A partir do próximo dia 23, uma nova greve pode ser deflagrada pelos caminhoneiros do País. A decisão da categoria depende do resultado de uma reunião com o governo federal, que ocorrerá no dia 22. A principal reivindicação dos profissionais é a fixação de uma tabela com preço mínimo para fretes. Segundo o caminhoneiro Vinícius Matos Valin, a mobilização está sendo organizada por meio de redes sociais e deve atingir boa parte do País.
Em algumas rodovias do Rio Grande do Sul, faixas anunciando a paralisação já podem ser vistas. Novamente, a Federação dos Caminhoneiros Autônomos dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e sindicatos não apoiam a manifestação. Conforme o presidente da federação, a possibilidade de greve ainda não foi cogitada pela entidade tendo em vista que as negociações estão ocorrendo com o governo federal.
Veja mais informações no site da Gazeta do Sul .
SOJAOs futuros de soja emplacaram a quarta alta consecutiva na Bolsa de Chicago (CBOT) na sexta-feira e terminaram a semana com ganho de 1,62%, com o mercado se recuperando depois de bater nas mínimas do ano na segunda-feira. Na semana retrasada, o vencimento mais líquido havia acumulado queda de 3,50%. Investidores devem começar a semana atentos ao clima nos Estados Unidos, que estava sendo avaliado como mais favorável aos trabalhos no campo, e à possibilidade de nova paralisação de caminhoneiros, caso não haja consenso nas discussões sobre a tabela do frete.
Na sexta-feira, a soja para julho subiu 2,50 cents (0,26%) e fechou a US$ 9,7150 por bushel. “Foi uma sessão calma. O mercado oscilou muito pouco, mas acabou consol idando o movimento de alta na semana”, disse o analista Stefan Tomkiw, da Jefferies Bache. Para ele, os ganhos observados nas últimas sessões foram principalmente decorrentes de compras técnicas de fundos que se desfizeram de parte das apostas de queda nos preços. “A soja marcou novas mínimas para o ano e acabou encontrando fluxo de recompra.” Na segunda-feira (13), o vencimento maio havia terminado em US$ 9,4875/bushel, menor patamar de fechamento desde 20 de outubro. Outro fator altista é que produtores norte-americanos estão mais concentrados no plantio da próxima safra do que na comercialização da colheita do ano passado no mercado físico norte-americano. Compradores estão tendo de oferecer mais para obter a oleaginosa, o que acaba se refletindo nos futuros.
Entretanto, analistas avaliam que o viés de alta pode não durar muito, tendo em vista o aumento dos estoques globais. “Nada mudou em termos de fundamentos para a soja”, assinalou Tomkiw. “A oferta é bem confortável, e a demanda não tem sido tão forte para absorver os estoques. A Argentina também está mais agressiva nas vendas.” Segundo ele, investidores estão acompanhando o início do plantio nos EUA e a perspectiva climática no curto e médio prazos antes de assumir novas posições na CBOT.
Por ora, a percepção do mercado é de que o clima se regularizou nas principais áreas produtoras. O analista salientou que as regiões mais úmidas no sul do país estão um pouco mais secas, com previsão de menor volume de chuvas nos próximos dias. Para as áreas mais secas no Meio-Oeste eram esperadas novas precipitações. “A safra está começando a ser plantada nos EUA, e a perspectiva climática está mais positiva”, disse o analista.
Enquanto isso, a colheita da safra brasileira de soja 2014/15 atingiu 91% da área na sexta-feira (17), segundo levantamento da AgRural divulgado na sexta-feira. O resultado está em linha com o ano passado e com a média de cinco anos. Já a consultoria Céleres elevou sua p revisão de safra 2014/15 de soja do Brasil para 93,87 milhões de toneladas. Em março, a previsão era de 91,04 milhões de toneladas. Segundo a Céleres, o ajuste se deve aos melhores níveis de produtividade, sobretudo no Sul do Brasil.
