Sonho da apicultura mais próximo após capacitação

A história do jovem produtor João Paulo Antero de Carvalho, 36 anos, com a apicultura teve várias idas e vindas, mas sempre com uma trajetória de coincidências até que ele, finalmente, encontrasse sentido na atividade. A primeira delas foi ainda criança, ao acompanhar a tia que vivia da produção, conquistar sustentabilidade e falar muito bem da cadeia produtiva. “Ela falava com orgulho do que fazia. Como eu era muito novo, eu até tinha certa curiosidade, mas aquilo não fazia parte dos meus planos”, comentou João.

Os caminhos se cruzaram pela segunda vez em 2018 quando o ex-comerciante por 10 anos
no ramo de açougues decidiu deixar o empreendimento e ter mais acesso à propriedade rural da família, a Fazenda Recanto dos Pássaros, em Felixlândia, a fim de ajudar a mãe na rotina de cuidados com o pai, que estava em tratamento contra o câncer. “Precisava pensar também em sustentabilidade, só que o coração estava longe”, lembra. Foi quando João Paulo visitou o Sindicato dos Produtores Rurais de Curvelo em busca de orientação. Com a programação dos cursos gratuitos em mãos, vieram as primeiras certificações em Manejo de abelhas e processamento de mel e cera, Boas Práticas da Produção de Mel e Produção de Pólen e Própolis.

“Cheguei a comprar alguns itens para o manejo e a dar início ao processo, mas neste mesmo período meu pai veio a falecer. Foi um período difícil, ficou um vazio. Tudo na roça me lembrava ele, o que fez com que eu me desligasse do meio rural por um tempo”.A atividade profissional começou quase por acaso. Em meio à pandemia, e com o comércio parado, enxergar a apicultura com mais profissionalismo foi o respiro que precisava. “O
agronegócio não para”, contou, animado.

Produção 2022 foi o ano da virada para a empresa familiar batizada com um nome que desperta curiosidade: Kimelzão. “A produção ainda é pequena, mas os sonhos são grandes”, disse o jovem, referindo-se às primeiras colheitas que renderam 44 quilos de mel, em um total de seis colmeias. Na segunda colheita foram 145, sendo o total de 350 quilos e 9 colmeias em um ano, o equivalente a mais de 30 quilos por caixa. “Isso me animou demais. Hoje, com o envolvimento da família, penso em diversificar os produtos e comercializar também a própolis e balas de mel com uma receita famosa da avó”, disse.

Para complementar a receita, ele ainda ofereceu ajuda no manejo do apiário de uma propriedade rural na vizinhança, tendo como retorno 50% de toda produção que segue para comercialização em padaria, bares, feiras e na sede da fazenda junto aos turistas que
vão a procura de cachaças e doces elaborados pela mãe. O produtor reconhece que foi um longo processo até aqui, mas tudo faz mais sentido agora. “O comércio me deu muita bagagem em relação aos aspectos de compra e venda e trato com o cliente, e sem o conhecimento técnico que adquiri com o Sistema Faemg Senar nada disso estaria acontecendo", comentou.

A expectativa do produtor é entender mais sobre mercado e avançar em produtividade e rentabilidade. Com isso, em 2023, a meta é chegar a 1.200 quilos/ano com 24 caixas de abelha. As abelhas ensinam coisas extraordinárias todos os dias e isso mexe muito com a cabeça da gente. São lições de adaptação, cooperação, trabalho em equipe. Me identifiquei. Além disso, me sinto realizado em ter a oportunidade de trabalhar com um alimento nutritivo, saudável e necessário para o ser humano”, completou. Caminho certo A produção de mel de abelha e derivados em Minas Gerais tem se mostrado uma atividade alternativa de renda para os produtores rurais e está em franca expansão, elevando o estado à 6ª posição no ranking nacional de produtores de mel. A produção total chega a 4.584 toneladas. Em 2021 as exportações saltaram de 2,1 mil para 4,1 mil toneladas e o faturamento foi de US$16,3 milhões.

Para o produtor que deseja otimizar a produção, tendo conhecimento dos reais custos de cada etapa, a dica do técnico de campo Márcio Cabral Akagawa Assistência Técnica é se inscrever na Assistência Técnica e Gerencial do Sistema Faemg Senar. “O Programa ATeG Apicultura mostra a direção com base em dados e informações estratégicas que levam a análises importantes a respeito do que precisa ser melhorado e aprimorado, sempre em busca de maior lucratividade e redução de custos”.

Fonte: Jo Moreira FAEMG