A principais bolsas asiáticas fecharam em alta nesta quarta-feira, mais uma vez em função de fortes expectativas do mercado de que a China deve adotar mais medidas de relaxamento monetário, para combater a desaceleração da economia do país.
O destaque ficou por conta do índice Xangai Composto, que, pela sexta vez seguida, encerrou o dia com ganho, a 2,13%, para 3.577,30 pontos. O índice Shenzhen Composto, que acompanha empresas menores, subiu 2,05%, a 1.818,38 pontos.
O otimismo do mercado com mais estímulos se deve ao último discurso do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, que disse no domingo que o governo tem “as ferramentas e os meios” para enfrentar as pressões de baixa da economia do país, que em 2014 cresceu 7,4%, o menor ritmo em 24 anos, e, para 2015, a meta é crescer menos que isso: “cerca de 7%”.
“Depois de um ganho de aproximadamente 50% no ano passado, a Bolsa de Xangai parecia superaquecida, mas os investidores estão voltando a comprar”, afirmou o estrategista-chefe da AMP Capital, Shane Oliver. “O crescimento econômico da China é mais baixo, mas há mais estímulos a caminho”, acrescentou.
Em bolsas menores da Ásia, o índice Hang Seng, de Hong Kong, ganhou 0,91%, a 24.120,08 pontos, e o índice Taiex, de Taiwan, avançou 1,2%, para 9.653,43 pontos, este puxado pelo desempenho de grandes companhias de tecnologia. A exceção foi o índice sul-coreano Kospi, que fechou em baixa de 0,07%, a 2.028,45 pontos.
Na Austrália, o índice S&P/ASX 200 fechou em leve alta de 0,2%, a 5.842,3 pontos, com os investidores adotando uma postura mais cautelosa, à espera da decisão de política monetária do Federal Reserve, que será anunciada hoje à tarde. As ações das mineradoras BHP Billiton e Rio Tinto subiram, respectivamente, 1,4% e 0,7%. (André Ítalo Rocha, com informações da Dow Jones Newswires – [email protected])
INFORMATIVO DE MERCADO
SOJAOs preços futuros da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) devem acompanhar o movimento do dólar no exterior e no Brasil nesta quarta-feira. A moeda pode registrar volatilidade com a expectativa sobre a divulgação da decisão de política monetária norte-americana do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA). A decisão será anunciada às 15h (de Brasília) e pode influenciar o comportamento da divisa dos EUA daqui para frente. Ontem, a percepção de que as exportações norte-americanas estão desacelerando em meio ao avanço da colheita e das vendas do Brasil pressionou a oleaginosa.
A soja para maio caiu 14,75 cents (1,52%) e terminou a US$ 9,5450 por bushel, menor nível desde 20 de outubro do ano passado. “O dia começou com o real mais fraco e com a per cepção de que produtores brasileiros vêm vendendo bastante”, disse o analista Michael McDougall, da Newedge. Apesar de vendedores do Brasil estarem negociando a soja recém-colhida em lotes pequenos nos últimos dias, corretores relatavam que boa parte deles comercializava volumes todos os dias, tentando fazer uma boa média de vendas com o dólar forte ante o real. Segundo McDougall, teriam sido negociadas 15 milhões de toneladas só na primeira semana de março.
A moeda norte-americana acumula alta de 13,66% ante o real em março, embora tenha fechado estável ontem, a R$ 3,2460. Além da questão cambial, há maior disponibilidade de produto, porque quase todas as áreas produtoras já está colhendo. A expectativa, segundo o analista, é de que 60% a 62% da safra 2014/15 estejam colhidos até sexta-feira no Brasil. “A colheita ainda está atrasada, mas bem próxima da média”, salientou. Apesar do atraso também na comercialização, McDougall ressaltou que se trata de uma safra que deve super ar a do ciclo anterior.
A diferença entre o preço físico para exportação e o mercado futuro também cedeu no Brasil na última semana. Com isso, a oferta brasileira está mais competitiva que a dos Estados Unidos e da Argentina no mercado internacional. “Na Argentina, produtor continua com receio e segurando a soja. Quanto pode segurar não sei”, afirmou o analista. Os últimos relatórios de embarques e de exportações semanais mostraram redução nas vendas dos EUA. “Os números devem continuar um pouco fracos com Brasil e Argentina tomando conta do mercado de exportação”, explicou McDougall.
