As bolsas asiáticas fecharam em direções divergentes nesta sexta-feira, em meio a preocupações com a economia chinesa e pressões de liquidez com o alto número de ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) previstas para Xangai na semana que vem.
Diante disso, o índice Xangai Composto encerrou o dia em queda de 0,22%, a 3.241,19 pontos. O Shenzhen Composto, que acompanha empresas menores, perdeu 1,55%, a 1.651,77 pontos.
“Há alguma pressão de liquidez, uma vez que há 23 ofertas públicas iniciais programadas para a próxima, e o mercado parece ter adotado uma postura de consolidação”, afirmou a corretora Shanxi. As ofertas, em sua maioria relacionadas a pequenas ações, devem movimentar cerca de três trilhões de yuans de potenciais investidores.
O índice Hang Seng, de Hong Kong, seguiu Xangai e fechou em baixa de 0,12%. Na direção contrária, o índice Taiex, de Taiwan, subiu 0,5%, a 9.699,54 pontos. Segundo analistas, a entrada de capital na região tem diminuído, mas não de forma tão significativa como muitos esperavam, o que contribuiu para as ações de Taiwan se manterem elevadas. Na Coreia do Sul, o índice Kospi avançou 0,73%, a 2.012,94 pontos.
Na Oceania, o índice australiano S&P/ASX 200 fechou em leve baixa de 0,09%, a 5.898,90 pontos, após as projeções menores de crescimento econômico para a China em 2015 terem levado o minério de ferro a uma queda de 4,5% na quinta-feira. As mineradoras Rio Tinto e BHP Billiton, que ampliaram investimentos de olho na demanda chinesa, caíram 1,24% e 1,57%, respectivamente. A China reduziu sua meta de expansão para cerca de 7,0% neste ano, ante uma meta de 7,5% em 2014.
INFORMATIVO DE MERCADO
SOJA
Os futuros de soja recuaram pela quarta sessão seguida na Bolsa de Chicago (CBOT), pressionados pela alta do dólar no exterior e no mercado de câmbio brasileiro. No País, a moeda norte-americana fechou acima de R$ 3, o que aumenta a rentabilidade das vendas para exportação. Como o País está em plena colheita e os bloqueios em rodovias foram liberados, a tendência é de que as exportações acelerem. Ontem, o vencimento maio caiu 8,50 cents (0,86%), a US$ 9,8550/bushel.
“A situação dos caminhoneiros está aliviando, mas a pressão também vem do câmbio. O real mais fraco está aumentando as vendas dos produtores brasileiros”, disse Michael McDougall, vice-presidente da Newedge. Ontem, a moeda norte-americana voltou a subir ante o euro e o iene. No Brasil, o dólar à vista no balcão fechou em alta de 1,01%, a R$ 3,0090, maior preço desde 13 de agosto de 2004. No ano, a valorização é de 13,33%. “O dólar, que hoje teve uma máxima de R$ 3,02, tem impulsionado melhores níveis de venda nos portos brasileiros”, informou boletim divulgado pela corretora Zairam.
Além da questão cambial, a percepção no mercado é de que a greve dos caminhoneiros não atrapalhou tanto os embarques do Brasil a ponto de levar a China a buscar outras origens. “O que estava preocupando era a diminuição do fluxo de soja para Paranaguá, mas o porto teve estoque suficiente para conseguir carregar navios”, disse McDougall. O analista ressaltou, todavia, que o ritmo de exportação do Brasil está mais lento do que no ano passado. “Se não tiver mais problema de clima e logística, vai ter de acelerar o fluxo. E com o real desse jeito vendedores vão querer aproveitar”, ponderou.
Na quinta-feira, a soja chegou a ensaiar uma alta no início do pregão, com o contrato maio voltando a se aproximar de US$ 10/bushel na máxima (US$ 9,98/bushel). Investidores tentaram corrigir parte do recuo acumulado na semana em meio ao crescimento das exportações de soja e farelo dos Estados Unidos, mas a redução da previsão de crescimento da China contribuiu para a queda dos preços.
Os Estados Unidos venderam 499,5 mil toneladas de soja da safra 2014/15 na semana encerrada em 26 de fevereiro, segundo o Departamento de Agricultura do país (USDA), superando em 9% o resultado da semana anterior. Para entrega em 2015/16, foram negociadas outras 1,7 mil toneladas. A soma das vendas das duas safras ficou dentro do intervalo previsto por analistas consultados pela Dow Jones (200 mil a 600 mil t). No caso do farelo, as vendas norte-americanas somaram 130,2 mil toneladas da safra atual, ante cancelamentos de 6,4 mil toneladas na semana anterior. Os EUA venderam outras 28,4 mil toneladas para 2015/16. Analistas ouvidos pela Dow Jones previam vendas totais de 0 a 225 mil toneladas.
A meta de crescimento econômico da China para 2015, como era esperado, foi reduzida para “ao redor de 7%”, um nível não visto desde 2004 e 0,5 ponto porcentual abaixo do alvo para 2014, de “cerca de 7,5%”. Como a China é o maior importador de soja, a perspectiva de crescimento mais lento é negativa para as cotações da oleaginosa.
