Os contratos futuros de petróleo operam em queda nesta segunda-feira, em meio a pessimismo que toma conta do mercado. Na sexta-feira, relatório da Agência Internacional de Energia disse que a recuperação da cotação da commodity se mantém frágil, uma vez que a produção dos Estados Unidos segue em alta. Além disso, os investidores estão preocupados com as negociações entre EUA e Irã sobre o programa nuclear iraniano.
O objetivo das negociações é persuadir o Irã a restringir seu programa nuclear em troca de alívio de sanções que prejudicam a economia do país exportador de petróleo. “Um acordo pode ser um risco para os preços da commodity caírem mais”, afirmou o banco Morgan Stanley. Às 3h08 (de Brasília), o petróleo para abril caía 1,32%, a US$ 44,25 por barril, na Nymex. Na ICE, o Brent para o mesmo mês recuava 1,01%, a US$ 54,12 por barril.
INFORMATIVO DE MERCADOSOJA
A alta do dólar voltou a pressionar o mercado futuro de soja na Bolsa de Chicago (CBOT). Analistas vinham relatando que a pressão da moeda norte-americana sobre a oleaginosa havia diminuído devido à sucessão de valorizações recentes, mas na sexta-feira o dólar subiu no mercado de câmbio brasileiro com força, estimulando novas vendas de produtores no País, e também no exterior, prejudicando a competitividade do produto dos Estados Unidos. Além disso, persiste a expectativa de aumento de área destinada à soja nos EUA em 2015/16, com o mercado à espera de notícias sobre o plantio no país capazes de direcionar os preços. Nesta segunda-feira, investidores devem ficar atentos ainda aos números de processamento dentro dos EUA.
No caso da soja, o dólar forte torna mais caro o produto norte-americano para compradores de fora dos EUA e mais rentáveis as vendas externas de produtores brasileiros. Ontem, a soja para maio caiu 16,50 cents (1,67%) e encerrou a US$ 9,74/bushel. “Sem dúvida, a grande notícia do dia no mercado de soja foi a movimentação do dólar”, explicou o analista Glauco Monte, da INTL FCStone. Com a colheita no Brasil avançando, há mais produto no mercado para negociar. “O dólar fez com que os preços em reais chegassem a patamares que motivam o produtor brasileiro a fazer algumas vendas da safra atual e inclusive da safra 2015/16.”
A colheita da safra 2014/15 de soja atinge 50% da área plantada no Brasil, segundo levantamento da consultoria AgRural divulgado na sexta-feira. O resultado mostra avanço de nove pontos percentuais em uma semana. Segundo a AgRural, o ritmo poderia ter sido mais intenso não fossem as chuvas acima da média em Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Em igual período do ano passado, 56% da área de soja estava colhida.
No Brasil, o dólar voltou a disparar ante o real com preocupações com a economia brasileira e com a crise política somando-se ao firme avanço da divisa no exterior. A moeda norte-americana chegou a se aproximar dos R$ 3,28, para depois encerrar em patamar um pouco menor, aos R$ 3,260, com alta de 3,36% no balcão. Este é o maior valor para a moeda desde 2 de abril de 2003. Pouco depois do fechamento da moeda de balcão, perto das 16h30, fontes do governo disseram ao Broadcast que o BC tem procurado mostrar que o ajuste no câmbio tem que se dar de maneira suave e que a instituição vê claro exagero na alta do dólar no Brasil.
No exterior, o dólar tem subido pela expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos Estados Unidos) está perto de elevar sua taxa de juros. Na semana passada, o movimento de apreciação da moeda norte-americana foi interrompido apenas na quinta-feira, quando aconteceu um movimento de realização de lucros. Na sexta-feira, o Wall Street Journal Dollar Index subiu 0,9% para 89,38 pontos, o maior nível desde dezembro de 2002. O dólar avançou na sexta-feira ante o euro e o iene.
Além da questão cambial, as atenções devem se voltar cada vez mais para as perspectivas de plantio nos EUA. Participantes do mercado especulam sobre a área que deve ser destinada à soja no país a partir do fim de março. “Os números que saíram do fórum Agricultural Outlook indicaram que a área plantada com soja não aumentaria. Mas tem muita gente acreditando que deve crescer, sim”, destacou Monte. Existe forte expectativa no mercado com o relatório de intenções de plantio do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), que sai no dia 31. Apenas o plantio de milho foi iniciado no país, mas ainda está restrito a poucas áreas na região sul.