Ontem, o dólar teve uma leve queda ante o euro e ficou praticamente estável ante o iene. Investidores debatiam quais seriam os possíveis cenários que a decisão do Fed irá traçar, assim como o que isso significaria para a moeda norte-americana. A maioria espera que a instituição retire a expressão “paciente” do texto final da decisão de política monetária, o que abriria as portas para uma elevação dos juros no meio do ano. No entanto, uma quantidade crescente de operadores também começou a apostar que o Fed irá chamar a atenção para a apreciação do dólar, um sinal de que está atento ao mercado de câmbio. “Certamente, o mercado deve continuar olhando dólar e juros nos EUA e no restante do mundo. Com exceção do Brasil, a maioria dos países vem baixando as taxas de juros”, disse o analista.
COTAÇÕES DO COMPLEXO SOJA NA BOLSA DE CHICAGO
|
CBOT/Agência Estado
No mercado interno, a negociação perdeu força, mas ainda saem lotes de produtores que estão colhendo e precisam levantar recursos. Outros agricultores, entretanto, estão focados em embarcar os grandes volumes negociados nas últimas semanas.
Em Mato Grosso do Sul, a soja começou a rodar em volumes maiores na região de Dourados depois da metade da semana passada, segundo o corretor e proprietário da GD Corretora, Amarildo Palma. Os lotes estão sendo negociados a R$ 59/saca e R$ 60/saca, dependendo da localização, com pagamento em dez dias, no mercado spot. Esta soja tem sido escoada via portos de Rio Grande (RS), Paranaguá (PR), Santos (SP) e São Francisco do Sul (SC), comprada principalmente por cooperativas e cerealistas que têm contratos de exportação a cumprir. De quarta-feira da semana passada para cá, têm saído lotes grandes, de 10 mil a 15 mil sacas. O estímulo aos negócios veio da alta do dólar. Na semana passada, as cotações estavam na faixa de R$ 58/saca, com poucos negócios. “Eram lotes bem pequenos, de 500 a 1 mil sacas, só para o produtor pagar contas corriqueiras.” Já as vendas antecipadas da safra 2015/16 começaram na faixa de R$ 55/saca na semana passada e firmaram-se em R$ 58/saca ontem para embarque em fevereiro e março de 2016 e recebimento no mesmo período.
Em Mato Grosso, compradores indicavam R$ 55/saca a R$ 55,50/saca em Lucas do Rio Verde, mas sojicultores ficaram afastados das negociações ontem. “Produtores querem preço maior, não desejam negociar neste momento”, disse corretor local. Segundo o agente, já há vendedores falando em até R$ 60/saca para comercializar volumes grandes. “Estão tentando segurar o máximo que der.” O corretor explicou que os agricultores que precisavam vender rapidamente negociaram entre o fim de fevereiro e a primeira quinzena de março. Agora cumprem os compromissos de entrega e apostam em melhora dos preços quando a pressão da colheita desvanecer. Na semana passada, rodaram de 1 mil a 2 mil toneladas na região por R$ 54,50/saca. Os volumes seriam direcionados para exportação. Para entrega no Porto de Paranaguá em abril, havia propostas a R$ 71,50/saca, com pagamento em maio, mas o agente contou não ter visto interesse de produtores de Lucas por envio de lotes para o terminal. Ele acredita que vendedores de praças mais próximas dos portos do Sul estejam negociando volumes maiores. Isso porque em Lucas o frete subiu de 10% a 15% desde o fim da greve dos caminhoneiros. Na região, a colheita está perto da conclusão, mas segunda e terça-feira o tempo fechou e produtores precisaram interromper os trabalhos no campo.
No Paraná, a queda na CBOT e o dólar estável afastaram vendedores. As pedidas de compra ficaram em R$ 64,50/saca, com retirada a partir de abril e pagamento em abril, e R$ 65/saca, com retirada a partir de abril e pagamento em maio. Rodaram lotes pequenos, entre de 300 a 600 toneladas. Os preços são os mesmos da véspera, quando também saíram apenas ne gócios pontuais. O corretor acredita que uma nova combinação de alta do dólar e da CBOT pode acelerar as negociações. “Por enquanto, produtores vão vendendo aos pouquinhos e fazendo média”, explicou. A colheita avança rapidamente na região, mas algumas áreas no entorno têm recebido pancadas que interrompem momentaneamente os trabalhos no campo. “A região de Maringá está quase terminando a colheita, mas de Apucarana para cima ainda há cerca de 50% da safra por colher”, apontou.
