As bolsas asiáticas fecharam em direções divergentes nesta quarta-feira, em dia que marcou a volta da China ao mercado de ações, após uma semana de paralisação, em razão das comemorações do Ano Novo Lunar.
O retorno de Xangai, porém, foi tímido. Os investidores adotaram posição de cautela, pois estão na expectativa pelo Congresso Nacional do Povo, previsto para começar na próxima semana, em Pequim.
Na terça-feira à noite, o banco HSBC publicou o resultado preliminar do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial, que subiu para 50,1, de 49,7 em janeiro. No entanto, a melhora não empolgou o mercado. “Este avanço reflete muito mais um reabastecimento do estoque de um real aumento na demanda interna”, disse o banco Nomura. “E a sustentabilidade desse reabastecimento permanece em questão”, acrescentou.
Diante disso, o índice Xangai Composto encerrou o dia com perda de 0,56%, a 3.228,84 pontos, e o índice Shenzhen Composto, que acompanha empresas menores, caiu 0,8%, a 1.598,30 pontos.
Em Taiwan, o índice Taiex fechou o pregão com alta de 0,7%, a 9.699,54 pontos, impulsionado pelos ganhos de companhias de tecnologias, que cresceram após a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, ter dito na terça-feira que o banco central norte-americano não deve voltar a elevar os juros por pelo menos mais duas reuniões do comitê de política monetária. O índice Hang Seng, de Hong Kong, subiu 0,11%, para 24.778,28 pontos, e o sul-coreano Kospi avançou 0,73%, a 1.990,47 pontos.
Na Oceania, o índice australiano S%P/ASX 200 fechou o dia com ganho de 0,3%, a 5.944,9 pontos. O bom desempenho foi impulsionado pelas empresas mineradoras, cujas ações subiram após a melhora no PMI industrial da China. A BHP Billiton avançou 1,3% e a Rio Tinto subiu 0,7%.
INFORMATIVO DE MERCADO
SOJAOs futuros de soja na Bolsa de Chicago (CBOT) subiram mais de 1% na terça-feira, impulsionados por um movimento de cobertura de posições vendidas após os protestos de caminhoneiros e transportadores no Brasil terem se intensificado e afetado o fluxo de chegada de cargas aos principais portos do Sul e Sudeste do País. Especuladores avaliam um reaquecimento da demanda por soja norte-americana se as manifestações se prolongarem até março, quando é esperada a migração do fluxo importador dos portos dos EUA para os do Brasil.
Ontem, o vencimento maio subiu 17,25 cents (1,72%) e encerrou a US$ 10,1875/bushel, se distanciando do patamar de suporte a US$ 9,90/bushel novamente. Apesar da percepção de que o Brasil está retirando das lavouras uma safra mai or do que a do ciclo passado e de que o clima esta semana está favorecendo o avanço dos trabalhos no campo, investidores preferiram focar nos problemas logísticos.
O Porto de Paranaguá já sofre os efeitos dos bloqueios. Em comunicado, a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) relatou preocupação quanto ao escoamento da safra de verão 2014/15. A soja está sendo colhida no Brasil e encaminhada para exportação. “A Appa está se preparando para o momento em que ocorrerem os desbloqueios das estradas, pois haverá um acúmulo dos veículos parados para descarregamento em Paranaguá”, disse a administração, na nota. Os efeitos da paralisação dos caminhoneiros não se limitam à soja. Segundo a assessoria de comunicação da Appa, a previsão era de chegada de 900 caminhões ao porto hoje, mas apenas 45 estavam no pátio de triagem, onde os veículos estacionam e aguardam a chamada para descarregar, no início da tarde de terça-feira. Além disso, 1.560 caminhões estavam programad os para carregar em suas origens, mas cancelaram as senhas que haviam requisitado e não se deslocaram para o porto.