A possibilidade de interrupções do fluxo logístico da América do Sul, que é a origem com soja mais barata atualmente, é um fator que poderia reverter a tendência de queda dos futuros. O mercado voltou a monitorar a possibilidade de retomada das paralisações de caminhoneiros no Brasil. “Em caso de interrupção, voltaríamos a ver a demanda se deslocando para os EUA”, ponderou Tomkiw. Nesta quarta-feira (22), vence o prazo pedido pelo governo brasileiro para avaliar a constitucionalidade de um projeto para uma tabela de preço mínimo de frete apresentado no fim de março por líderes dos movimentos de caminhoneiros. Motoristas, representantes do governo e consumidores do frete de cargas estão em negociações desde o fim da primeira greve de caminhões. P arte do grupo de trabalhadores ameaça voltar com os bloqueios em 23 de abril se o governo não bater o martelo em relação à imposição de um frete mínimo.
COTAÇÕES DO COMPLEXO SOJA NA BOLSA DE CHICAGO
|
CBOT/Agência Estado
No mercado doméstico, a combinação de alta dos futuros e do dólar destravou parte das negociações. Após três dias consecutivos de queda, o dólar à vista no balcão terminou o dia em R$ 3,0440, em alta de 1,13%. Na semana, entretanto, acumulou perda de 1,39%.
Em Mato Grosso, o mercado físico movimentou grande volume de soja na semana passada, ao menos no Sul do Estado. O corretor Valdinei Chaves, da Focus, contabilizou negócios de cerca de 10 mil toneladas. Os preços variaram na semana de R$ 56,20 a R$ 58 a saca para retirada em Primavera do Leste, dependendo do dia e do prazo de pagamento. Na sexta-feira, foram fechados contratos a R$ 57,50/saca, com pagamento em 40 dias, e R$ 56/saca, com pagamento mais curto. A negociação antecipada da safra 2015/16, por outro lado, avança pouco. O agente contou não ter visto negócios. Na sexta-feira, compradores propunham cerca de R$ 56/saca para retirada em Primavera em março do ano que vem, mas produtores não aceitavam negociar nesse nível de preço.
No Paraná, o ritmo de comercialização era mais fraco. Para entrega no Porto de São Francisco do Sul, saíram 500 toneladas a R$ 67,60/saca para entrega em maio e pagamento no fim de maio. No Porto de Paranaguá, havia chance de negócios na sexta-feira a R$ 65,80, R$ 66,50 e R$ 67 por saca para entrega em abril e maio e pagamento em maio, mas vendedores pediam R$ 67,50/saca. Para retirada imediata no norte do Estado, vendedores pediam R$ 62,50 e R$ 63 por saca, sem registro de negócios. Na quarta-feira, haviam sido fechados contratos a R$ 60,30/saca na região, por necessidade de venda urgente. “Têm saído volumes mesmo com o dólar caindo”, disse agente da região. “Quem vende são produtores que estão precisando liberar espaço em armazéns.”
Em São Paulo, rodam negócios quando os produtores têm necessidades pontuais de venda, para gerar caixa ou para abrir espaço em silos, segundo o corretor Gilberto Toniolo, da Agrogt Investimentos. No interior do Esta do, região de Sorocabana, saíram negócios entre R$ 59/saca e R$ 60/saca no mercado de balcão e entre R$ 62/saca e R$ 63/saca no mercado de lotes. Na sexta-feira, a indicação de compra para entrega imediata no Porto de Santos era de R$ 69 a R$ 69,50 a saca, dependendo do prazo de pagamento e da trading. “Durante a semana, os preços variaram. Vendedores chegaram a negociar a soja abaixo de R$ 59/saca em Santos, mas no início da semana, houve negócios a R$ 70/saca”, contou Toniolo.
O indicador de preços da soja Esalq, calculado com base nos preços do mercado disponível em cinco praças do Paraná, fechou com queda de 0,16%, a R$ 62,87/saca. Em dólar, o indicador ficou em US$ 20,65/saca (-1,29%).