Nesta sexta-feira, o mercado deve iniciar o tradicional ajuste de posições antes do relatório mensal de oferta e demanda que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulga na terça-feira. A média dos analistas ouvidos pela Dow Jones Newswires indica que o governo norte-americano projetará a colheita no Brasil em 93,9 milhões de toneladas, ante 94,5 milhões de t em fevereiro.
Outro fator que pode entrar no radar de investidores é o clima na Argentina. Existe a preocupação de que as chuvas no país estejam provocando perdas nas lavouras. Ainda assim, o mercado espera um aumento na estimativa do USDA para a colheita argentina, de 56 milhões para 56,6 milhões de toneladas, no relatório de terça-feira.
COTAÇÕES DO COMPLEXO SOJA NA BOLSA DE CHICAGO
|
CBOT/Agência Estado
No mercado doméstico, o dólar forte ante o real ajudou a destravar negócios, mas indicações de frete mais altas emperravam algumas negociações para retirada nas fazendas.
No Paraná, havia registro de negócios no spot principalmente para entrega no Porto de Paranaguá, entre R$ 67,50/saca e R$ 68/saca, com pagamento curto, e 69,40/saca, com pagamento em maio. O câmbio favoreceu as negociações apesar da queda em Chicago. Saíram lotes acima de 1 mil toneladas ontem. Para entrega em março cheio, compradores indicavam R$ 68,50/saca a R$ 68,70/saca, com pagamento em maio, mas os negócios não estavam tão aquecidos nesses prazos. No Porto de São Francisco do Sul, a pedida de compra somava R$ 67/saca (março/abril) e R$ 68,40/saca a R$ 69,40/saca (março/maio). No norte do Estado, havia ofertas a R$ 63/saca FOB, mesmos níveis do dia anterior, mas sem compradores interessados. “O frete não está compensando”, disse corretora da região. Compradores não mostram muito interesse por retirada no interior, mas muitos vendedores não querem arcar com o transporte da carga até o porto. Outro motivo que atrapalha a negociação na região é o atraso na colheita no norte. Até quarta-feira, chovia muito na região, o que protelou os trabalhos. “Produtor não está querendo fixar porque não tem produto. A região norte está um pouco mais atrasada”, explicou. Alguns produtores dizem que terão volumes grandes para negociar só em abril.
Em Mato Grosso, compradores propunham R$ 51/saca a R$ 52/saca para retirada em Lucas do Rio Verde, mas o ritmo de vendas ainda era lento, contou o corretor Joelson Souza, da Pool Corretora. As propostas previam retirada imediata, mas pagamento no fim de abril, e vendedores relutavam em negociar. Na semana passada, as cotações estavam no mesmo patamar. A indefinição sobre o frete após o fim dos bloqueios em rodovias deixa a negociação mais lenta. Antes da paralisação, o frete de Lucas a Paranaguá estava cotado a R$ 230/t a R$ 240/t, mas agora já se fala em aumento para R$ 310/t a R$ 320/t. A região colhe normalmente, com tempo aberto. Souza estima que 70% da safra já tenha sido retirada das lavouras. As produtividades variam, segundo ele. Há relatos desde 50 sacas a 55 sacas por hectare até 60 sacas por hectare.
O indicador de preços da soja Esalq, calculado com base nos preços do mercado disponível em cinco praças do Estado do Paraná, fechou com queda de 0,67%, a R$ 62/saca. Em dólar, o indicador ficou em US$ 20,60/saca (-1,67%).
EVOLUÇÃO DE PREÇOS NO MERCADO FÍSICO DE LOTES
|
Cepea/Agência Estado
MILHO
Prosseguem em ritmo lento as negociações de milho no mercado spot no País. Poucas vendas foram fechadas nas praças apuradas, por fatores diversos, entre eles a valorização do dólar, que “empurrou” o mercado para a soja, em detrimento do cereal. Outro motivo a emperrar as negociações é a expectativa que o agricultor tem de obter melhores preços, segurando a safra que resta antes da entrada da safrinha 2014/15, que pode atrasar em algumas regiões por causa do retardo na colheita de soja.
“Vai vendendo quem realmente precisa; assim, as ofertas estão bem escassas”, informou Guaracy Pinto Calaza, sócio-proprietário da corretora InterManus, de Campo Novo do Parecis, no médio-norte de Mato Grosso. Na região, os negócios têm saído por R$ 16,00 a saca de 60 quilos e, por vezes, R$ 16,50, valores obtidos quando o embarque é para Rondônia. Nos envios para o Sul e Sudeste, também no spot, Calaza informa que as negociações ocorrem por R$ 15,50 a saca. “O produtor, no entanto, está pedindo entre R$ 17,00 e R$ 17,50 a saca, sem sucesso, apesar da escassez do cereal por aqui, já que não plantamos a safra de verão de milho e os estoques ainda são da safrinha passada”, informa o corretor.
