A Caixa Econômica Federal disponibilizou 2,1 bilhões de reais para o segundo trimestre de 2015 para a linha de crédito rural Custeio Antecipado, com antecipação dos limites da próxima safra e a manutenção da taxa de juros atuais, informou o banco nesta terça-feira.
A medida ocorre após reclamação de representantes do setor produtivo sobre um represamento nas linhas de pré-custeio.
As vendas antecipadas de fertilizantes e defensivos para a safra 2015/16 de soja do país estão sendo prejudicadas no Centro-Oeste pela falta de liberação de crédito.
“O financiamento oferece ao produtor rural a possibilidade de obter recursos para o custeio de suas lavouras até 270 dias antes do início do plantio, podendo comprar os insumos que precisa bem antes da hora”, disse a Caixa, em nota.
A linha está disponível para culturas como soja, milho, arroz, trigo, feijão e sorgo.
Para o ano-safra 2014/15, que termina em junho, o banco projeta atingir mais de 6 bilhões de reais em financiamento de custeio, investimento e comercialização para produtores rurais, agroindústrias e cooperativas.
A carteira de crédito rural da Caixa ultrapassou 5,6 bilhões de reais de saldo em operações ativas, informou o banco.
Há alguns anos a Caixa passou a atuar com mais força no setor de crédito rural, tradicionalmente dominado pelo Banco do Brasil.
No fim de março, o Banco do Brasil indicou à Reuters que estava sendo cuidadoso na concessão de crédito para a próxima safra.
“Em relação à estratégia de antecipação de recursos do próximo ciclo, que se inicia em 1 de julho, o banco avalia as condições de mercado, demanda e conveniência para atuação”, afirmou o banco em comunicado, na época.
Produtores rurais e empresas do setor também aguardam detalhes do Plano Safra da safra 2015/16.
O governo já sinalizou para juros mais elevados.
Na véspera, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse em uma feira agrícola no interior de Goiás que as linhas de financiamento da nova temporada serão ofertadas em condições condizentes com o ajuste fiscal, com menos subsídio por parte do Tesouro Nacional.
“Estamos no meio de um período de ajuste e reequilíbrio muito importante para criar base para voltarmos a crescer e vários setores estão sendo afetados. O setor da agroindústria é menos afetado. Mas é muito importante realismo de preços e realismo nos juros”, disse o ministro.
(Por Gustavo Bonato)
Fonte: Reuters
INFORMATIVO DE MERCADO
SOJA
Os contratos futuros de soja passaram por um movimento de correção na terça-feira na Bolsa de Chicago (CBOT), após três quedas consecutivas. Em meio ao excesso de apostas de queda nos preços, investidores recompraram posições à espera de números da economia chinesa. Investidores acreditam que importadores chineses podem aproveitar os preços mais baixos da oleaginosa para ampliar compras agora que as margens de esmagamento no país devem melhorar.
Ontem, o vencimento julho subiu 11,25 cents (1,18%) e encerrou a US$ 9,64/bushel. O maio, que havia terminado abaixo de US$ 9,50/bushel na véspera, voltou a fechar acima do suporte, em alta de 11,50 cents (1,21%), a US$ 9,6025/bushel. “Foi uma correção de um movimento típico de queda desta época”, disse o analista João Schaffer, da Agrinvest. Segundo ele, entre março e abril, o mercado tende a buscar as mínimas do ano para depois se aproximar das máximas em junho. As negociações do período são fortemente influenciadas pelo clima nos EUA, conforme o analista. Ele ressaltou, entretanto, que, em um cenário de estoques confortáveis no mundo, os preços devem voltar a recuar, principalmente se surgirem novos cancelamentos de soja norte-americana e os riscos relacionados ao clima nos EUA forem amenizados com boas condições para a nova safra.
“O mercado agora deve olhar o céu e o line-up”, ressaltou Schaffer, se referindo ao clima nos EUA e aos embarques do Brasil. Nos EUA, o atraso do milho em relação à média histórica, informado ontem pelo Departamento de Agricultura do país (USDA), é pequeno. Produtores norte-americanos recuperam a diferença de três pontos porcentuais ante a média dos últimos cinco anos em poucos dias, conforme o analista. Ele salientou que as áreas mais ao sul do cinturão produtor têm registrado excesso de chuva, mas que isso é em geral favorável para os níveis de umidade do solo na região, onde produtores se preparam para semear a soja. “Já se ouve falar em migração de milho para soja, mas, neste início de temporada, esse porcentual de atraso não quer dizer muita coisa”, ressaltou. Entretanto, o analista reforçou que a relação de preços entre o contrato novembro de soja e o dezembro de milho ainda favorece a semeadura da oleaginosa. Números de plantio de soja não devem ser apresentados nos relatórios de acompanhamento de safra pelo menos pelas próximas duas semanas.
No Brasil, o line-up nos portos do país para embarques de soja até 21 de maio somava 12,73 milhões de toneladas. Ainda assim, nos últimos dias, as vendas no mercado físico de soja diminuíram por causa de quedas recentes dos futuros na CBOT e do dólar ante o real. Schaffer prevê, entretanto, que reações dos futuros e do dólar devem provocar a retomada da comercialização, uma vez que a colheita já atinge 98% da área no Paraná e 98,6% em Mato Grosso.
