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Mais de 200 milhões de panetones serão vendidos. São milhões de toneladas de farinha, ovos, açúcar, leite, frutas cristalizadas etc. E um faturamento superior a R$ 1 bilhão
Nesta semana natalina ocorrem os dias mais longos do ano. No campo é tempo de colheitas. Poucos se dão conta: os produtos da agropecuária e da agroindústria garantem os símbolos, a ceia natalina e parte dos presentes, sobretudo os tecidos em algodão. Vive-se um verdadeiro Agronatal. Nada de mãos vazias.
O Natal coincide com o evento cósmico do solstício de verão. No 21 de dezembro, o sol atingiu seu maior distanciamento da Linha do Equador. E estacionou em seu aparente deslocamento para o Sul: sol-stício, sol estaciona. Agora, irá em direção oposta, ao Hemisfério Norte. Início de verão por aqui e inverno por lá.
Nesta semana, em São Paulo ou Mato Grosso do Sul por exemplo, foi possível avistar o disco solar, ao meio-dia, no fundo de um poço. Nessa hora, o sol atinge o centro, o ponto mais alto da abóboda celeste: o zênite, do árabe samt ar-ra’s, caminho acima da cabeça. Postes, pessoas e casas não apresentam sombra ao meio-dia. Essa ausência de sombras foi interpretada como um sinal cósmico do triunfo da luz sobre as trevas. É tempo de muita Iluminação.
Em seu caminho aparente de Leste a Oeste, no dia do solstício, o sol passou pelo zênite em Queensland (Austrália), no sul do Oceano Índico, em Madagascar e Moçambique, ao norte do Cabo (África do Sul) e da cidade de São Paulo. Esse caminho solar traça no solo o Trópico de Capricórnio. O cruzamento de estradas com essa linha imaginária está sinalizado com placas nas rodovias SP 70, SP 75, SP 255 e outras. Onde o Trópico de Capricórnio cruza a Rodovia dos Bandeirantes (SP 348), as placas são bem visíveis, na chegada e na saída da capital paulista. Poucos motoristas atentam e entendem seu significado. Who cares?
Neste tempo do Advento, em residências, comércios e áreas públicas, montaram-se presépios e árvores de Natal, instalaram-se luzinhas, decorações, flores e guirlandas verde-vermelhas, em meio ao verde-amarelo de bandeiras do Brasil.
Entre os primeiros símbolos natalinos levados do campo às cidades estão as árvores de Natal. No Brasil, são centenas de milhares de pinheiros, tuias e murtas, produzidos ao longo do ano por viveiristas, em vários tamanhos e formatos, para atender desejos e possibilidades do consumidor. Os pinheiros natalinos, sempre verdes, simbolizam esperança e vida. Sua forma triangular evoca a Trindade. O inventor da árvore de Natal foi São Bonifácio, o apóstolo dos germanos, lá pelos idos de 723, em Fritzlar, na Alemanha. Em pleno Advento, ele convenceu, pelo machado, povo e druidas a trocarem a veneração do deus Thor, no carvalho, pela do Menino Jesus, no pinheiro. São Bonifácio manteve a veneração vegetal, a fitofania, com outra árvore e divindade. Deu certo. O costume de plantar pinheiros para celebrar o nascimento de Jesus começou, estendeu-se pela Alemanha e ao mundo.
Se os trópicos importaram símbolos do Natal de regiões temperadas, também exportaram um vegetal natalino para a Europa e a América do Norte: a poinsétia, também conhecida como cardeal, flor ou estrela-do-natal. Originária do México, a planta é coroada por folhas semelhantes a flores vermelhas, muito vivas. Seu nome científico, Euphorbia pulcherrima, significa a mais bela das eufórbias.
Esse símbolo vegetal mexicano não veio dos astecas e sim de frades franciscanos, especialistas em novidades natalinas. Como a do presépio, inventado pelo próprio São Francisco ao celebrar o Natal e seus valores em Greccio, em 1223. A partir do século 17, no México, os frades utilizaram a poinsétia em comemorações natalinas e associaram suas brácteas vermelhas à estrela de Belém. Hoje, mais de 120 milhões de vasos servem a decoração natalina na Europa. Aqui, a poinsétia é a planta de decoração mais vendida no Natal. Enfeita shoppings, residências e espaços públicos. Na Cooperativa Veiling de Holambra, só na época do Natal, são vendidos 2 milhões de vasos. Sua produção é sempre em estufas.
Fonte: Revista Oeste