NFORMATIVO DE MERCADO
SOJAOs futuros de soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) acumularam queda de 0,08% na semana passada, mesmo depois de terem encerrado no maior nível desde 6 de abril na quinta-feira. A expectativa de que problemas de oferta da América do Sul resultassem em demanda maior pela soja dos Estados Unidos perdeu força, porque a greve dos caminhoneiros teve pouco impacto sobre o escoamento até o momento. Ainda assim, investidores devem continuar atentos aos desdobramentos da paralisação no Brasil esta semana. O clima para o plantio nos Estados Unidos também deve continuar no radar do mercado.
“Essa expectativa em relação à greve no Brasil já vinha chamando a atenção há duas semanas”, explicou o analista Pedro Dejneka, da AGR Brasil. “O mercado estava tão confuso que a incerteza colocou vendedores de lado.” Eles argumentavam não querer ficar expostos a um movimento semelhante ao de fevereiro, disse o analista. A paralisação anterior de caminhoneiros, entre fevereiro e março, prejudicou o transporte de soja das regiões produtoras para os portos do País.
Por enquanto, entretanto, a perspectiva é de que, se a greve provocar efeitos na exportação de soja do Brasil, eles serão mínimos, segundo Dejneka. “O mercado já começou a descontar, percebendo que não é nada parecido com a última vez”, ressaltou. Na sexta-feira, o vencimento julho recuou 9,25 cents (0,94%) e encerrou a US$ 9,7075 por bushel.
Investido res também aguardam mais informações sobre a semeadura da oleaginosa nos Estados Unidos para fazer apostas maiores de queda ou alta nos preços. “O mercado entende que existe uma ampla oferta mundial. Agora a questão é que operadores que atuam com base em fundamentos devem esperar para ver como o clima e o plantio avançam nos EUA antes de voltar para o mercado”, apontou o analista.
O clima norte-americano no momento é considerado favorável aos trabalhos no campo. Para esta semana, a previsão é de clima mais quente e seco, o que deve melhorar as condições de semeadura no Meio-Oeste. “O plantio está avançando em ritmo relativamente normal”, explicou Dejneka. “É difícil esse início ser muito rápido.”
Nesta semana, as condições meteorológicas nos EUA e a greve e os embarques no Brasil devem estar no centro das atenções dos traders. “O mercado vai continuar monitorando a situação no Brasil e o ritmo de exportações de soja do País. Com a entrada no mês de maio, o foco se volt a quase por completo para o clima e o andamento do plantio e desenvolvimento da safra norte-americana.”
Nesta segunda-feira, a expectativa de analistas é de que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgue os primeiros números de semeadura da safra 2015/16 de soja. Mas a área plantada que deve ser estimada no relatório semanal de acompanhamento de safras tende a ser pequena.
COTAÇÕES DO COMPLEXO SOJA NA BOLSA DE CHICAGO
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CBOT/Agência Estado
O mercado interno de soja registrou pouca movimentação na sexta-feira. Os preços caíram com o recuo dos futuros e do dólar. O dólar à vista acabou na mínima do dia, em baixa de 0,71%, a R$ 2,9570 no balcão, menor patamar desde 3 de março (R$ 2,9190). O sinal de queda que prevaleceu desde o começo da semana, e o dólar acumulou perda semanal de 2,86%.
Em Mato Grosso, a comercialização da soja travou na sexta-feira. Um corretor de Primavera do Leste contou que compradores ofereciam R$ 55 a saca para retirada em propriedade da região, mas produtores não aceitavam negociar nesse nível e se afastaram do mercado. Ao longo da semana, chegaram a rodar de 20 a 30 mil sacas da oleaginosa, a R$ 57/saca. Quanto à negociação futura da safra 2015/16, a indicação de compra variava entre R$ 54 e R$ 57 a saca com embarque em fevereiro e pagamento em março do ano que vem, dependendo da trading. O agente contou que foram comercializados antecipadamente volumes pontuais durante a sema na passada na região.
