R$ 29,38 a saca de 60 quilos. Em dólar, o preço ficou em US$ 9,18/saca (+1,44%).
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS NO MERCADO FISICO
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