O Banco do Brasil informou, nesta quinta-feira (16), que está disponível uma linha de crédito para o pré custeio da safra 2015/16 de R$ 7 bilhões com a taxa de juros que começa em 9,5% ao ano. São R$ 4 bilhões de recursos que “sobraram” da modalidade de comercialização do Plano Safra 2014/15 e outros R$ 3 bilhões de recursos próprios. O produtor rural, ainda segundo explica a instituição, tem até julho para recorrer a esse financiamento.
Mais cedo hoje, o vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Osmar Dias, afirmou, na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, que a instituição teria somente R$ 4 bilhões disponíveis dos R$ 7 bilhões prometidos pela ministra da Agricultura Kátia Abreu no início desta semana. No entanto, a declaração foi justificada dizendo que a referência de Dias foi aos recursos ainda referentes ao Plano Safra atual.
“Não vamos enrolar porque os números mostram. Não vamos dizer que tem dinheiro para financiar tudo que quiserem, porque não tem”, disse o executivo na comissão. E o Banco do Brasil informou também que não há a previsão da liberação de novos recursos para os próximos dias.
A ministra anunciou a liberação de R$ 9 bilhões em recursos para o pré custeio da safra 2015/16, sendo R$ 2 bilhões da Caixa Econômica Federal e mais R$ 7 bilhões do Banco do Brasil. O anuncio foi feito depois de uma reunião com o Ministério da Fazenda.
E em entrevista ao Notícias Agrícolas, o economista da Farsul (Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul) Antônio da Luz explica que esse R$ 4 bilhões são recursos ainda do Plano Safra vigente – da temporada 2014/15 – que “sobraram” da comercialização e redirecionados para o pré custeio deveriam ser emprestados com as taxas de juros de 6,5%, as quais valem até o dia 20 de junho.
“O problema que temos acompanhado é que parece que os bancos começaram a crescer as unhas nessa modalidade. Eles viram que a demanda começou a ficar bem forte, que a pressão era forte, e parece que agora estamos falando de juros fixos para todas as parcelas, independente do valor a ser tomada, que não era a estratégia combinada lá atrás. Por isso, esperamos com ansiedade o que vai ser anunciado hoje. Mas, o que esperamos é que seja mantida aquela linha condutora trabalhada desde fevereiro, que é de o produtor que não quiser pegar 100% ter a possibilidade de pegar 55% a 6,5%”, explica Antônio da Luz. “Queremos que o produtor tenha opção”, completa.
INFORMATIVO DE MERCADOSOJA
O aumento das exportações da safra 2014/15 dos Estados Unidos levou os futuros de soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) a se recuperar das perdas do início da sessão e terminar com ganhos. Se na semana passada, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) havia reportado cancelamentos acima de 100 mil toneladas, ontem foram informadas vendas próximas do teto das estimativas de analistas. O vencimento julho subiu 1,25 cent (0,13%) e encerrou a US$ 9,69/bushel, enquanto o maio avançou 1 cent (0,10%), para US$ 9,66/bushel.
O bom volume exportado pelos EUA impulsionou os preços, segundo o analista Caio Toledo, da XP Investimentos, em um momento em que importadores estão migrando para a oferta da América do Sul e em que participantes projetam aumento do apetite da China, que estaria planejando ampliar estoques para aproveitar os preços baixos recentes. Ainda assim, a China não aparece entre os principais compradores de soja da safra atual norte-americana na semana, que foram Alemanha (96 mil t), Holanda (85 mil t), destinos não revelados (27 mil t), Coreia do Sul (26,3 mil t), Japão (21,5 mil t) e Marrocos (16,3 mil t). Para entrega em 2015/16, a China adquiriu 165 mil t de soja dos EUA, 73% do total negociado pelo país no período. “Mesmo a China falando em desaceleração, tem comprado um volume bom de grãos”, ponderou o analista.
