O movimento intenso de realização de lucros observado na última sexta-feira (22) entre os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago parece continuar nesta segunda-feira (25), porém, de forma menos agressiva. Na sessão de hoje, por volta das 7h20 (horário de Brasília), os vencimentos mais negociados perdiam entre 4 e 4,75 pontos, e apenas os contratos julho/16 e agosto/16 mantinham o patamar dos US$ 9,90 por bushel.
As fortes altas registradas na última semana, que levaram as cotações a superar os US$ 10,00 por bushel trouxeram os fundos de investimento de volta às compras de posições e que agora desfazem-se de parte delas, provocando esse movimento negativo no mercado, entre outros fatores.
No cenário climático da América do Sul, as últimas previsões mostram uma redução das chuvas na Argentina – o que também pressiona os preços – e nos Estados Unidos, onde a nova temporada começa a ser semeada, as condições seguem se mostrando favoráveis, o que também acaba ajudando a pressionar a oleaginosa na CBOT.
E neste início de semana, pesa ainda sobre o mercado internacional de grãos a baixa do petróleo, passando de 1% nesta segunda-feira, bem como a baixa das ações chinesas diante de investidores mais avessos ao risco.
Veja como fechou o mercado na última semana:
Soja: Mercado tem forte realização de lucros nesta 6ª feira e perde mais de 30 pts em Chicago
A sexta-feira (22) foi de forte queda aos preços da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT). Durante o pregão, as principais posições da commodity ampliaram as perdas e encerraram o dia com desvalorizações entre 11,75 e 31,75 pontos. Todos os vencimentos da oleaginosa ficaram abaixo dos US$ 10,00 por bushel. O contrato maio/16 era cotado a US$ 9,87 por bushel, enquanto o agosto/16 era negociado a US$ 9,98 por bushel.
Ainda assim, o saldo da semana foi positivo aos preços da oleaginosa, de acordo com o levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Bittencourt Lopes. Mesmo com as perdas contabilizadas nesta sexta-feira, as cotações da soja acumularam altas de mais de 3% durante essa semana em Chicago.
E exatamente por isso, o mercado exibiu um forte movimento de realização de lucros hoje depois dos ganhos registrados recentemente, conforme ressalta o analista de mercado da Société Générale, Stefan Tomkiw. “Os preços subiram muito, especialmente nessa semana e retomaram o patamar que não era visto há um tempo, de US$ 10 por bushel. Com isso, encontramos um grande fluxo de vendas hoje. E, inclusive, podemos ter um movimento de correção mais forte na próxima semana e as cotações podem voltar ao nível de US$ 9,60 por bushel”, explica o analista.
Além disso, outro fator que foi destaque nas agências internacionais essa semana foi o clima na Argentina. Depois das chuvas recentes, que causou inundações em muitas áreas e até mesmo relatos de perdas na safra, as previsões climáticas indicam um menor volume de chuvas para o país nos próximos 16 dias. A província de Entre Rios poderá registrar um acumulado máximo de apenas 60 mm. E o tempo seco prevalecerá nas demais áreas agrícolas, conforme apontam as previsões.
“O processamento geral sobre o exagero das 10 milhões de toneladas de perda na soja na Argentina associado à diminuição expressiva das chuvas previstas para o país nos próximos 16 dias, que favorecerá no processo de escoamento da umidade, e permitirá pontos de colheita em algumas regiões, o mercado devolveu quase 32 centavos do movimento de alta”, informou a Labhoro Corretora em seu boletim diário.
“Nós até estamos vendo algumas reduções na América do Sul para a soja, mas ainda temos grandes estoques”, disse Benjamin Bodart, diretor da CRM Agri-Commodities, em entrevista à Bloomberg. “Com isso, o mercado está de volta à realidade agora, volta aos fundamentos”, completa o diretor.
Ainda nesta quinta-feira, a Bolsa de Cereales reportou que a colheita está completa em 16,4% da área semeada no país nesta temporada. Em comparação com a semana anterior, os trabalhos nos campos evoluíram apenas 1,2% e representa um atraso de 29,6% em relação ao ano anterior. Para a instituição, a safra argentina deverá somar 56 milhões de toneladas de soja neste ciclo.
“Junte se a esses fundamentos, um fator macro importante como o dólar index que durante o dia negociou em alta, motivo que favoreceu o recuo de commodities. Além disso, hoje expiraram as opções do maio e alguns ajustes para melhor rentabilidade foram promovidos. E mais importante ainda foi o grupo CME ter anunciado que aumentará as margens de garantia para os futuros de soja e farelo após o fechamento desta sexta-feira. Na dúvida sobre os valores a vigor, os fundos promoveram uma espécie de liquidação de posições excessivas aproveitando para colocar dinheiro em caixa”, reportou a Labhoro Corretora.
Em relação à nova safra norte-americana, os investidores ainda acompanham o comportamento do clima nos Estados Unidos. “Temos algumas preocupações em algumas localidades, mas, por enquanto, o clima ainda é satisfatório”, acrescenta Tomkiw. Em seu último relatório de acompanhamento de safras, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) não trouxe os números de plantio no caso da oleaginosa. Isso porque, ainda nesse momento, os produtores americanos dão preferência à semeadura do milho.
Mercado interno
A forte queda registrada nos preços no mercado internacional acabou refletindo nas cotações praticadas no Porto de Rio Grande. Nesta sexta-feira (22), a saca da soja disponível caiu 1,61% e fechou o dia a R$ 79,50, já o preço futuro permaneceu estável em R$ 85,50 a saca. E nem mesmo a alta do dólar conseguiu sustentar os valores.
A moeda norte-americana encerrou o dia a R$ 3,5703 na venda, com valorização de 1,07%. Na semana, o ganho foi de 1,31%, conforme informou a agência Reuters. Hoje, o suporte veio da atuação do Banco Central e com os investidores preferindo estratégias mais defensivas enquanto observam os desdobramentos da política brasileira. A sessão foi marcada pelo baixo volume de negócios entre o feriado e o final de semana.
Apesar da desvalorização, o balanço semanal aponta para altas nos preços praticados em grande parte das praças brasileiras. No Oeste da Bahia, por exemplo, a alta semanal foi de 11,28%, com a saca da oleaginosa a R$ 72,33. Em Sorriso (MT), o ganho ficou em 8,33%, com a saca a R$ 65,00. Em Cascavel (PR), o valor praticado apresentou alta de 5,43% e a saca do grão fechou a semana a R$ 68,00.
Em outras importantes regiões, como Não-me-toque (RS) e São Gabriel do Oeste (MS), os preços subiram 4,62% e 4,07% e fecharam a semana a R$ 68,00 a saca e R$ 64,00 a saca, respectivamente. Na contramão desse cenário, em grande parte das praças paulistas os preços recuaram. Esse é o caso de Avaré (SP), onde a cotação caiu 4,17% e a saca da soja ficou em R$ 67,41.
Ainda essa semana, a consultoria AgRural informou que a colheita da soja alcançou 90% da área semeada nesta temporada no país. Os trabalhos nos campos estão em linha com o registrado no mesmo período do ano anterior, de 91% e acima da média dos últimos cinco anos, de 88%.
Fonte: Notícias Agrícolas