A greve dos caminhoneiros, que se encerrou na quarta-feira, impactou bastante a região, com engessamento dos negócios, mas agora a situação vai voltando à normalidade, embora, como consequência da paralisação, haja preocupação de aumento no valor do frete – com excesso de demanda, os caminhoneiros podem escolher para quem vão trabalhar, “geralmente, para quem paga mais”, indica Calaza, que informa que, não no caso do milho, mas no de algodão, commodity também negociada pela corretora, os fretes já subiram 5% esta semana.
Em Lucas do Rio Verde (MT), na mesma região, também quase não saíram lotes de milho no disponível, informa o corretor Joelson Souza, da Pool Corretora. Compradores propunham R$ 15,00 a R$ 15,50 a saca para retirada em Lucas. Vendedores, entretanto, pediam, como no caso de Campo Novo, R$ 17,00 a saca. Segundo o agente, as negociações para embarque imediato estão há mais de um mês em ritmo lento em razão da dificuldade de movimentar o produto por causa da recente greve dos caminhões. A expectativa é a de que os negócios voltem a se acelerar com o fim dos bloqueios e normalização do fluxo.
Ainda sobre o mercado spot, na Região Sul a situação não tem sido diferente em relação à lentidão dos negócios. No Paraná, compradores ofereciam R$ 25,50/saca para retirada no norte do Estado na quinta-feira, mesmo valor em que rodaram mil toneladas na segunda-feira, contou corretora de Maringá. Os preços no spot têm, então, se mantido estáveis, apesar da alta do dólar ante o real.
Na semana passada, as negociações já ocorriam nos mesmos níveis. Também no spot, empresa do centro-oeste de Santa Catarina indicava R$ 26,00/saca, mais ICMS, valor estável há duas semanas. A aceleração da colheita de milho de verão no Sul do País e a ausência de concorrência de exportadores têm segurado o preço do cereal para embarque imediato, apesar do real fraco. “Com a paralisação, compradores e vendedores evitavam negociar porque não tinham garantia de transporte”, explicou a agente. “Muita gente ficou fora e só voltou agora.”
Já no Rio Grande do Sul, praticamente não ocorriam negociações à vista para o milho, porque as atenções, no Estado, se voltam agora para a colheita de soja, já iniciada. “Como a soja passou por um período de retração nas vendas, é ela quem está movimentando os negócios; o milho se acomodou”, informa o corretor da CeAgro Reny Kloeckner, de Porto Alegre (RS). “O pessoal não está mais a fim de vender milho”, diz. Os poucos mercados que trabalharam com o cereal no Estado, caso da Serra Gaúcha, registraram preços em torno de R$ 28,00 a saca de 60 quilos, para pagamento 30 dias depois da entrega, informa Kloeckner. O preço é para entrega em unidade do comprador.
Já no preço FOB, ou seja, com o cereal retirado no armazém do vendedor, o corretor informa que as negociações giraram em torno de R$ 26,00 a saca. Ele comenta, ainda, que atualmente a colheita do milho está mais forte na região de Vacaria.
No caso da safrinha 2014/2015, compradores propunham R$ 29,00 a R$ 29,50 a saca para entrega em agosto no Porto de Paranaguá, no Paraná, e pagamento em setembro, enquanto vendedores pediam R$ 30,00/saca. A chuva dos últimos dias na região atrasou a colheita de soja, o que reduziu também o ritmo de plantio de milho de inverno. Se o tempo seco persistir até o fim de semana, produtores esperam recuperar parte do atraso.
Em Mato Grosso, havia propostas a R$ 16,00 e R$ 16,50/saca em Lucas do Rio Verde para retirada até 30 de agosto e pagamento no fim de outubro e novembro. Esta semana, rodaram lotes entre 3 mil e 6 mil toneladas nesses níveis. Os preços são os mesmos da semana passada. Alguns vendedores da região preferem negociar com prazos de pagamento mais curtos, mas quase não há compradores dispostos a pagar em agosto e setembro.
De acordo com Souza, da Pool Corretora, os negócios voltaram a se acelerar após o fim da greve, mas muitos participantes do mercado ainda evitam acordos pela incerteza sobre como ficará o custo do transporte daqui para a frente. A recomposição dos fretes era uma das principais demandas dos motoristas e está sendo discutida com tradings.
O indicador Cepea/Esalq fechou em baixa de 0,07%, a R$ 29,44/saca. Em dólar, o preço ficou em US$ 9,78/saca (-1,11%). O dólar à vista no balcão terminou em alta de 1,01%, aos R$ 3,0090, o maior preço desde 13 de agosto de 2004 (R$ 3,021).
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS NO MERCADO FISICO
|
Na Bolsa de Chicago, os futuros de milho fecharam em ligeira alta, após dados semanais de exportação dos Estados Unidos. O vencimento maio ganhou 1,00 cent (0,26%) e terminou a US$ 3,9050 por bushel. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) informou que os embarques do cereal atingiram 1,378 milhão de toneladas na semana passada, o maior resultado do ano comercial. O volume representa incremento de 59% ante a semana anterior e de 91% ante a média das últimas quatro semanas. Ainda segundo o governo norte-americano, foram vendidas 828.100 toneladas de milho da safra 2014/15, 16% acima do apurado na semana anterior.