Outro fator que contribui para a alta na CBOT, segundo Toledo, é o fato de que as vendas de produtores brasileiros diminuíram com o fortalecimento recente do real. “Aqui produtor está segurando a soja porque quer um preço melhor, travando um pouco o mercado.” Ontem, a moeda norte-americana terminou a sessão com queda de 0,99%, cotado a R$ 3,0100, o menor valor desde 5 de março, e, na mínima intraday, chegou a cair brevemente abaixo de R$ 3,00, em linha com o movimento do exterior, onde a divisa norte-americana perdeu espaço para as principais moedas.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, as chuvas recentes estão mantendo a umidade do solo em níveis satisfatórios no cinturão produtor, embora atrapalhem os trabalhos iniciais de plantio e preparação para a semeadura. Segundo o serviço meteorológico Ag Weather, a expectativa é de clima úmido nos próximos dias tanto na região do Delta como no Meio-Oeste. Em termos técnicos, o alvo baixista ainda é US$ 9,50/bushel, enquanto o altista é US$ 9,90/bushel, salientou Toledo.
Apesar dos ganhos das últimas sessões, as cotações deverão permanecer em baixos patamares “refletindo a alta relação estoque-consumo” gerada pelas safras recordes dos EUA, do Brasil e da Argentina, de acordo com relatório divulgado ontem pelo Bradesco. “Mas não deveremos observar quedas adicionais, pois as cotações já estão precificando a sobreoferta”, informou o documento. O banco prevê, todavia, que os preços deverão apresentar volatilidade ao longo do ano, refletindo o desenvolvimento do fenômeno climático El Niño.
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CBOT/Agência Estado
No mercado doméstico, as negociações ocorriam em ritmo lento na quinta-feira, com o recuo do dólar pressionando os preços no Brasil.
Em Mato Grosso do Sul, a movimentação era restrita esta semana. Compradores ofereciam R$ 56/saca em Dourados, R$ 54,50/saca em Campo Grande, R$ 54/saca em São Gabriel do Oeste e Chapadão do Sul, sem registro de acordos. Os preços ficaram cerca de R$ 1/saca abaixo dos praticados na véspera na região, quando ainda rodavam negócios pontuais. “Vendedores que têm produto estão aguardando uma possível recuperação dos preços”, disse agente da região. Quanto à comercialização futura da próxima safra, compradores ofereciam R$ 56/saca em Campo Grande e R$ 57/saca em Dourados para embarque no primeiro trimestre, mas as negociações quase não avançavam. “Produtores já fecharam contratos a R$ 60/saca, agora estão aguardando para ver se os preços voltam a esse nível ou chegam perto disso para voltar a negociar.”
No Paraná, a soja tinha compradores a R$ 60/saca no disponível em Cascavel, mas a maioria dos vendedores pe dia R$ 63/saca. No balcão, era possível fechar negócios a R$ 56,50/saca na região. A comercialização ocorria em ritmo lento esta semana. “Quem precisa levantar recursos vende a R$ 60/saca, mas não é a realidade do mercado. Produtores venderam bastante no último mês, agora estão esperando para ver se os preços sobem”, disse corretor local. No Porto de Paranaguá, era possível fechar acordos a R$ 66/saca para entrega e pagamento em maio. Com relação à negociação antecipada da safra 2015/16, os últimos contratos saíram há cerca de 15 dias, contou o corretor, com preços entre R$ 68/saca e R$ 69/saca para retirada em fevereiro e pagamento em março do ano que vem, mas agora compradores ofereciam R$ 63/saca.
O indicador de preços da soja Esalq, calculado com base nos preços do mercado disponível em cinco praças do Paraná, caiu 0,62% e fechou a R$ 62,97/saca. Em dólar, o indicador ficou em US$ 20,92/saca (+0,38%).
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Cepea/Agência Estado
O dólar recuou ante o real pelo terceiro dia seguido e manteve travadas as negociações de milho nesta quinta-feira. De olho no câmbio, compradores reduziram as indicações de preço ao longo dessa semana, o que deixou produtores mais retraídos. Sem grandes necessidades de compra ou de venda, o mercado segue sem força e saem apenas negócios pontuais. Além disso, a incerteza se o dólar irá se estabilizar nos atuais patamares fez com que participantes se afastassem das negociações. Ontem, o dólar caiu 0,99% e fechou a R$ 3,0100, tendo operado abaixo dos R$ 3 durante a sessão. Sem uma apreciação forte da moeda norte-americana ou uma reação na Bolsa de Chicago (CBOT), o mercado interno deve permanecer parado nas próximas semanas.