Em Santos, um grupo de caminhoneiros bloqueou a entrada e a saída do porto na via Anchieta. A concessionária Ecovias informou que a pista sul da rodovia, que dá acesso ao porto no sentido litoral, foi interditada no quilômetro 64. Segundo a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a interrupção ocorre no trecho entre os pátios de triagem, onde chegam os caminhões com agendamento, e os terminais de cargas. Com o bloqueio, os caminhões não estão deixando os pátios para seguir até os terminais, onde seria realizado o desembarque dos grãos.
Segundo o analista João Schaffer, da Agrinvest, a preocupação com a velocidade dos embarques brasileiros ao exterior direcionou o mercado. Isso porque a expectativa até o momento era de que o ritmo de exportação se intensificasse no mês que vem, quando a colheita deve estar a todo vapor na maioria das regiões. Ago ra, com a possibilidade de que os embarques programados para o fim de fevereiro fiquem para março, investidores projetam lentidão no escoamento. “Essa demanda externa pode voltar para os EUA, o que manteria a sustentação em Chicago”, assinalou o analista.
A soja também obteve suporte do farelo, cujos dois primeiros vencimentos avançaram 2%. A possibilidade de a soja brasileira não chegar nas esmagadoras devido às manifestações nas estradas, interrompendo a produção e exportação de farelo, e a demanda fortalecida pelo derivado dentro dos Estados Unidos, em virtude do período de frio prolongado em fevereiro, levam fundos a apostar em uma disputa por produto norte-americano no mercado internacional.
Schaffer ponderou, entretanto, que, se os bloqueios forem desmontados em breve, as cotações podem sofrer queda repentina. “A grande questão é que, se a greve for solucionada no curto prazo, Chicago pode ter realização. Tem que esperar para ver como vai ser”, assinalou.
COTAÇÕES DO COMPLEXO SOJA NA BOLSA DE CHICAGO
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CBOT/Agência Estado
No mercado doméstico, havia registro de negociações, mas com prazos de entrega mais longos. Ainda assim, o ritmo é fraco, porque participantes evitam contratar frete em meio à paralisação.
Em Mato Grosso, compradores indicavam R$ 51/saca ontem em Lucas do Rio Verde, patamar em que rodaram 720 toneladas para exportação. A retirada poderá ser feita até 15 de março, com pagamento no fim do mês. Na segunda-feira, a pedida de compra chegou a R$ 51,50/saca, mas não havia atraído interesse. A negociação ocorre lentamente, porque não há condições de embarque imediato, relatou corretor local. Os vendedores dispostos a comercializar estão liberando apenas volumes pequenos para fazer caixa. Mais ao norte do Estado, há rumores de que pode faltar combustível para operação do maquinário, o que poderia interromper a colheita. A maioria dos produtores prefere depositar a soja recém-colhida em armazéns e esperar para ver o que vai acontecer. A negociação com indústrias do Sul perd eu fôlego. Compradores apontam a dificuldade de transporte e a expectativa de chegada da safra gaúcha 2014/15 ao mercado em breve como empecilhos para a negociação.
No Paraná, rodaram ontem lotes abaixo de mil toneladas entre R$ 61,50/saca e R$ 62/saca para retirada no interior de Maringá assim que terminar a paralisação, cerca de 50 centavos acima das pedidas de compra do dia anterior. “Negócios estão ocorrendo, o que não está ocorrendo é retirada imediata”, salientou agente da região. Para retirada em março cheio na região e pagamento em abril, havia chance de negócio a R$ 61/saca, sem registro de acordos. Depois de cerca de 10 dias com muita chuva na região, sojicultores estão focados na colheita, que está bastante atrasada.
O indicador Cepea/Esalq, calculado com base nos preços em cinco praças do Estado do Paraná, terminou a terça-feira em alta de 0,13%, a R$ 61,24/saca. Em dólar, o indicador ficou em US$ 21,61/saca (+1,55%). A moeda norte-americana fechou em bai xa de 1,39%, a R$ 2,8340.
