As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em alta nesta terça-feira e a da Austrália também avançou, ajudada por resultados financeiros positivos da BHP Billiton. Em Hong Kong, porém, o balanço anual do HSBC pesou nos negócios.
O índice Taiex, do mercado taiwanês, subiu 1,1%, a 9.629,37 pontos, o maior nível em quase oito anos, impulsionado por ganhos em ações de fornecedores da Apple e de instituições financeiras, enquanto o filipino PSEi, da Bolsa de Manila, teve alta mais modesta, de 0,1%, mas encerrou o dia no patamar recorde de 7.834,86 pontos, e o sul-coreano Kospi, de Seul, apresentou ganho de 0,39%, a 1.976,12 pontos.
Por outro lado, a Bolsa de Hong Kong foi influenciada pelo HSBC, cujas ações caíram 3,5% após o banco britânico anunciar queda no lucro de 2014 e reduzir uma série de metas financeiras. Como resultado, o índice Hang Seng terminou o dia em baixa de 0,4%, a 24.750,07 pontos. Os principais mercados da China continental permaneceram fechados, ainda em função do feriado do Ano Novo Lunar chinês.
Os investidores na Ásia também operaram na expectativa para o depoimento da presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Janet Yellen, no Congresso norte-americano, hoje e amanhã, e acompanharam os desdobramentos da questão da Grécia, que ontem apresentou uma lista de reformas numa tentativa de aprovar a extensão de seu programa de ajuda por quatro meses, segundo uma fonte da Comissão Europeia.
Na Oceania, o mercado australiano foi sustentado em parte pelas ações da BHP Billiton, que saltaram 2,9% após a mineradora divulgar Ebitda melhor que o esperado e dividendo em linha com a expectativa. O índice S&P/ASX 200, da Bolsa de Sydney, subiu 0,3%, a 5.927 pontos. Outro destaque de alta na Austrália foi a seguradora QBE Insurance Group, que saltou 7,2% após voltar a ter lucro anual.
INFORMATIVO DE MERCADO
SOJA
Fundos de investimento alteraram posições no fim do pregão no mercado futuro de soja na Bolsa de Chicago (CBOT) para reavaliar o impacto dos bloqueios efetuados por caminhoneiros e transportadores em rodovias de sete Estados brasileiros, levando os contratos a fechar perto da estabilidade. Fatores baixistas como o avanço da colheita no Brasil desde domingo devido ao clima mais seco e o fraco interesse comprador chinês em meio ao feriado de Ano Novo no país haviam mantido os contratos sob pressão durante o dia, mas perto do fim da sessão a soja se recuperou de parte das perdas.
O vencimento maio, atualmente o mais líquido, recuou 0,75 cent (0,07%) e encerrou a US$ 10,0150/bushel. Ao longo do dia, entretanto, os dois primeiros contratos tentaram uma aproximação do patamar de US$ 9,90/bushel. A analista Andrea Cordeiro, da Labhoro, avaliou que um fechamento do março abaixo de US$ 9,91/bushel apontaria tendência gráfica de os preços buscarem US$ 9,96/bushel e US$ 9,70/bushel.
A analista assinalou que o clima favorável à colheita no domingo e na segunda-feira em Mato Grosso e Paraná deu o tom para as negociações na maior parte do pregão, mas a continuidade dos protestos de caminhoneiros e transportadores contra os custos elevados do setor e o maior número de trechos interrompidos em relação à semana passada ajudaram a reduzir a queda. “Em parte, a recuperação nos últimos minutos foi por causa da manifestação no Brasil”, disse a analista. “Fundos resolveram reverter posições para analisar melhor o cenário.”
A expectativa é de que as interrupções do fluxo em rodovias continuem tendo impacto altista, mas momentâneo. “Não será pela manifestação que compradores externos trocarão de origem, cancelando embarques aqui para buscar nos EUA. Até porque precisaríamos de um tempo de paralisação muito grande para que fossem vistos esses desdobramentos”, destacou Andrea.
