O mercado da soja na Bolsa de Chicago, na sessão desta quarta-feira (20), realiza lucros após a disparada dos preços ontem. Após encerrarem com mais de 30 pontos de alta, na manhã de hoje, os futuros da oleaginosa perdiam entre 4 e 4,25 pontos nos principais contratos. Ainda assim, os vencimentos julho, agosto e setembro ainda atuavam no patamar dos US$ 9,90 por bushel.
Analistas explicam, porém, que as cotações continuam contando com fundamentos positivos como o clima adverso na América do Sul, a demanda crescente pelos produtos norte-americanos, além da volta dos fundos de investimento à ponta compradora do mercado.
Ao mesmo tempo, os traders acompanham ainda o desenvolvimento da nova safra dos Estados Unidos. Por hora, o início dos trabalhos de plantio contam com favoráveis condições climática, no entanto, as atenções estão concentradas na semeadura do milho.
“As previsões de clima continuarão a ser acompanhadas. Até esse momento, as útimas previsões indicam, no curto prazo, chuvas no Meio-Oeste americano, porém, mais adiante, o clima deverá contribuir para o andamento do plantio”, diz Bob Burgdorfer, analista de mercado do site internacional Farm Futures.
Veja como fechou o mercado nesta terça-feira:
Soja fecha com mais de 30 pts de alta na CBOT nesta 3ª com perdas na América do Sul e demanda
O mercado internacional da soja fechou a sessão desta terça-feira (19) com altas de mais de 30 pontos de alta nos principais vencimentos. Os preços foram internsificando seus ganhos ao longo do dia e conseguiram bater e romper o patamar dos US$ 9,90 por bushel nas posições mais distantes, e o maio/16, referência para a safra brasileira, fechou o dia acima dos US$ 9,80.
Os futuros da oleaginosa negociadas na Bolsa de Chicago são favorecidos por uma série de notícias que criaram um cenário positivo de fundamentos neste momento. Entre elas, a demanda mais intensa – principalmente pelos produtos dos Estados Unidos – e o clima na América do Sul afetando diretamente o quadro geral de oferta da safra 2015/16.
Além disso, os futuros do farelo e do óleo de soja também vêm subindo de forma bastante expressiva na CBOT, completando um quadro de força para os preços do grão, como explicam analistas de mercado. Ainda nesta terça, as altas do petróleo no exterior voltaram a aparecer e foram mais um combustível para a disparada das cotações no mercado futuro norte-americano.
Demanda nos EUA
Segundo explicou a analista de mercado Andrea Cordeiro, da Labhoro Corretora, novas vendas de soja em grão e farelo anunciadas nesta terça pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) foram muito bem recebidas pelos traders e estimularam ainda compras de posições por parte dos fundos de investimento de forma bastante consistente.
Foram vendidas ainda 380 mil toneladas de soja para o México, sendo 47,5 mil da safra atual e mais 332,5 mil da nova temporada. E também para destinos não revelados foi anunciada a venda de 105,412 mil toneladas de farelo de soja. Da temporada 2015/16 foram 55,212 mil toneladas e, da 2016/17, 50,2 mil toneladas.
“Os prêmios no Golfo do México e no Pacífico Norte estão mais atrativos para os importadores, a indústria americana está comprando e os produtores, que ainda não estão mergulhados nos trabalhos de plantio, estão aproveitando os bons momentos de preços e se mostram dispostos às vendas e assim, vão a mercado”, explica Andrea. “Então, a demanda se volta para os EUA já que a competitividade do Brasil acaba ficando menor neste momento”, completa.
Clima na América do Sul
No Brasil, faltam chuvas para concluir o ciclo da safra 2015/16 na região Matopiba – em função da atuação de um bloqueio atmosférico ma região Central do país, previsto para se estender, pelo menos, até o final desta semana – e na Argentina, o excesso de precipitações.
E as últimas previsões climáticas indicam a continuidade tanto do padrão de tempo firme e quente no Brasil e do excesso de chuvas nos demais países ao Sul da América Latina, como mostram os mapas abaixo. A situação, portanto, acaba estimulando as compras de fundos de investimento, que também contribuem para o avanço dos preços.
No país vizinho, as perdas estimadas por conta de condições de muita umidade e inundações variam de 3 milhões até impressionantes 10 milhões de toneladas. A colheita, dentro deste contexto, está suspensa e já registra o maior atraso em 10 anos. Dia a dia, portanto, as lavouras vêm perdendo qualidade e os embarques, seja da soja em grão ou de seus derivados, também estão atrasados.
O atraso na chegada dos três produtos, ainda de acordo com analistas internacionais, poderia estimular a demanda pelos produtos norte-americanos, já que reduz a competitividade argentina, mesmo que momentâneamente, e também favorecer o andamento dos preços em Chicago, o que já pôde ser observado nas vendas anunciadas nesta terça.