Os desdobramentos das manifestações marcadas para o último fim de semana no Brasil também devem entrar no radar dos investidores. Caminhoneiros ameaçavam pa rar novamente no País. “Os preços poderiam ter algum impulso se as manifestações do fim de semana desencadearem uma nova greve de caminhões”, ponderou Monte.
Também a evolução da demanda por soja norte-americana deve continuar sendo monitorada, já que o volume contratado para venda externa já está próximo da previsão do governo norte-americano para a safra 2014/15. “As exportações norte-americanas estão em patamares acima do que deveriam estar para atingir o número projetado pelo USDA”, disse o analista. Nesta segunda-feira, a procura interna deve atrair atenção. A Associação Nacional dos Processadores de Oleaginosas (Nopa, na sigla em inglês) dos EUA divulga relatório de esmagamento, às 13h de Brasília. O processamento de soja nos EUA deve ter diminuído em fevereiro ante o mês anterior, de acordo com analistas consultados pelo The Wall Street Journal. A estimativa é de que 146,6 milhões de bushels (3,99 milhões de toneladas) tenham sido processados no mês passado, ante 162,7 milhões de bushels (4,42 milhões de t) em janeiro. As previsões variaram de 144,5 milhões a 148 milhões de bushels (3,93 milhões a 4,03 milhões de toneladas).
COTAÇÕES DO COMPLEXO SOJA NA BOLSA DE CHICAGO
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CBOT/Agência Estado
No mercado doméstico, o dólar acima de R$ 3,25 estimulou a assinatura de contratos no spot. Contudo, parte dos produtores prefere negociar volumes pequenos a cada dia, inseguros a respeito de até que ponto o dólar pode se valorizar ante o real.
No Paraná, rodaram lotes de 600 a 1,2 mil toneladas na sexta-feira a R$ 65/saca, R$ 65,30/saca e R$ 65,50/saca no interior de Maringá para embarque em abril e pagamento no fim do mesmo mês, acompanhando o movimento do dólar. “Têm saído negócios todo dia, com produtores vendendo aos poucos, para fazer uma boa média”, disse corretor da região. “Chicago caiu bastante esses dias, o que está sustentando os preços é o câmbio.” Em Maringá, cerca de 80% da safra já foi colhida, mas os trabalhos no campo estão mais atrasados em áreas mais ao norte. A região tem recebido pancadas de chuva, intercaladas com períodos de sol, permitindo que a colheita avance agora sem longas interrupções. No Porto de Paranaguá, havia indicações de compr a por até R$ 76/saca com entrega e pagamento em 72 horas.
Em Mato Grosso, saem negócios no spot, mas em volumes considerados pequenos para esta época do ano. “Produtor está preocupado com esse câmbio e segurando as vendas”, disse o corretor Gilmar Meneghetti, da Diversa. Na sexta-feira, a soja tinha comprador a R$ 61/saca posto em fábrica ou ferrovia de Rondonópolis, onde rodaram 3 mil toneladas. Também saíram 1,5 mil toneladas para retirada em Canarana a R$ 55/saca. Em Lucas do Rio Verde, rodaram 1,5 mil toneladas a R$ 56/saca. Em Primavera do Leste, compradores ofereciam R$ 58/saca para pagamento imediato e R$ 60/saca para pagamento em 30 de junho, mas não havia notícias de negócios, porque produtores queriam valores mais altos – R$ 59/saca à vista ou R$ 60/saca para 30 de maio. Os preços no Estado subiram de R$ 0,50 a R$ 1 ante o dia anterior.
Na Bahia, estão sendo fechados negócios no disponível, com produtores colhendo e precisando fazer caixa, contou o corretor P edro Fagundes, da Assessoria em Mercado de Grãos (Asmeg). “O mercado está bem agitado, mas tem um volume pequeno para negociar, só de soja precoce”, explicou o agente. A colheita das variedades de ciclo mais longo ainda não começou. Mesmo assim, há insegurança. “O dólar está subindo muito rápido, produtor não sabe para onde vai o preço. Muitos preferem segurar.” Para entrega imediata em Luís Eduardo Magalhães, compradores indicavam R$ 62,50/saca, ante R$ 60/saca no início da semana passada. Saíram negócios na sexta-feira a R$ 62,50/saca e até R$ 63/saca na máxima do dólar. O volume negociado foi expressivo, mas composto de vários lotes pequenos, de 120 a 300 toneladas. Já para retirada em abril e maio e pagamento no fim de maio, rodavam menos acordos na região, mas de lotes maiores. Compradores indicavam R$ 64/saca em LEM no fim da semana passada, acima dos R$ 61/saca na segunda-feira (09). Ao longo da semana, foram negociadas até 15 mil toneladas. “Estão saindo negócios, mas não te m tanta oferta. Produtores ainda não colheram muita soja, não sabem o que vão produzir por causa da seca e ainda acham que o dólar pode subir mais”, disse Fagundes. Na região, choveu forte até quarta-feira, mas na quinta-feira o tempo abriu. A expectativa era de tempo seco ao longo do fim de semana. As precipitações recentes atrapalharam a retirada da soja precoce, mas ajudaram no desenvolvimento das variedades de ciclo médio e longo.
