Os futuros de petróleo operam em baixa nesta madrugada, em meio à possibilidade de que sanções impostas às exportações iranianas da commodity sejam relaxadas após um eventual acordo sobre o programa nuclear de Teerã. Às 4h51 (de Brasília), o Brent para maio recuava 0,73%, a US$ 56,00 por barril, na plataforma eletrônica ICE, enquanto na Nymex, o petróleo para o mesmo mês tinha queda de 1,58%, a US$ 48,10 por barril.
INFORMATIVO DE MERCADO
SOJADepois de registrar perda semanal de 0,67%, o mercado futuro de soja na Bolsa de Chicago (CBOT) deve continuar em intervalo nesta segunda-feira, diante da expectativa sobre os relatórios de intenções de plantio e estoques trimestrais que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos divulga amanhã. Na sexta-feira, o vencimento maio caiu 7,25 cents (0,74%) e terminou a US$ 9,6725/bushel. O clima nos Estados Unidos também deve continuar sendo monitorado, já que o milho está sendo plantado em algumas áreas e sojicultores norte-americano preparam o solo para a semeadura da oleaginosa.
“O relatório de plantio pode dar direção ao mercado”, ressaltou Michael McDougall, vice-presidente da Newdge. “Acho que a dúvida maior é sobre a área de soja, já qu e o USDA previu no fórum Agricultural Outlook um mês atrás 83,5 milhões de acres, quando o mercado acredita que deve ser um pouco maior, em torno de 85,8 milhões de acres. Já ouvi até 87 milhões de acres.” Na média, analistas ouvidos pelo The Wall Street Journal projetavam 85,872 milhões de acres. Em 2013/14, foram semeados 83,701 milhões de acres.
O número, entretanto, pode vir mais conservador do que o esperado, já que nos últimos anos o governo norte-americano projetou nesta época do ano áreas menores do que as que se confirmaram no país posteriormente. “Em 5 dos últimos 7 anos, a área semeada de fato foi cerca de 3 milhões de acres acima da apontada em março”, disse o analista.
Quanto ao relatório de estoques trimestrais, McDougall salientou que a perspectiva no mercado é de aumento anual dos estoques norte-americanos, o que pode acrescentar pressão sobre os preços. A média dos analistas ouvidos pelo WSJ indicava que o USDA estimaria os estoques norte-americanos em 1º de março em 1,341 bilhão de bushels, ante 994 milhões de bushels em igual período do ano passado e 2,524 bilhões de bushels em 1º de dezembro de 2014.
Além dos relatórios, a outra grande influência sobre os preços deve ser o comportamento do dólar ante as principais moedas. Segundo o analista, o movimento da moeda norte-americana no exterior contribuiu para as perdas de sexta-feira. O dólar operou com grande volatilidade e, no final da tarde, cedeu terreno ante o euro, influenciado pela divulgação da terceira revisão do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, que elevou temores sobre uma possível desaceleração da economia no país. O Departamento do Comércio do país divulgou a revisão final do PIB norte-americano no quarto trimestre, que se manteve em 2,2% anualizados, abaixo da expectativa do mercado.
“Sem algum problema sério de clima, a questão é que os EUA não ficam competitivos no nível de moeda em que estão”, salientou McDougall. “Os dois concorren tes mais fortes na soja, Brasil e Argentina, estão com a moeda fraca. Os EUA vão continuar perdendo mercado de exportação.”
Com relação às condições climáticas, a expectativa era de que o frio previsto para o Meio-Oeste dos EUA no fim de semana atrasaria ainda mais o plantio. Nas áreas mais a oeste do cinturão produtor, os trabalhos no campo também desacelerariam com o frio, mas a perspectiva era de temperaturas mais amenas nos próximos dias.
Ante o real, o dólar voltou a registrar ganhos firmes na sexta-feira, com os investidores de olho nas dificuldades na relação entre o Planalto e sua base aliada. O dólar à vista no balcão fechou em alta de 1,51%, aos R$ 3,2360. Com isso, a moeda norte-americana encerrou a semana com leve perda de 0,03%. Em março, porém, o ganho acumulado é de 13,31%. A alta ajudou a estimular algumas vendas de produtores brasileiros, porém alguns participantes ainda acreditam no retorno ao patamar de R$ 3,30 atingido na semana passada e preferem aguardar.
A perspectiva de produção da Argentina próxima de 57 a 58 milhões de toneladas e do Brasil em torno de 94 a 95 milhões de toneladas, segundo McDougall, ainda pesa sobre as cotações. Por enquanto, a possibilidade de nova greve de caminhoneiros no País em abril é monitorada pelo mercado, disse o analista, mas ainda não se refletiu nos preços.
