Os futuros de petróleo continuam pressionados nesta madrugada, enquanto os investidores aguardam o resultado da última rodada de negociações entre o Irã e seis potências nucleares sobre o programa nuclear de Teerã. O prazo para o fechamento de um acordo, que pode levar ao levantamento de sanções a importações iranianas de petróleo, se encerra hoje. Às 4h20 (de Brasília), o Brent para maio recuava 1,30%, a US$ 55,56 por barril, na plataforma eletrônica ICE, enquanto na Nymex, o petróleo para o mesmo mês tinha queda de 1,75%, a US$ 47,83 por barril.
INFORMATIVO DE MERCADO
SOJAOs relatórios de intenção de plantio e estoques trimestrais nos Estados Unidos que o Departamento de Agricultura do país (USDA) divulga hoje, às 13h de Brasília, devem concentrar as atenções no mercado futuro de soja na Bolsa de Chicago (CBOT). Investidores esperam que os dados do governo norte-americano deem direção aos preços, que por ora estão em intervalo. Ontem, o vencimento maio subiu 0,50 cent (0,05%) e terminou a US$ 9,6775/bushel, com fundos de investimento ajustando posições para reduzir a exposição ao risco antes dos relatórios.
Apesar disso, a expectativa de analistas é de que o USDA aumente a área plantada de soja em relação à previsão de fevereiro e estime estoques da oleaginosa em 1º de março acima dos observados em igual período do ano passado. Esses ajustes seriam baixistas para as cotações, o que poderia desencadear novo aumento do fluxo especulativo. Para a analista Andrea Cordeiro, da Labhoro, este deve ser um dia “de rápidos movimentos de fundos”. Na média, analistas ouvidos pelo The Wall Street Journal projetavam que o USDA estimará o plantio de soja em 85,872 milhões de acres (34,751 milhões de hectares) nos EUA, 3% acima do observado na safra anterior. Em fevereiro, o governo norte-americano havia previsto 83,5 milhões de acres (33,791 milhões de hectares). “Os números que o USDA antecipa no fórum Agricultural Outlook não costumam ser os chancelados no relatório de intenção de plantio no fim de março”, explicou Andrea. “É provável que o que o mercado está projetando seja o mais coerente neste momento.”
Se o USDA de fato aumentar a previsão de área plantada com soja na próxima safra, as cotações podem se afastar ainda mais do patamar de US$ 10/bushel, a menos que as condições climáticas dura nte o plantio sejam ruins. “Se esse número de área se confirmar e o clima for favorável, é improvável que o mercado vá onde tem tentado ir, isto é, ao patamar de US$ 10/bushel.”
Quanto ao relatório de estoques trimestrais, a média dos analistas pesquisados pelo WSJ indicava que o USDA estimaria os estoques norte-americanos em 1º de março em 1,341 bilhão de bushels (36,499 milhões de toneladas), 35% acima do observado no ano passado, quando a estimativa era de 994 milhões de bushels (27,054 milhões de toneladas).
Andrea chamou a atenção ainda para a previsão do USDA para a área de trigo, já que o desempenho do cereal tem influenciado o comportamento da soja. Analistas projetam que a semeadura de trigo cairá 2%, para 55,612 milhões de acres (22,505 milhões de hectares). “Fundos podem querer especular a respeito da área de trigo. Com as planícies do Sul mais secas, uma das razões para a alta de hoje (ontem) da soja, há especulação sobre o clima seco e possíveis atrasos no plantio.”
A possibilidade de área menor do trigo nos EUA não seria, todavia, altista para soja e milho no médio prazo. “Neste momento, o mercado provavelmente está processando só uma provável dificuldade climática durante a próxima temporada norte-americana”, apontou a analista. Além da preocupação com o clima seco no sul das Grandes Planícies, ocorrências de temperaturas baixas e neve no norte também são monitoradas por traders. Com o mercado focando o clima, até o atraso na colheita no Brasil voltou a chamar a atenção ontem. “Uma parte da alta se deve à percepção de que ainda falta colher pouco menos de 1/3 da safra, e que as condições estão desfavoráveis, com as chuvas recentes e previsões de mais chuva”, explicou Andrea. “O mercado de clima é o destaque.”
Contudo, a pressão sobre os preços na CBOT relacionada ao montante de soja que deixa de ser importada dos Estados Unidos pela maior competitividade da soja sul-americana persiste, destacou a consultoria Clarivi , em relatório semanal. A desvalorização do real perante o dólar tem tornado a soja brasileira mais competitiva quando comparada à oleaginosa dos EUA. “Há uma tendência natural de pressão negativa sobre os preços do grão. Se o USDA confirmar a possibilidade de crescimento na área a ser cultivada com soja na próxima safra nos Estados Unidos, então, essa pressão tende a se elevar”, assinalou a Clarivi. “Este será o principal direcionador dos preços da soja daqui para frente. Neste contexto, o acompanhamento do desempenho climático na América do Norte terá papel relevante sobre o movimento dos preços.”