Em Mato Grosso do Sul, o recuo do dólar pesou sobre os preços da soja, o que reduziu o ritmo das negociações. Corretor da região contou que, na sexta-feira, compradores indicavam R$ 55/saca para retirada em Dourados, abaixo dos R$ 58/saca oferecidos no início da semana. “Acredito que tenham saído no máximo 10 mil toneladas na semana, o que é uma redução considerável, já que estávamos comercializando de 30 a 50 mil toneladas nas semanas anteriores”, contou o agente. Produtores estavam retraídos e não contavam a que preço fechariam negócios. Preferiam esperar uma reação nas cotações. Os bloqueios em rodovias também atrapalharam a comercialização da soja disponível no Estado. “Na sexta-feira, chegamos a ter chances de fechar negócios, mas o cliente quer o produto para embarque imediato, o que não é possível por causa da paralisação”, contou o corretor. Para a safra 2015/16, compradores indicavam R$ 58 a saca para retirada na região de Dourados, sem registro de negócios.
No Paraná, o ritmo era lento. No Porto de Paranaguá, compradores ofereciam entre R$ 65,70/saca e R$ 66,60/saca para entrega e pagamento em maio, mas vendedores pediam R$ 67/saca. Para retirada na região de Londrina no spot, a pedida de venda estava em R$ 62,50/saca, mas só havia propostas em torno de R$ 60,50/saca no norte do Estado. Corretora local contou que a divergência entre compradores e vendedores tem dificultado a negociação. Para entrega e pagamento no final de maio na ferrovia em Maringá, era possível fechar negócio entre R$ 61,50/saca e R$ 62/saca. Os preços ficaram em geral abaixo dos da sessão anterior. Para entrega em Santos, havia ofertas a R$ 70/saca no spot. As propostas, todavia, ficavam entre R$ 67/saca e R$ 68/saca na sexta-feira, ante os R$ 69/saca que chegaram a ser oferecidos na véspera.
No Porto de São Francisco do Sul, saíram 500 toneladas R$ 67,20/saca para entrega em maio e pagamento em junho. Também havia registro de contrato de 120 toneladas a R$ 63,50/saca para entrega imediata em Ribeirão Preto e pagamento em 30 dias.
O indicador de preços da soja Esalq, calculado com base nos preços do mercado disponível em cinco praças do Paraná, ficou em R$ 62,27/saca (-0,88%). Em dólar, o indicador ficou em US$ 21,06/saca (-0,14%).
EVOLUÇÃO DE PREÇOS NO MERCADO FÍSICO DE LOTES
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Cepea/Agência Estado
*O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informou que o indicador Soja ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá deverá passar por mudança em sua metodologia de cálculo a partir do dia 4 de maio. Na atual metodologia os valores têm se mantido sem qualquer variação há semanas. O Cepea fornecerá mais informações sobre a mudança em breve.
MILHO
O dólar abaixo de R$ 3, a paralisação de caminhoneiros em diversos Estados brasileiros e a queda dos futuros na Bolsa de Chicago seguraram a comercialização de milho na semana passada. Participantes ficarão atentos a esses três fatores para voltar a negociar. A moeda norte-americana acumulou queda de 2,86% na semana, encerrando a sexta-feira a R$ 2,9570, enquanto o milho para julho recuou 4,4%, a US$ 3,6975 por bushel. Na sexta-feira o movimento dos caminhoneiros prosseguiu com o bloqueio de rodovias em vários Estados. Para esta semana o interesse na comercialização pode crescer devido à aproximação do fim do mês e a necessidade de gerar caixa.
Na sexta-feira, compradores indicavam R$ 16 a saca no spot para retirada em Primavera do Leste, no sudeste de Mato Grosso, mas produtores não aceitavam negociar nesse nível e se retiraram do mercado. Um corretor contou que, durante a semana passada, chegaram a rodar lotes pontuais, a R$ 18/saca. Vendedores estão mais retraídos e só negociam quando precisam gerar caixa. A negociação da safrinha avançou um pouco, segundo o agente, e chegaram a rodar volumes consideráveis, de até dez mil sacas, a R$ 18/saca para retirada em Primavera do Leste em setembro e pagamento no mesmo mês. Na sexta-feira, entretanto, o corretor disse não ter fechado acordos. Os bloqueios de caminhoneiros em rodovias do Estado deixam participantes apreensivos e muitos devem esperar a liberação das vias para voltar a comercializar, com receio de fechar acordos e não conseguir embarcar o produto rapidamente. Segundo o agente, alguns compradores já falam em negociar lotes com prazo indefinido de armazenagem no produtor, para embarque após o fim das paralisações.