Além do ritmo mais acelerado de colheita no Brasil, outro fator baixista que pesou sobre a oleaginosa foi o número de inspeções para embarque nos EUA, de 961.749 toneladas, queda de 28% na comparação semanal e de 27% na comparação anual. O recuo foi interpretado como mais um sinal de que tradings estão finalizando os carregamentos nos portos norte-americanos para buscar soja no Brasil em março e na Argentina em abril. Ao longo do dia, também foram verificadas vendas de produtores norte-americanos, movimento que contribuiu para a desvalorização da soja.
COTAÇÕES DO COMPLEXO SOJA NA BOLSA DE CHICAGO
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CBOT/Agência Estado
No mercado doméstico, a movimentação foi restrita com a preocupação com os bloqueios e a desaceleração do dólar após bater em R$ 2,90.
No Paraná, a soja tinha comprador a R$ 59,50/saca no spot com retirada em Cascavel, mesmos níveis do fim da semana passada. Neste patamar, rodaram lotes de mais de 1 mil toneladas na segunda-feira, com compradores de volta ao mercado após a semana encurtada por feriadão de carnaval. No balcão, era possível fechar negócio a R$ 58/saca na região.
Em Mato Grosso, compradores iniciaram o dia oferecendo R$ 55/saca para retirada imediata e pagamento em 3 de março. No fim da tarde, a pedida de compra já havia recuado a R$ 54/saca, com pagamento em 6 de março. Para retirada em março cheio na região, havia propostas a R$ 53/saca, com pagamento em 72 horas. O corretor Valdinei Chaves, da Focus, relatou não ter fechado volumes. Na sexta-feira, haviam rodado 1 mil toneladas a R$ 52/saca CIF em Querência, com entrega e pagamento imediatos. Os participantes que buscam volumes maiores no momento atual são fábricas na região Sul do Estado, apostando no recebimento dos volumes adquiridos em virtude da curta distância de frete. Comerciantes que compram lotes para levar a outros Estados estão mais cautelosos. Trading indicava ontem R$ 53/saca para entrega em armazém de Primavera no spot, sem registro de negócios.
Em São Paulo, após serem negociados lotes acima de mil toneladas no Porto de Santos para entrega imediata ou até 15 de março no fim da semana passada a R$ 67,30/saca e pagamento em 72 horas, na segunda-feira as indicações de compra recuaram para R$ 65,70/saca a R$ 67/saca, mas produtores hesitavam em negociar. No interior de São Paulo, havia propostas a R$ 60/saca no spot, sem registro de acordos. A colheita no Estado está avançando com o tempo mais seco após as chuvas da semana passada, e corretor de Campinas acredita que multinacionais possam buscar lotes no Estado nos próximos dias.
O indicador Cepea/Esalq, calculado com base nos preços em cinco praças do Estado do Paraná, terminou a segunda-feira em baixa de 0,67%, a R$ 61,16/saca. Em dólar, o indicador ficou em US$ 21,28/saca (-0,75%). A moeda norte-americana fechou em alta de 0,07%, a R$ 2,8740.
EVOLUÇÃO DE PREÇOS NO MERCADO FÍSICO DE LOTES
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Cepea/Agência Estado
MILHO
A negociação no mercado de milho brasileiro já esbarra na dificuldade de movimentação devido aos bloqueios organizados por caminhoneiros em rodovias de três regiões do País. Depois de uma semana encurtada pelo feriadão de carnaval, granjas e indústrias buscavam lotes principalmente de locais próximos às suas unidades para tentar driblar o escoamento mais lento. Enquanto isso, a negociação futura da safrinha 2014/15 perdeu força com vendedores querendo fechar mais volumes para agosto e setembro ou pedindo valores mais altos do que os atuais, enquanto compradores continuavam em busca de lotes para retirada e pagamento no quarto trimestre.
No Paraná, saíram negócios na segunda-feira a R$ 24/saca FOB e R$ 25/saca CIF no spot em Cascavel, de lotes acima de mil toneladas. Os preços ficaram em linha com os indicados na sexta-feira. No balcão, havia chance de acordo a R$ 21/saca na mesma região. Compradores tentavam se abastecer após o esvaziamento do mercado na semana passada, mas esbarravam nas interrupções em rodovias, que estão reduzindo a velocidade do transporte de cargas.