O indicador de preços da soja Esalq, calculado com base nos preços do mercado disponível em cinco praças do Estado do Paraná, fechou em alta de 1,57%, a R$ 65,47/saca. Em dólar, o indicador ficou em US$ 20,08/saca (-1,76%).
EVOLUÇÃO DE PREÇOS NO MERCADO FÍSICO DE LOTES
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Cepea/Agência Estado
Os preços no disponível, que estavam de lado devido à falta de concorrência de empresas exportadoras e pressão da colheita de verão, voltaram a subir em algumas praças. Na semana passada, multinacionais entraram no mercado de forma pontual, mesmo no período em que o foco da logística de exportação do Brasil é a soja. Isso porque a alta do dólar no exterior e no Brasil deixou o produto norte-americano menos competitivo e fez importadores buscarem milho na América do Sul. Para atrair interesse de venda, multinacionais oferecem preços mais altos, que passam a ser a referência de vendedores também nas negociações do mercado interno. O câmbio também favorecia negociações antecipadas da safrinha 2015, embora em ritmo menos acelerado do que nas últimas semanas, porque produtores estão em dúvida sobre até onde o dólar deve subir ante o real.
Em Mato Grosso, os negócios voltaram a acelerar no spot em Campo Novo do Parecis, após a lentidão na semana retrasada d urante e depois da greve dos caminhoneiros. Entre segunda e sexta-feira, a corretora InterManus negociou cerca de 2 mil toneladas à vista, sendo 90%, ou 1,8 mil toneladas, apenas na sexta-feira. Os preços giraram em torno de R$ 18/saca para retirada na região. “O mercado começou finalmente a se regularizar”, disse o sócio proprietário da corretora, Guaracy Pinto Calaza. A média de preços começou em R$ 17/saca na segunda-feira da semana passada e chegou a em R$ 18/saca na sexta-feira, base Campo Novo. Em Campos de Júlio, compradores ofereciam até R$ 19/saca.
Os embarques têm sido realizados principalmente para Rondônia. Indústrias de ração rondonienses se abastecem com grãos armazenados em Campo Novo, Sapezal e Campos de Júlio antes da entrada da safrinha deste ano. A alta do dólar na semana passada, que culminou na sexta-feira em R$ 3,260 no balcão, o maior nível desde 2 de abril de 2003, tem contribuído indiretamente para elevar os preços do cereal na região. Segundo Calaza, com o real fraco, tradings têm buscado milho no Brasil para embarque ao exterior mesmo no disponível, entrando pontualmente e fazendo grandes compras. “Assim, em razão da demanda momentaneamente aquecida pelas tradings, os preços sobem e os vendedores ficam com aquele valor na cabeça, só aceitando fazer negócio depois acima daqueles patamares”, disse Calaza. Ele contou não ter visto acordos recentemente na região para comercialização futura.
Já em Rondonópolis, o milho no spot tinha comprador a R$ 20/saca, mas vendedores desejavam R$ 22/saca. O corretor Gilmar Meneghetti, da Diversa, contou ter visto negócios pontuais na semana passada. “Quem ainda tem está segurando, apostando que, mais à frente, com a redução dos estoques na região, comprador que precisar irá ao mercado buscar lotes”, salientou.
