Serviço de controle de vacina contra febre aftosa

Serviço de controle de vacina contra febre aftosa faz parte da história do Laboratório Federal do RS

O Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA) localizado no bairro Ponta Grossa, em Porto Alegre, tem sua história ligada à erradicação da febre aftosa no país, que começou em 1964. Na época, foi criada a Unidade de Controle de Vacinas Hugo de Almeida Leme, no mesmo endereço do LFDA, e iniciada a vacinação de bovinos contra a doença no Estado.

Desde então, a instituição mudou mais de uma vez de nome, mas manteve sua vocação de trabalhar com testes de vacinas. “O laboratório é uma arma contra a aftosa. E é importante não só para o Rio Grande do Sul, mas para todo o Brasil, por fazer o controle de todas as vacinas contra a doença produzidas até hoje no país”, conta o ex-chefe do chamado Laboratório Regional de Apoio Animal no Estado (Lara-RS), Carlos Rafael Sfoggia, que dirigiu a unidade de 1979 a 2005.

Aos 80 anos, Sfoggia lembra de muitas histórias de superação, incluindo a volta da febre aftosa em Joia, no ano 2000, época em que o rebanho não era vacinado contra a doença no Estado. No ano seguinte, novo surto na Fronteira Oeste do RS levou ao sacrifício de milhares de animais e a vacinação foi retomada. Mas com um detalhe importante: o Ministério da Agricultura havia doado parte do estoque de vacinas ao Uruguai e à Argentina, e a produção brasileira, incluindo o trabalho do laboratório, teve de ser acelerado para atender o rebanho gaúcho.

“Foi um aprendizado gigantesco, uma situação de guerra”, detalha Marcus Vinícius Sfoggia, atual responsável técnico pelo Laboratório de Controle de Vacinas contra a Febre Aftosa do LFDA, e filho de Carlos Rafael. O trabalho ocorria em paralelo no laboratório e nas empresas, com acompanhamento dos testes in loco para validar os processos de fabricação. Para se ter uma ideia do impacto na produção, o Brasil demorou três anos para regularizar o estoque. “Valeu como experiência pra ver quando tem foco e reforçou a necessidade de ter estoque para situações de emergência”, pondera Marcus, que é auditor fiscal federal agropecuário (AFFA).

Com 44 anos de trabalho no laboratório localizado no bairro Ponta Grossa, em Porto Alegre, o AFFA aposentado José Ravison destaca o papel dos imunizantes contra aftosa produzidos no Brasil na erradicação da doença, que completa 15 anos. “Um dos indicadores de que a aftosa está sob controle no país é o fato de a vacina ser composta com os mesmos tipos de vírus há muitos anos”, detalha Ravison. Isso ocorre quando não há vírus circulando e, consequentemente, não há mutações.

A qualidade do imunizante também é destacada por Marcus Vinícius Sfoggia. “O Brasil é o maior produtor mundial e nossa vacina é de excelente qualidade. Uma das consequências é o próprio avanço do status sanitário do Brasil”, explica.  A testagem de todos os lotes fabricados no país faz do LFDA um laboratório de referência no mundo na vacina contra aftosa.

Soraya Elias Marredo, delegada do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários no Rio Grande do Sul (DS-RS ANFFA) e que já atuou no LFDA, diz que a mudança de status sanitário é consequência de uma atuação conjunta e que levou décadas de trabalho. “A erradicação da febre aftosa é resultado de um plano articulado pelo Programa Nacional de Vigilância para Febre Aftosa (PNEFA). Foi possível graças ao trabalho dos auditores federais agropecuários no laboratório, a campo, na superintendência e nas fronteiras, além dos técnicos da Secretaria da Agricultura, das federações e associações de produtores e dos próprios pecuaristas”.

Fonte: DS-RS ANFFA