Apesar da redução da competitividade norte-americana, o volume inspecionado pelo USDA para embarque ao exterior voltou registrar crescimento tanto na comparação mensal (+25,97%) quanto anual (29,20%), totalizando 655.720 toneladas na semana encerrada em 26 de março. Os números foram apresentados no relatório semanal de inspeção para embarques ao exterior do USDA. Andrea salientou que o resultado surpreendeu e contribuiu para a alta dos preços, mas não representa mudança na tendência de migração de importadores para a América do Sul.
COTAÇÕES DO COMPLEXO SOJA NA BOLSA DE CHICAGO
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CBOT/Agência Estado
No mercado doméstico, as oscilações do dólar ante o real limitaram a movimentação de soja, mas alguns produtores aproveitaram as máximas da moeda norte-americana para negociar alguns lotes. O dólar à vista no balcão fechou em baixa de 0,53%, a R$ 3,219, depois de chegar a subir para a máxima de R$ 3,283 (+1,45%), alcançada logo após a abertura. No começo da tarde, a alta do dólar começou a perder força e a moeda passou a registrar queda ante o real.
Em Mato Grosso, compradores ofereciam R$ 57,50/saca no spot em Sorriso quando o dólar estava subindo. A pedida foi reduzida a R$ 56/saca depois que a moeda norte-americana cedeu. Corretor da região contou não ter visto negócios nesses níveis de preço. Na semana passada, entretanto, rodaram 16 mil toneladas no disponível na região a uma média de R$ 56,54/saca. Para a negociação futura da safra 2015/16, havia propostas a R$ 58/saca para embarque em Sorriso em 15 de fevereiro e pagamento em 30 de março de 2016. Saíram 4 m il toneladas na segunda-feira. Como o dólar futuro também recuou, compradores optaram por abandonar negociações. Faltam poucas áreas ainda a ser colhidas no entorno de Sorriso, segundo o agente. Ele estimou que a produtividade média deve ficar em torno de 56 sacas/hectare na região.
No Paraná, rodaram lotes acima de mil toneladas na segunda-feira no disponível a R$ 66/saca, com pagamento em maio, e a R$ 65,50/saca, com pagamento curto, para retirada em Cascavel, valores cerca de R$ 1/saca acima dos observados na sexta-feira. Segundo corretor da região, os negócios foram fechados no melhor momento de CBOT e dólar. A pedida de compra em balcão na região somava R$ 60,50/saca. No Porto de Paranaguá, era possível fechar negócios no spot a R$ 72/saca (pagamento em maio) e R$ 71/saca (pagamento curto).
Na Bahia, têm saído vários negócios todo dia, porém de volumes pequenos, ressaltou o corretor Pedro Fagundes, da Assessoria em Mercado de Grãos (Asmeg). “O mesmo produtor vend e três lotes de 180 toneladas, 300 toneladas, na semana.” Em Luís Eduardo Magalhães, os acordos estão sendo fechados em torno de R$ 63/saca, com entrega imediata e pagamento contra a entrega ou até 15 de abril. Nos cálculos de Fagundes, rodaram 15 mil toneladas por semana nas últimas três semanas. Os negócios têm avançado mais para exportação, porque fábricas de LEM indicavam valores menores, de R$ 59/saca e R$ 60/saca. Para embarque em abril e maio e pagamento no fim de maio, havia propostas a R$ 64/saca (CIF) e R$ 64,50/saca (FOB) em LEM, mas o corretor salientou não ter visto muitos negócios nesse prazo até o momento. Com entrega no Porto de Aratu, era possível fechar acordos a cerca de R$ 8/saca a R$ 9/saca a mais do que no oeste baiano. Fagundes estimou que a colheita no município tenha atingido até 21% da safra até o momento, mas o forte dos trabalhos deve ser entre 5 e 10 de abril. Produtores estão de olho na chuva prevista para quinta-feira, depois que as precipitações que atingiram a região por duas semanas até quinta-feira passada atrapalharam os trabalhos no campo. “Se vier mesmo essa chuva que o pessoal está esperando, pode prejudicar a colheita, porque a previsão é de precipitações de quinta até o dia 12 de abril.” Quanto à negociação antecipada da safra 2015/16, foram assinados contratos na região recentemente a R$ 65/saca CIF e R$ 66/saca FOB base LEM, com retirada/entrega em abril e maio de 2016 e pagamento em maio do mesmo ano.
O indicador de preços da soja Esalq, calculado pela Esalq com base nos preços do mercado disponível em cinco praças do Estado do Paraná, fechou em alta de 0,53%, a R$ 65,96/saca. Em dólar, o indicador ficou em US$ 20,49/saca (+1,09%).