Quanto à comercialização antecipada da safrinha 2014/15, rodaram na sexta-feira 3 mil toneladas a R$ 21,70/saca com entrega na ferrovia em Rondonópolis em agosto e pagament o no fim de setembro, ante R$ 21/saca na véspera. Meneghetti ressaltou que se tratava de um negócio pontual. Ele acredita que a R$ 23/saca rodariam volumes maiores tanto a retirar como posto no terminal ferroviário. Além do negócio em Rondonópolis, saíram ao longo da semana 6 mil toneladas, em Campo Verde e Primavera do Leste, a R$ 20/saca para pagamento em agosto e embarque em setembro (3 mil toneladas) e a R$ 19/saca para embarque em julho e pagamento em agosto (3 mil toneladas). “Nas semanas anteriores, saíram lotes maiores. Agora, com a disparada do dólar, vendedor se assustou”, destacou o agente. Como as pedidas em dólar para embarque no segundo semestre, a US$ 6,70/saca em Rondonópolis e US$ 6,20/saca em Campo Verde, não estão sendo consideradas atrativas, tampouco saem acordos na moeda norte-americana.
No Paraná, compradores ofereciam R$ 25/saca para retirada na região de Maringá, preço estável ao longo da semana passada. Segundo corretor da região, vendedores não estã o conseguindo embarcar milho, porque estão focados na colheita e movimentação de soja. Por outro lado, granjas receberam muito milho com pagamento a fixar de cooperativas, que precisavam desocupar armazéns para abrigar a safra de verão, por isso compram da mão para a boca. A falta de concorrência de tradings na região e a oferta de milho de primeira safra em outras áreas do Estado também mantêm os preços à vista de lado. “Compradores estão bem abastecidos, enquanto vendedores se preocupam com a colheita de soja e negociam só quando precisam de recursos”, disse o agente.
Quanto à negociação futura da safrinha 2015, a fonte contou que o fluxo diminuiu na região. Há duas semanas, saíram volumes maiores, mas depois o ritmo de comercialização desacelerou. Para entrega no Porto de Paranaguá em agosto e pagamento em setembro, havia chance de negócio a R$ 31/saca, mas o corretor disse não ter visto acordos. A possibilidade de intempéries durante o ciclo de milho segunda safra deixa produtores cautelosos. “Mato Grosso não tem problema. Mas aqui os produtores ficam preocupados em vender antecipado e depois não conseguirem embarcar.” Para ele, o milho safrinha deve perder área para o trigo no norte do Estado em virtude do fato de que a colheita de soja está mais atrasada na região do que em outros pontos de cultivo.
Na Bahia, compradores estão bem abastecidos e tentam adquirir o mínimo possível de milho agora. Na sexta-feira, havia ofertas a R$ 25/saca para retirada no oeste do Estado, estável há mais de um mês. Mas compradores adquiriram grandes volumes em novembro e dezembro e estão recebendo grãos relativos a contratos fechados no fim do ano, em torno de R$ 22/saca, para entrega em março. Rodaram lotes de 5 mil a 20 mil sacas ao longo da semana passada. “Volume grande, de 50 a 100 mil sacas, não sai. Compradores preferem vários lotes de 5 mil sacas, porque acreditam que o preço pode começar a cair aqui com a entrada da safra”, destacou o corretor Pedro Fagundes, da Assessoria em Mercado de Grãos (Asmeg).
Para o milho de verão, cuja colheita já começou, mas deve se intensificar só entre abril e maio, compradores indicavam R$ 22,50/saca para entrega em Luís Eduardo Magalhães, ou R$ 21,50/saca para retirada na região. O prazo de retirada/entrega é maio, com pagamento na sequência. Saíram 3 mil toneladas na semana passada nesses níveis. “Produtor começa a ficar preocupado, mesmo com a quebra de safra, com oferta grande do produto”, destacou o corretor. Fagundes contou não ter visto ainda referências para entrega em portos. “Produtores daqui não gostam de falar de exportação muito cedo, não sabem ainda como ficará a qualidade do milho”, salientou. A preocupação é que o cereal possa ficar fora do padrão de exportação após a seca entre o fim do ano passado e o início de 2015.
O indicador do milho Cepea/Esalq/BM&FBovespa fechou a sexta-feira em queda de 0,17%, a R$ 29,65/saca. Em dólar, o preço ficou em US$ 9,09/saca (-3, 50%).
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO MILHO MERCADO INTERNO
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Cepea/Agência Estado
Na Bolsa de Chicago, os futuros de milho fecharam em baixa, refletindo a disparada do dólar nos mercados internacionais e a queda dos preços de petróleo. O vencimento maio cedeu 8,00 cents (2,06%) e terminou a US$ 3,8050 por bushel. Além do câmbio e do petróleo, houve especulações de que o preço baixo do milho sul-americano estaria levando alguns pecuaristas do sudeste dos EUA a importar o produto da região. Analistas disseram também que custos baixos de frete podem fazer com que criadores comecem a importar milho da Europa.
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