A demanda chinesa também é monitorada com atenção por traders de soja. Com os preços mais baixos após as quedas recentes na CBOT, existe a expectativa de que a China possa ampliar compras. Schaffer salientou que os dados do PIB e da produção industrial chinesa, que seriam divulgados na noite de ontem (horário de Brasília), podem motivar novas especulações sobre o apetite do país pela oleaginosa. Todavia, um resultado fraco dos indicadores poderia motivar novos estímulos à economia por parte do governo chinês. O analista ressaltou que os abates de suínos no país têm diminuído, sinalizando demanda menor por grãos para ração. “Mas tem gente falando que as importações de soja devem subir em maio, junho, julho, meses mais favoráveis para o esmagamento chinês.”
Outro fator que deve entrar no radar do mercado é o relatório de esmagamento que a Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas dos EUA (Nopa, na sigla em inglês) divulgará às 13h de Brasília. Para analistas consultados pelo The Wall Street Journal, o processamento de soja nos EUA aumentou em março ante o mês anterior. A estimativa é de que 156,2 milhões de bushels (4,25 milhões de toneladas) tenham sido processados no mês passado, ante 147 milhões de bushels (4 milhões de t) em fevereiro. As previsões variam de 155,2 milhões a 157,4 milhões de bushels (4,22 milhões a 4,28 milhões de toneladas).
COTAÇÕES DO COMPLEXO SOJA NA BOLSA DE CHICAGO
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CBOT/Agência Estado
No mercado doméstico, as negociações avançaram pouco na terça-feira, após o dólar recuar com força ante o real. No fim da sessão, o dólar caiu 1,86%, aos R$ 3,0620, interrompendo três sessões de alta. Vendedores ainda acreditam que a moeda norte-americana possa voltar a subir e preferem aguardar combinações melhores de futuros e câmbio.
No Paraná, a soja tinha comprador a R$ 64/saca e R$ 64,50/saca para entrega imediata em fábrica de Ponta Grossa, com pagamento até o fim de abril, sem registro de negócios. As indicações de compram aumentam cerca de 50 centavos para pagamento na metade de maio. Segundo corretor da região, produtores mostram pouca disposição para negociar e por ora se concentram em entregar o que venderam nas últimas semanas. Apesar do recuo do dólar, os valores indicados ontem estavam acima dos R$ 61,50/saca a R$ 62/saca praticados no fim da semana passada. Se as indicações de terça-feira se mantiverem nos próximos dias, os negócios podem voltar a acelerar na região, na avaliação do corretor, uma vez que a colheita está próxima do fim no entorno de Ponta Grossa. Conforme o agente, vendedores focaram nos últimos dias as negociações de milho, que também está sendo colhido na região, devido aos preços pouco atrativos da soja. Quanto à comercialização antecipada da safra 2015/16, era possível fechar contratos na região a R$ 65/saca para entrega em abril do ano que vem e pagamento no mês seguinte, mas havia pouco interesse de venda, porque produtores já fecharam acordos a preços bem mais altos, em torno de R$ 70/saca.
Em Mato Grosso, saíram 300 toneladas no disponível a R$ 60/saca, com pagamento em 30 de abril, e R$ 59,80/saca, com pagamento em 27 de abril, para entrega em fábrica de Rondonópolis. Para retirada a cerca de 100 quilômetros de Rondonópolis, vendedores desejavam R$ 60/saca, mas compradores propunham R$ 1/saca a menos. Os preços subiram de 70 a 80 centavos na região ante o dia anterior. Ainda assim, o interesse de venda era restrito. O agente contou ter ouvido acordos de 6 mil toneladas a R$ 58/saca para retirada em Campo Verde ontem. Para a negociação futura da safra 2015/16, havia propostas a R$ 58,50/saca com embarque em fevereiro e pagamento em março do ano que vem, mas vendedores desejavam R$ 60/saca.
Em Minas Gerais, rodaram apenas lotes pequenos no spot ontem, de cerca de 300 toneladas, entre R$ 57 e R$ 58 a saca para retirada na região do Triângulo Mineiro, contou Alisson Borges de Souza, da corretora ABS, de Uberlândia. “Grandes compradores estão recebendo agora a soja que haviam negociado antes”, explicou.
O indicador de preços da soja Esalq, calculado com base nos preços do mercado disponível em cinco praças do Paraná, subiu 0,24% e fechou a R$ 63,17/saca. Em dólar, o indicador ficou em US$ 20,63/saca (+2,13%).
EVOLUÇÃO DE PREÇOS NO MERCADO FÍSICO DE LOTES
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Cepea/Agência Estado
MILHO
Produtores ainda esperam que os preços do milho reajam para voltar a negociar volume. Nos principais Estados de safrinha, a comercialização antecipada avançou bastante em março, o que afasta neste momento a necessidade de venda para gerar caixa. A avaliação de participantes do mercado é de que, sem uma apreciação do dólar ou uma reação firme dos futuros na Bolsa de Chicago, o mercado físico movimentará pouco milho nas próximas semanas. Ontem, após três sessões de alta, a moeda norte-americana voltou a cair e fechou aos R$ 3,0620 (-1,86%).