Em Mato Grosso, apenas necessidades pontuais movimentam o mercado spot. Gilmar Meneghetti, da Meneghetti Corretora de Cereais, contou que na quarta-feira foram negociadas 9 mil toneladas para indústria local a R$ 21/saca para retirada em Rondonópolis. Ontem, entretanto, a indicação de compradores havia caído para R$ 19/saca, e não foram registrados negócios. “Aquele foi apenas um negócio pontual, para suprir uma necessidade específica, um comprador elevou a pedida, mas depois disso se retirou do mercado”, explicou Meneghetti. Na região de Primavera do Leste e Campo Verde, compradores ofereciam R$ 18/saca FOB, mas a ideia de vendedores era de R$ 19/saca.
A negociação antecipada da safrinha também não avançou na semana. Ontem, havia ofertas de R$ 21,50/saca para entrega em novembro no terminal ferroviário de Rondonópolis e pagamento em dezembro, mas produtores não têm interesse em negociar lotes de tão longo prazo, contou o agente. Em Primavera do Leste, compradores indicavam R$ 18/saca para retirada em agosto e pagamento em setembro, mas vendedores pediam R$ 1 acima desse nível e não saíam negócios.
No Paraná, compradores sinalizavam R$ 21/saca no mercado de balcão e entre R$ 23,70/saca e R$ 24/saca no mercado de lotes. Na região de Cascavel, rodavam apenas negócios pontuais. Quanto à negociação antecipada da safrinha 2015, compradores ofereciam R$ 23/saca para retirada em Cascavel em julho e pagamento em agosto, mas a pedida de venda estava em R$ 25/saca. Segundo corretor da região, o recuo do dólar deixou mais lentas as negociações. Como produtores já negociaram parte da safra antecipadamente – nos cálculos do agente, de 15% a 20% -, agora preferem aguardar. Apesar de o clima estar favorável, com chuvas na terça e quarta-feira, vendedores hesitam em negociar volumes expressivos a menos que as propostas sejam muito atrativas em relação ao disponível por causa do risco climático. “Antes de maio, não se sabe como será a safrinha. Tem um período em maio em que as lavouras ficam sujeitas a geadas. Depois, existe o risco de chuvas na colheita. Isso acaba complicando a comercialização antecipada.”
Em Mato Grosso do Sul, aparecem poucas propostas firmes para negociação futura da safrinha 2015. Estimando que 28% da segunda safra de milho no Estado já tenha sido comercializada, um corretor da região conta que compradores evitam oferecer indicações de preços e aguardam mais notícias sobre o tamanho real da produção. Cerca de 30% da área prevista para MS deve ser semeada fora da janela ideal, segundo a Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja-MS). O agente acrescenta que o plantio ainda está em curso em algumas regiões. A referência para compra ontem estava em R$ 20/saca para retirada em Dourados em julho e pagamento em agosto, mas vendedores só aceitavam negociar acima de R$ 21/saca. No spot, compradores ofereciam R$ 22/saca em Dourados e entre R$ 21/saca e R$ 21,50/saca nas demais áreas produtoras sul-mato-grossenses, mas vendedores consideram os valores pouco atrativos. “Produtores devem esperar até a ‘boca da safra’ para negociar”, disse o agente. Ainda restam estocados 800 mil toneladas em Mato Grosso do Sul, afirmou a fonte.
O indi cador do milho Cepea/Esalq/BM&FBovespa fechou em baixa de 0,22%, a R$ 27,40 a saca de 60 quilos. Em dólar, o preço ficou em US$ 9,10/saca (+0,78%).
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS NO MERCADO FISICO
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Na Bolsa de Chicago (CBOT), os futuros do milho fecharam em leve alta ontem, com o recuo do dólar ante as principais moedas, que melhora a perspectiva de demanda pelo cereal norte-americano. O vencimento julho, de maior liquidez atualmente, ganhou 0,25 cent (0,07%) e fechou a US$ 3,8325 por bushel.
Apesar do câmbio ditar um viés altista para o mercado do cereal, os ganhos foram limitados por notícias de que o plantio teria avançado no Meio-Oeste dos Estados Unidos. A semeadura está começando no país e deve avançar consideravelmente até o final desta semana, segundo analistas. As cotações do grão vinham sendo sustentadas pelos atrasos no plantio, mas com o início dos trabalhos em Illinois e Iowa, os dois maiores Estados produtores do país, investidores começam a liquidar parte de suas posições compradas.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) atualiza na segunda-feira seu relatório de acompanhamento de safra. Na semana passada, apenas 2% da área total prevista para o milho havia sido semeada.
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