O indicador de preços da soja Esalq, calculado com base nos preços do mercado disponível em cinco praças do Estado do Paraná, fechou estável, a R$ 64,89/saca. Em dólar, o indicador ficou em US$ 19,99/saca (-0,45%).
MILHO
Quanto à comercialização futura da safrinha 2015, o agente contou não ter visto sequer propostas esta semana. Na semana passada, rodaram de 1 mil a 2 mil toneladas a R$ 16/saca e 16,20/saca com entrega em Lucas até setembro e pagamento em outubro. “Ocorreram vários negócios de milho, mas agora o mercado se aquietou”, explicou o agente. Além de tradings já terem adquirido bons volumes na região, a alta do frete também freia a comercialização.
Em Mato Grosso do Sul, o mercado de milh o está travado na região de Dourados por falta de consenso entre vendedor e comprador, segundo Amarildo Palma, da GD Corretora. “O produtor pede entre R$ 23/saca e R$ 24/saca e, o comprador, na faixa de R$ 21,50/saca, preços muito díspares para fechar negócio”, afirmou Palma. Os valores são para o mercado à vista. Os grãos da safrinha passada continuam estocados, principalmente em silos-bolsa, à espera de compradores que se animem a pagar o que os vendedores desejam. Os poucos lotes que saíram entre a semana passada e ontem não ofereciam sinalização clara ao mercado, segundo Palma. Saíram 500 sacas para um confinamento, que precisou desembolsar o que vendedores pediam por necessidade urgente. Na opinião de Palma, o produtor não vende porque quer mais pelo seu produto. “Ele está com essa ideia na cabeça e, com isso, o mercado está travado há pelo menos dez dias por aqui.”
As vendas antecipadas de milho de segunda safra também estão mais lentas depois de saírem bons volumes há uma semana. Em Dourados, havia chance de negócio na casa de R$ 21/saca para retirada em agosto e pagamento em agosto e setembro. A safrinha, na região, é colhida entre o fim de julho e agosto. “No início, atrasou um pouco o plantio, mas agora normalizou.” Embora Palma não tenha negociado nenhum lote desde segunda-feira, na semana passada inteira saíram 3 mil toneladas nos mesmos prazos.
No Paraná, compradores indicavam R$ 25/saca para retirada em Maringá, mesmos níveis da semana passada. Corretor da região contou ainda não ter fechado acordos esta semana. “Produtores estão focados na soja, em terminar a colheita e ir vendendo a safra”, salientou o agente. Sem a concorrência de tradings na região, apenas granjas estavam atuantes no mercado. Na semana passada, elas foram bem abastecidas por cooperativas, que precisavam terminar de acomodar a safra de verão e desovaram grãos por preços mais baixos, a R$ 24,50/saca e R$ 24,60/saca em Maringá, ou por valores a fixar. “Rodaram ne gócios de cooperativas que precisavam liberar espaço para terminar de acomodar a safra”, explicou.
Com relação à safrinha deste ano, o agente relatou não ter visto propostas esta semana para retirada no interior de Maringá, mas tampouco surgiram ofertas. “Produtor acabou de plantar, está receoso em vender lotes de safrinha por causa da possibilidade de geadas”, assinalou o agente. Ele relatou ter fechado os últimos contratos de negociação antecipada na semana retrasada, a R$ 25/saca para retirada em agosto e setembro na região, mas os preços chegaram a bater em R$ 26/saca. No Porto de Paranaguá, havia pedidas de compra a R$ 31/saca (agosto/setembro) ontem, mas o agente contou não ter visto vendas de agricultores do norte do Estado. O plantio de milho evolui bem nas áreas onde a colheita de soja está mais adiantada, mas o extremo norte do Estado deve ter migração de área de milho para o trigo.
O indicador do milho Cepea/Esalq/BM&FBovespa fechou a terça-feira em queda de 0,17%, a R$ 29,56/saca. Em dólar, o preço ficou em US$ 9,11/saca (-0,11%).
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS NO MERCADO FISICO
|
Na Bolsa de Chicago, os futuros de milho fecharam em baixa, com sinais de demanda menor por estoques norte-americanos e vendas com base em gráficos. O vencimento maio recuou 8,00 cents (2,11%) e fechou a US$ 3,71 por bushel. Relatos de que a China comprou carregamentos da Ucrânia pressionaram os contratos. Nas últimas semanas, as vendas de milho dos EUA têm sido fracas, alimentando temores de que a alta do dólar estaria inibindo a demanda externa pelo grão norte-americano.
|