EVOLUÇÃO DE PREÇOS NO MERCADO FÍSICO DE LOTES
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Cepea/Agência Estado
MILHO
Leticia Pakulski – [email protected] São Paulo, 31/03/2015 – A volatilidade do câmbio futuro voltou a emperrar negócios antecipados da safrinha 2015 no Brasil. Em Mato Grosso, os preços chegaram a subir em relação à semana passada, mas quando o dólar futuro passou a recuar ante o real, compradores se afastaram do mercado. Compradores também começaram a semana mais cautelosos em comercializar grandes volumes, mesmo com o clima favorável na maioria das praças. No spot, os negócios se concentravam em regiões próximas de pontos de colheita da safra de verão. Com o avanço na retirada dos grãos, a disponibilidade de milho está aumentando. Na Bahia, entretanto, a perspectiva de quebra mantém os preços sustentados apesar da proximidade do período de pico de colheita.
Em Mato Grosso, o milho da safrinha 2015 teve comprador a R$ 17/saca para embarque em julho e agosto e pagamento no fim de outubro em Sorriso em momento de pico dos preços futuros e do dólar ante o real, mas não rodaram negócios. Quando o dólar caiu, comprad ores retiraram pedidas. Na semana passada, os preços praticados na região para esses prazos estavam em R$ 16/saca. Corretor de Sorriso relatou que vendedores estão mais hesitantes do que nas últimas semanas. “Tem que ver se o clima vai ajudar, se o milho vai ficar bom, se vai dar colheita”, explicou. O agente estimou que 55% da segunda safra deste ano da região já tenham sido comercializados antecipadamente. No disponível, o mercado estava mais lento. Compradores ofereciam R$ 15/saca para retirada em Sorriso, mas não atraíam interesse de venda. “Se os preços chegassem a R$ 16/saca, sairiam mais volumes”, assinalou. O clima é favorável para o desenvolvimento do milho de inverno na região. “Está quente, mas a chuva tem vindo em bons volumes.”
No Paraná, rodaram lotes acima de mil toneladas no spot em Cascavel a R$ 24,50/saca, com pagamento em 30 dias. Os preços eram semelhantes aos observados na semana passada. “Todo dia sai alguma coisa, a safra de verão está sendo colhida e e sses lotes estão chegando ao mercado”, explicou agente da região. Quanto à comercialização futura da safrinha 2015, era possível fechar negócio a R$ 24/saca em Cascavel para retirada em junho e pagamento em julho, mesmos valores do fim da semana passada, mas vendedores não aceitavam negociar. As chuvas do último fim de semana beneficiaram as lavouras de milho safrinha em desenvolvimento, conforme o agente.
Na Bahia, o mercado de milho está mais fraco desde a semana passada. Compradores indicavam R$ 25/saca para retirada imediata em Luís Eduardo Magalhães e pagamento após o embarque. “Produtor está mais voltado para a soja. O que está colhendo primeiro vende a oleaginosa para fazer caixa e continuar a colheita”, disse o corretor Pedro Fagundes, da Assessoria em Mercado de Grãos (Asmeg). Para milho a retirar em maio em Luís Eduardo e pagamento contra a retirada, compradores sinalizavam R$ 24/saca, mas vendedores falavam em R$ 25/saca. Produtores acreditavam que os preços recuar iam para R$ 21/saca e R$ 22/saca à medida que a colheita se aproximasse, mas isso não se confirmou. Agora resistem em negociar porque acham que as cotações podem subir mais. Vendedores têm a seu favor a perspectiva de escoar o produto para o exterior. Tradings indicavam R$ 24/saca para retirada em junho e julho na região, com pagamento no fim de julho, pressionando compradores do mercado interno a se equiparar a essas pedidas. A colheita do milho deve ganhar ritmo a partir de 10 a 15 de abril na região. Há previsão de novas chuvas em LEM a partir de quinta-feira.
Apesar de a maioria das praças relatar clima benéfico, o meteorologista Paulo Etchichury, sócio-diretor da Somar Meteorologia, projetou ontem que as condições climáticas para a safrinha de milho este ano vão desde risco de geadas em Mato Grosso do Sul e Paraná até chuvas entre abril e maio nos Estados de Mato Grosso e Goiás. A previsão foi feita durante palestra na 3ª Conferência do Agronegócio do BESI Brasil, reali zada em São Paulo. No caso de Mato Grosso e Goiás, as precipitações devem continuar ao longo de abril e cessar no fim do mês, mas episódios de chuvas também devem ocorrer em maio, podendo atrapalhar o início da colheita. Já no Paraná e em Mato Grosso do Sul, o frio deve começar mais cedo em 2015, com possibilidade de geadas já em maio e início de junho.
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS NO MERCADO FISICO
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Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros de milho fecharam em alta. Os ganhos foram sustentados pela expectativa de que o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) projete uma área plantada menor no país este ano. Segundo analistas, os preços baixos do grão após duas safras recordes devem fazer com que muitos produtores optem pela soja. O vencimento maio do milho avançou 3,50 cents (0,90%) e fechou a US$ 3,9450 por bushel. De acordo com analistas consultados pelo The Wall Street Journal, o USDA deve estimar a área plantada com o cereal em 88,684 milhões de acres (35,889 hectares), uma redução de 2,1% ante o ano anterior. Analistas acreditam que o USDA projetará estoque de 7,628 bilhões de bushels (193,751 milhões de toneladas) nos EUA em 1º de março, um incremento de 9% ante igual período do ano passado.
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