EVOLUÇÃO DE PREÇOS NO MERCADO FÍSICO DE LOTES
|
Cepea/Agência Estado
MILHO
Em Mato Grosso, a comercialização continua devagar. Segundo o corretor Valdinei Chaves, da Focus Corretora, os preços pagos pe lo cereal caíram durante a semana passada. Na sexta-feira, compradores indicavam R$ 18,50/saca para retirada em propriedade de Primavera do Leste, mas vendedores pediam R$ 19/saca, preço em que chegaram a sair negócios pontuais no início da semana. Chaves contou que na semana anterior, chegaram a sair lotes a R$ 19,20/saca. A negociação antecipada da safrinha também se arrasta na região. Rodaram lotes pontuais a R$ 18 a saca FOB durante a semana, com embarque em setembro e pagamento em outubro, mas não houve registro de negócios na sexta-feira. “Compradores não estão interessados em comprar antecipadamente e alguns produtores até aceitam os valores oferecidos, mas preferem esperar preços mais remuneradores”, contou o agente.
No Paraná, a negociação de milho ocorria também em ritmo fraco. Segundo corretora da região, surgiram várias ofertas a R$ 25,50/saca CIF em Maringá ao longo da semana passada, mas na sexta-feira a pedida de venda recuou para R$ 24,50/saca, patamar em que rodaram 1,2 mil toneladas. Alguns produtores aceitam negociar mesmo com a queda dos preços para abrir espaço em armazéns. Compradores ofereciam ainda R$ 25/saca no spot para entrega no norte do Paraná, no entorno de Londrina, porém não havia notícia de negócios. Quanto à negociação antecipada da safrinha 2015, a corretora contou ter visto propostas apenas para entrega em junho no Porto de Santos a R$ 29,70/saca, com pagamento em julho, valor que não despertava interesse entre os vendedores do norte paranaense. Ao longo da semana, surgiram várias ofertas e propostas para o milho tanto na comercialização spot como antecipada, mas não ocorreu acerto entre participantes quanto ao preço na maioria dos casos. “Vendedores ainda estão muito focados na soja. Quando acabar a movimentação de soja, as vendas de milho devem se intensificar”, ressaltou a agente. Na semana passada, o norte do Estado recebeu poucas chuvas, mas para o fim de semana até terça-feira a previsão era de volumes maiores. As lavouras de milho safrinha estão em boas condições na região, disse a agente.
Em São Paulo, houve uma queda acentuada de preços na semana passada. “O mercado estava mais tranquilo no Estado, com a finalização da safra de soja e a retomada da colheita de milho verão. Com o foco menor na soja, esta foi a segunda semana de grande oferta de milho”, contou o corretor Gilberto Toniolo, da Agrogt Investimentos. Na semana retrasada, foram fechados acordos a R$ 25 a saca para retirada na região de Sorocabana. Na sexta-feira, entretanto, a indicação havia caído para R$ 23,50 a saca e mesmo assim saíam alguns negócios. “Os compradores ainda acreditam na queda dos preços e preferem comprar apenas o necessário para alguns dias e depois voltam ao mercado”, contou o corretor.
O indicador do milho Cepea/Esalq/BM&FBovespa fechou em baixa de 1,17%, a R$ 27,08 a saca de 60 quilos. Em dólar, o preço ficou em US$ 8,90/saca (-2,20%).
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO MILHO MERCADO INTERNO
|
Cepea/Agência Estado
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os futuros do milho fecharam em alta na sexta-feira, pela quarta sessão consecutiva, com investidores cobrindo posições vendidas antes do final de semana. O vencimento julho subiu 3,50 cents (0,91%) e terminou a US$ 3,8675 por bushel.
O mercado foi influenciado também pelo plantio um pouco mais lento no Meio-Oeste dos Estados Unidos. Participantes acreditam que o relatório semanal de acompanhamento de safra, que será divulgado mais tarde pelo Departamento de Agricultura do país (USDA), irá mostrar entre 12% e 15% do plantio concluído, pouco abaixo da média de aproximadamente 15% dos últimos anos.
|