EVOLUÇÃO DE PREÇOS NO MERCADO FÍSICO DE LOTES
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Cepea/Agência Estado
MILHO
As negociações no mercado de milho spot travaram devido à paralisação de caminhoneiros e transportadores pelo Brasil, que dificulta o embarque imediato de mercadorias. Na comercialização futura, a movimentação também diminuiu, com produtores dispostos a vender apenas para o início do segundo semestre, enquanto multinacionais, principais compradoras nesse tipo de operação, desejam absorver mais volumes para compor a programação de embarques de setembro em diante.
Em Mato Grosso, indústrias estavam ontem em busca de volumes para entrega imediata em seus armazéns, tentando driblar a dificuldade de contratar frete. A pedida de compra somava R$ 15/saca a R$ 16/saca CIF em Lucas do Rio Verde. Compradores de Minas Gerais também buscavam lotes em MT, mas as complicações logísticas impediam movimentações de lotes por grandes distâncias. Além disso, produtores que seguraram até agora o milho da safrinha 2013/14 não demonstravam interesse em vender. Segundo corre tor local, ainda há produtores com grandes volumes por negociar, mas eles preferem esperar até março e abril para ver se conseguem preços mais altos. A segunda safra da região costuma entrar no mercado entre maio e junho.
Quanto à safrinha 2014/15, o agente contou que os últimos contratos foram fechados antes do carnaval, a R$ 16/saca e R$ 16,50/saca, com retirada em Lucas do Rio Verde em julho e agosto e pagamento em setembro e outubro, para exportação. Ontem, não havia sequer indicações de compra na região, segundo ele. O agente acredita que, se o tabelamento de fretes proposto por transportadores em Mato Grosso for de fato adotado após as paralisações, os preços podem recuar. Ainda assim, grandes volumes da safra que está sendo semeada já foram negociados antecipadamente, com produtores temendo queda das cotações durante a colheita no Estado, a exemplo do que ocorreu no ano passado. Nos últimos dias, o plantio de milho de inverno acelerou no entorno de Lucas por causa do t empo mais seco do que a semana passada, que permitiu avanço na colheita de soja.
No Paraná, o milho tinha comprador a R$ 24,50/saca FOB na região de Maringá, mesmo patamar em chegaram a rodar lotes abaixo de mil toneladas na segunda-feira. Ontem, entretanto, vendedores não aceitavam menos de R$ 25/saca. A dificuldade de obter transporte para as mercadorias também atrapalhava a comercialização, disse corretor da região.
Para safrinha 2014/15, havia ofertas a R$ 25,50/saca para retirada em julho no entorno de Maringá e pagamento em agosto, mas compradores ofereciam R$ 25/saca para setembro/outubro. Esta semana, não foram assinados novos contratos. “Foi feito volume grande a R$ 26/saca FOB ou R$ 27 CIF, agora não está rodando mais”, salientou o agente. A maioria dos compradores já adquiriu volume suficiente para preencher os navios de carga previstos para julho e agosto e agora deseja garantir entregas no quarto trimestre. “Mas poucos vendedores fazem negociação dessa fo rma.” No Porto de Paranaguá, as maiores indicações de compra na terça-feira eram para entrega em agosto, mas pagamento em outubro (R$ 29,30/saca), e para entrega em setembro, também com pagamento em outubro (R$ 29/saca).
O indicador Cepea/Esalq fechou em alta de 0,24%, a R$ 28,84/saca. Em dólar, o preço ficou em US$ 10,18/saca (+1,70%). O dólar à vista fechou a R$ 2,8340 (-1,39%).
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS NO MERCADO FISICO
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Na Bolsa de Chicago, os futuros de milho fecharam em leve baixa, acompanhando a queda dos preços de petróleo. O vencimento maio cedeu 1,25 cents (0,32%) e terminou a US$ 3,8550 por bushel. A queda do petróleo e da gasolina torna o etanol menos competitivo e tende a afetar a demanda pelo biocombustível, que é produzido principalmente a partir do milho nos EUA. O setor norte-americano de etanol consume cerca de um terço da produção doméstica do cereal.
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