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CBOT/Agência Estado
No mercado doméstico, a negociação de soja avançou com a alta do dólar, mas corretores relataram prazos mais longos de embarque e pagamento.
No Paraná, rodavam negócios para retirada em Maringá em abril a R$ 65/saca, com pagamento no mesmo mês, e R$ 65,50/saca, com pagamento em maio. Rodaram lotes de 300 a 600 toneladas na sexta-feira, segundo agente local. “Passado o pico da colheita, quando produtor praticamente não vende, agora está negociando aos poucos para fazer médias”, destacou. Na véspera, a melhor proposta somava R$ 65/saca. Ao longo da semana passada, o volume de negócios diminuiu com as oscilações do câmbio e dos futuros. Na semana anterior, haviam sido movimentados grandes volumes quando o dólar ultrapassou R$ 3,30. No Porto de Paranaguá, havia chance de acordos a R$ 71/saca na sexta-feira, para entrega e pagamento em abril. “Tem muita soja para vender, mas o movimento ainda está bem devagar por parte de produtor”, destacou o agente, acrescentando que sojicultores se preocupam com o desempenho da economia e preferem segurar o grão.
Em Mato Grosso do Sul, saíram lotes a R$ 61/saca em Dourados, R$ 60/saca em Rio Brilhante e R$ 59,50/saca em Maracaju para retirada em abril e maio e pagamento em maio, apontou o corretor Leon Davalo, da Granos. Só pela empresa rodaram 30 mil toneladas na sexta-feira. No Estado, a indústria está com a logística tomada no curto prazo e passou a comprar para entrega no fim de abril e em maio. Produtores evitam os prazos mais longos, mas cooperativas têm realizado mais negócios, aproveitando os preços considerados elevados. Os negócios antecipados da safra 2015/16 perderam força com o recuo dos preços. A referência de compra no Porto de Paranaguá para entrega em fevereiro de 2016 e pagamento em março estava entre R$ 72,50/saca e R$ 73/saca na sexta-feira, ante R$ 75/saca duas semanas antes.
Em Mato Grosso, saíram acordos na sexta-feira, mas pontuais. “Vendedores estão apostando que o dólar subirá ainda mais”, contou corretor de Lucas do Rio Verde. Na sexta-feira, foram negociados lotes abaixo de mil toneladas a R$ 56,70/saca para retirada imediata em Lucas e pagamento em abril. Corretor ressaltou que se tratava de uma necessidade pontual de um comprador específico. Segundo ele, as demais propostas no mesmo dia oscilavam entre R$ 55/saca e R$ 55,50/saca, ante R$ 56/saca um dia antes. Produtores vendem apenas volumes pequenos para pagar fretes, prestações de máquinas ou funcionários. “Se surge um lote de 600 toneladas, compradores disputam”, apontou. A comercialização futura da safra 2015/16 também desacelerou na região, a exemplo do que ocorria em Mato Grosso do Sul. Compradores indicavam R$ 54,50/saca a R$ 55/saca para retirada em fevereiro e pagamento em março do ano que vem, mas vendedores desejavam pelo menos os R$ 56/saca em que foram assinados contratos na semana retrasada.
O indicador de preços da soja Esalq, calculado pela Esalq com base nos preços do mercado disponível em cinco praças do Estado do Paraná, fechou em alta de 0,34%, a R$ 65,61/saca. Em dólar, o indicador ficou em US$ 20,27/saca (-1,17%).
EVOLUÇÃO DE PREÇOS NO MERCADO FÍSICO DE LOTES
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Cepea/Agência Estado
O mercado de milho voltou a registrar negócios antecipados da safrinha 2015, mas compradores e vendedores ainda divergem principalmente sobre prazos. Vendedores estão em busca de propostas para retirada ainda em julho, pois já negociaram bons volumes para entrega a partir de agosto. Compradores, entretanto, não mostram interesse em lotes para este período porque ainda deverão estar embarcando soja. No disponível, a negociação perdeu força em algumas praças do Sul, com produtores se voltando para a colheita e os embarques de soja. Nas regiões onde ainda há estoques da safrinha passada, compradores adquirem volumes ocasionalmente para não mexer com os preços, e vendedores mostram pouca disposição em negociar agora.