Em Mato Grosso, Estado com a maior área de safrinha, produtores venderam praticamente a metade do que devem colher neste ano. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), no fim de março 48,64% da safra tinha sido comercializada, bem acima dos 11,5% de igual período de 2014. O maior estímulo veio do câmbio. Em 2015 o dólar acumula valorização de 15%.
Em Rondonópolis, no sul do Estado, compradores ofereciam R$ 19/saca no spot, mas corretor da região relatou que a pedida de venda está até R$ 3/saca acima desse patamar. Dessa forma, não havia registro de acordos na terça-feira, segundo a fonte. Quanto à comercialização antecipada da safrinha 2015, a maioria dos compradores propunha R$ 18/saca em Rondonópolis, com embarque em agosto e pagamento em setembro. Uma trading, entretanto, oferecia R$ 20,50/saca para entrega na mesma data no terminal ferroviário de Rondonópolis. As lavouras de milho safrinha se desenvolvem bem na região. “Está chovendo bem, a produtividade promete ser boa”, disse o corretor.
Em Campo Novo do Parecis, no oeste de Mato Grosso, produtores vendem volumes pequenos no disponível apenas para gerar caixa e comprar sementes e insumos para a próxima safra da soja. O corretor Guaracy Pinto Calaza, da InterManus, contou que rodaram 1.200 toneladas na segunda-feira, a R$ 17 a saca FOB, para confinamentos do Estado. Ontem, entretanto, não havia sequer indicação de compra. A ideia de produtores é de R$ 18/saca, mas alguns têm aceitado vender lotes a preços mais baixos. “A avaliação é de que não vale a pena brigar para ganhar R$ 1 a mais por saca, principalmente quando o produtor consegue fechar uma compra de insumos a preços bons e precisa gerar caixa”, conta Calaza. Quanto ao desenvolvimento da safrinha, o corretor afirmou que o clima é bom e a previsão é de chuvas para os próximos dias, “mas esse mês é um divisor de águas, precisamos de chuvas até maio”. Como grande parte da lavoura foi semeada com atraso, ainda há preocupações quanto ao volume da safra.
No Paraná, compradores indicavam R$ 26,50/saca no spot para entrega em fábrica em Ponta Grossa, mas vendedores desejavam de R$ 27/saca a R$ 27,50/saca, valores propostos há cerca de 15 dias, quando saíram negócios. Para retirada em propriedades da região de Ponta Grossa, havia propostas entre R$ 24,80/saca e R$ 25/saca, porém sem interesse de venda. A região só colhe uma safra de milho, mas o agente estimou a referência de compra para retirada no norte do Estado em agosto e pagamento em setembro em torno de R$ 25/saca, porém relatou não ter visto propostas firmes nos últimos dias. Segundo o corretor, as negociações estão lentas porque produtores preferem vender milho ao longo de todo o ano para indústrias locais, escapando da pressão da colheita. Ele ressaltou que o clima segue favorável e os grãos que estão sendo retirados das lavouras têm “excelente qualidade”. Há previsão de chuvas para hoje, mas isso não deve prejudicar os trabalhos de campo.
Em Minas Gerais, rodaram 1.200 toneladas ontem, a R$ 25,50 a saca para retirada na região do triângulo mineiro, contou Alisson Borges de Souza, da corretora ABS. Produtores começam a se preocupar em abrir espaço em armazéns antes do início da colheita da safrinha, em junho, e a maior oferta pode pesar sobre as cotações nos próximos dias. “Nessa semana, compradores estão recebendo volumes fixados anteriormente e só devem volar a negociar na semana que vem”, contou o agente. Souza disse ainda que a comercialização antecipada da safrinha avançou no início dessa semana e chegaram a rodar mais de 8 mil toneladas entre R$ 22 e R$ 22,50 a saca FOB na região do triângulo mineiro, com pagamento em julho e entrega em agosto.
O indicador do milho Cepea/Esalq/BM&FBovespa fechou a terça-feira em queda de 1,56%, a R$ 27,73 a saca de 60 quilos. Em dólar, o preço ficou em US$ 9,06/saca (+0,33%).
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS NO MERCADO FISICO
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Na Bolsa de Chicago, os futuros do milho fecharam a terça-feira em alta, sustentados por atrasos no plantio do cereal nos Estados Unidos. O vencimento julho avançou 3,00 cents (0,79%), para US$ 3,81 por bushel.
Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), produtores haviam semeado apenas 2% da área prevista até o último domingo (12), ante 3% há um ano e 5% na média de cinco anos. Segundo analistas, o excesso de chuvas está atrapalhando o plantio em partes do Meio-Oeste do país e os trabalhos no campo só devem voltar a avançar nessas regiões em cerca de uma semana.
O recuo do dólar ante as principais moedas também contribuiu para os ganhos do mercado, já que torna as commodities produzidas nos EUA mais atraentes para compradores estrangeiros.
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