No Paraná, compradores ofereciam na sexta-feira R$ 23,20/saca CIF em Maringá e R$ 24/saca CIF em Mandaguari, sem registro de negócios, relatou corretora de Maringá. Vendedores pediam R$ 23,50/saca com retirada em Londrina, porém não havia interesse de compr a. Agente da região relatou que chegaram a aparecer propostas em torno de R$ 24/saca para retirada no norte do Paraná para lotes bem localizados na quinta-feira, mas os únicos acordos fechados na semana passada ocorreram a R$ 23/saca, por necessidade de vendedor. Para comercialização antecipada da safrinha 2015, a pedida de compra estava em R$ 28/saca com entrega no Porto de Paranaguá em outubro e pagamento em setembro, mas ela relatou não ter visto acordos na sexta-feira. “Existe interesse de compra e há ofertas, mas acabam não saindo negócios. A pedida do comprador está distante do que o vendedor deseja.” A região tem recebido volumes de chuva satisfatórios e eram esperadas novas precipitações no fim de semana, contribuindo para o desenvolvimento das lavouras de milho safrinha. Além disso, a temperatura está amena na região.
Em Mato Grosso do Sul, a negociação perdeu força no spot. A indicação de preços caiu ao longo da semana passada, o que afastou os vendedores do mercado . Na segunda-feira, compradores ofereciam entre R$ 20,50 e R$ 21 a saca no spot para retirada em propriedade de Dourados. Na sexta-feira, entretanto, a indicação ficava em R$ 19,50 a R$ 20 a saca, contou um corretor local. “Os produtores não estavam vendendo volumes grandes nem com o milho a R$ 21, então as negociações travaram no fim da semana, devem ter saído, no máximo, 5 mil toneladas na região”, contou o agente. Segundo ele, os compradores também demonstraram menos interesse em adquirir o produto na semana passada, já que o produto perde liquidez para exportação nos patamares atuais. As paralisações de caminhoneiros em rodovias do Estado também afetaram os negócios. Segundo o corretor, chegaram a haver chances de acordos, que não se concretizaram porque o comprador pedia o embarque imediato do produto.
Para a comercialização antecipada da safrinha, não havia sequer indicação de compra na sexta-feira. “Compradores avaliam que seria vantajoso adquirir milho a R$ 18/saca, m as sabem que produtores não aceitam esse valor”, ponderou o corretor. Vendedores pedem de R$ 19 a R$ 20 a saca para retirada na região de Dourados em agosto com pagamento em setembro.
O indicador do milho Cepea/Esalq/BM&FBovespa fechou a sexta-feira em baixa de 0,74%, a R$ 26,73 a saca de 60 quilos. Em dólar, o preço ficou estável em US$ 9,04/saca.
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO MILHO MERCADO INTERNO
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Cepea/Agência Estado
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os contratos futuros do milho encerraram em queda, pressionados pelo clima favorável ao plantio no Meio-Oeste dos Estados Unidos. De acordo com a meteorologia, um volume limitado de chuvas e temperaturas mais altas devem permitir o avanço da semeadura na principal região produtora de milho do país no início da semana. O vencimento julho do milho recuou 7,00 cents (1,86%), para US$ 3,6975 por bushel.
té a semana passada, a semeadura do milho estava atrasada na comparação com a média dos últimos cinco anos. No entanto, a expectativa de participantes do mercado é de que o relatório semanal de acompanhamento de safra, que será divulgado na tarde desta segunda-feira pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), irá apontar um avanço importante no plantio. Analistas esperam que produtores tenham semeado entre 19% e 20% da área total prevista até ontem, ante 9% na semana passada.
Além disso, o surto de gripe aviári a em granjas de frangos e perus nos Estados Unidos gera preocupações quanto à demanda interna por milho, ingrediente importante na ração animal. Até o momento, foram registradas 8 mil aves infectadas no país.
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