Só no Paraná, foram 12 os trechos bloqueados ontem devido ao protesto de caminhoneiros e transportadores, em quatro rodovias diferentes. Na BR-163, o fluxo foi interrompido nos quilômetros 32, em Santo Antônio do Sudoeste, 64, em Pérola d’Oeste, 86, em Capanema, 284 e 289, em Marechal Cândido Rondon. Na BR-376, foram interditados os quilômetros 137, em Paranavaí, 187, em Marialva, 245, em Apucarana, e 295, em Mauá da Serra. Na BR-277, a passagem foi bloqueada nos quilômetros 452, em Laranjeiras do Sul, e 338, em Guarapuava. Na BR-369, a interrupção ocorreu no quilômetro 179, em Arapongas.
Em Mato Grosso, compradores indicavam R$ 18/saca para retirada em Primavera do Leste e pagamento em outubro, mas não havia notícias de negócios na região. Na sexta-feira, rodaram 1 mil toneladas, também a R$ 18/saca, mas para retirada em agosto e pagamento em setembro. Para entrega em Primavera em agosto e pagamento em setembro, era possível fechar negócio, mas a valores mais baixos, de R$ 17,50/saca, na segunda-feira. “O que mudou foi que várias empresas tomaram muitos lotes para agosto e setembro e agora estão apostando mais em outubro e novembro”, disse o corretor Valdinei Chaves, da Focus. Vendedores, entretanto, estão preferindo negociar volumes para embarque e pagamento no início do segundo semestre.
No disponível, a pedida de compra estava em R$ 18,50/saca a R$ 19/saca em Primavera do Leste. Granjas de Estados vizinhos buscavam lotes para atender necessidades mais urgentes ontem. No fim da semana passada, saíram 2 mil toneladas a R$ 19,50/saca na região, mas com pagamento em 20 dias, para envio a São Paulo.
Em Mato Grosso, havia cinco pontos de interdição na BR-163 ontem, conforme a concessionária Rota do Oeste. Os bloqueios ocorreram nos quilômetros 306, em Cuiabá, 122, em Rondonópolis, 593, em Nova Mutum, 686, em Lucas do Rio Verde, e 745, em Sorriso. Foi registrado congestionamento em todos os pontos onde ocorreram protestos de caminhoneiros e transportadores, de acordo com a concessionária.
Em São Paulo, a comercialização de milho tem ficado em segundo plano por causa da colheita e logística de soja, disse corretor de Campinas. Entre sexta e segunda-feira, os trabalhos de campo ganharam fôlego. Até ontem, não havia paralisação nas rodovias de São Paulo, mas participantes mostravam preocupação com a possibilidade de bloqueios. Na segunda-feira, saíram lotes em torno de 300 toneladas a R$ 26/saca e R$ 26,50/saca para retirada na região da Sorocabana. Com entrega em granjas e indústrias no entorno de Campinas, havia propostas para milho paulista entre R$ 29,50/saca e R$ 30/saca. Milho de fora do Estado tinha comprador a R$ 28,50/saca mais ICMS, mas não eram negociados grandes volumes pela dificuldade de transporte. Enquanto manifestações em rodovias persistirem, consumidores locais devem se abastecer com produto de SP, na avaliação do agente. Por enquanto, todavia, as vendas no Estado se resumem ao volume necessário para pagar contas.
Para safrinha 2014/15, a pedida de compra recuou de R$ 31/saca (setembro/outubro) no fim da semana passada a R$ 30,50/saca na segunda-feira, reduzindo o interesse de venda. “Ninguém está fazendo negócio, porque vendedores acreditam que o preço pode subir.”
O indicador Cepea/Esalq fechou em alta de 1,48%, a R$ 28,77/saca. Em dólar, o preço ficou em US$ 10,01/saca (+1,42%). O dólar à vista fechou a R$ 2,8740 (+0,07%).
Na Bolsa de Chicago, os futuros de milho fecharam em queda, com o mercado ainda digerindo as projeções do USDA de safra e estoques do cereal em 2015/16. O USDA estimou na sexta-feira que os estoques domésticos devem somar 42,85 milhões de toneladas ao final da próxima temporada. O vencimento maio recuou 6,25 cents (1,59%) e terminou a US$ 3,8675 por bushel.
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