Em Mato Grosso, a comercialização futura da safrinha deste ano está mais aquecida do que o mercado spot, mas compradores têm apresentado prazos de entrega e pagamento muito diversos. Saíram 900 toneladas na sexta-feira a R$ 16,50/saca para ent rega em Lucas em 30 de julho e pagamento em 30 de setembro. Segundo agente da região, há poucas negociações firmes e muita especulação. “Tem vendedor e comprador todo dia. Não se acertam nas pedidas e prazos.”
Para retirada em agosto em Lucas e pagamento em setembro, havia chance de negócio a R$ 16/saca. Já para retirada em setembro na região e pagamento em novembro, compradores ofereciam R$ 16,50/saca. “Produtores desejam embarque em julho, mas empresas de exportação ainda estarão ocupadas com soja no porto nesse período e não querem adquirir milho”, afirmou a fonte. Ele aposta que a negociação aceleraria se os preços chegassem a R$ 16/saca e R$ 16,50/saca para retirada em julho na região. Em Lucas, já saíram negócios antecipados por até R$ 18/saca, relatou.
No disponível, a movimentação era lenta. Vendedores consideravam os preços não atrativos, e compradores estavam afastados no mercado. A referência para compra estava entre R$ 15/saca e R$ 15,50/saca para retirada em Lucas do Rio Verde, enquanto a de venda era de R$ 16/saca.
Em Mato Grosso do Sul, o ritmo era lento tanto no spot quanto no futuro. Em Dourados, compradores indicavam R$ 21,50/saca e R$ 22/saca, mas vendedores pediam R$ 23/saca. “Com essa diferença de preço, o mercado não anda”, apontou o corretor Leon Davalo, da Granos. No caso da negociação futura da safrinha 2015, compradores e vendedores também divergiam. Havia propostas a R$ 20/saca para retirada em agosto em Maracaju e pagamento em setembro, mas as ofertas estavam em torno de R$ 21/saca. Para entrega no Porto de Santos em agosto havia chance de acordos a R$ 31,50/saca, com pagamento em setembro.
No Paraná, compradores indicavam R$ 25/saca na região de Maringá e R$ 25,50/saca na região de Londrina. Na sexta-feira, não havia registro de negócios, contou corretor do norte do Estado. Ao longo da semana, entretanto, rodaram lotes de 300 a 600 toneladas nos R$ 25/saca praticados em Maringá. Os preços têm se mant ido estáveis para retirada imediata. “Ainda tem boa oferta e não há concorrência de exportação, por isso o mercado interno compra aos poucos”, explicou o agente.
Produtores ainda imaginam que os preços possam subir e seguram o milho, mas compradores já apostam em volumes de safrinha no mercado em junho e julho. O agente acredita que até maio a oferta no disponível deve aumentar. A safrinha no interior de Maringá já está totalmente semeada. Como o plantio atrasou, regiões onde o temor de prejuízos por geadas é maior, como as localizadas ao norte de Londrina, devem optar pelo trigo, segundo ele.
Para os negócios futuros da safrinha deste ano, o milho tinha comprador a R$ 25/saca para retirada em agosto na região de Maringá e pagamento em setembro, sem interesse de venda. “Se o preço bater em R$ 26/saca, deve atrair vendedores.” No Porto de Paranaguá, era possível fechar negócio a R$ 31/saca nos mesmos prazos. Embora boa parte dos produtores tema os efeitos do clima sobr e a safrinha, agricultores com áreas plantadas em diferentes pontos da região devem se arriscar a negociar mais volumes se o preço subir mais.
Em Santa Catarina, a negociação avançava pouco. Produtores indicavam R$ 28/saca a R$ 28,50/saca para retirada no meio-oeste do Estado, patamar em que rodaram volumes pontuais na semana passada, de lotes bem localizados e perto dos compradores. Os preços eram similares aos indicados na semana anterior. Produtores da região estão colhendo normalmente, mas estocam grande parte da produção. “O pessoal está mergulhado na soja”, disse corretor de Videira. Enquanto isso, comprador ainda se abastece de forma pontual. A colheita de verão já atinge 30% a 40% da área prevista na região.
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DO MILHO MERCADO INTERNO
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Cepea/Agência Estado
Na Bolsa de Chicago, os futuros do milho fecharam praticamente estáveis. De acordo com analistas, sinais de demanda reduzida pelo cereal dos Estados Unidos foram contrabalançados pela perspectiva de uma área plantada menor neste ano. O contrato com vencimento em maio cedeu 0,25 cents (0,06%) e fechou a US$ 3,91 por bushel. Participantes lembraram que a alta recente do dólar vem afetando as exportações norte-americanas e que muitos importadores estão redirecionando suas compras para a Ucrânia e a América do Sul.
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