Suinocultores independentes incorporam medidas para diminuir produção

Demanda gerada a partir da peste suína da China hoje está parada no mercado interno. Produtores independentes começam a rever quantidade de leitões alojados em sua granja.

Com capacidade de alojar sete mil animais, a propriedade JMJ precisa “conter” a produção de suínos diante das dificuldades vivenciadas pela suinocultura independente. “O setor está passando por momentos bem complicados, principalmente em função do aumento do custo de produção”, afirma a suinocultora Jenifer Gish, da Granja Gish, localizada na Linha Neuhaus em Novo Três Passos, distrito de Marechal Cândido Rondon (PR).

Mercado interno não absorve

A decadência do setor, para além dos elevados custos de produção, é um reflexo dos investimentos feitos durante períodos promissores da suinocultura nacional. “A peste suína atingiu a China há cerca de quatro anos e, naquele momento, os produtores fizeram investimentos no setor aqui no Brasil, o que aumentou a produção tanto em quantidade quanto na melhora dos resultados. A grande quantidade de animais que temos hoje tinha a China para escoamento da produção. Por fim, o país chinês está se restabelecendo e os suinocultores brasileiros ‘perderam’ esse mercado”, menciona.

Como consequência, Jenifer explica que o mercado interno não tem conseguido absorver a oferta de suínos. “Nosso consumo per capita hoje está em torno de 18,75 quilos e não consegue absorver todo esse excedente. Os consumidores internos estão com o poder de compra muito baixo e isso impacta na saída da produção”, pontua, acrescentando que é preciso abrir espaço para o consumo da proteína suína. “Hoje você encontra carne suína, tipo picanha, em torno de R$ 15. A carne suína está mais barata e é uma boa opção, além de ser muito nutritiva, porque também tem pouca gordura”, destaca.

Prejuízo de R$ 350 por animal

Combinando a falta de mercado com os custos de produção elevados, a suinocultora pontua que a alternativa é vender o animal o mais cedo possível. “Os custos de produção estão em torno de R$ 750 por animal e a venda tem acontecido a R$ 4 ou R$ 4,5/quilo. Então, acaba acumulando um prejuízo de R$ 350 por cabeça. Assim, quanto antes o suinocultor vender o animal menor é o prejuízo dele”, pontua.

A equação entre comercialização e custo de produção só deve melhorar com uma boa safra, de acordo com Jenifer. “Esperamos que a safra que está sendo implantada não sofra com eventos climáticos prejudiciais para que a gente consiga reduzir os custos de produção”, amplia, emendando que o farelo de soja é um dos ingredientes presentes na alimentação do suíno e está caro. “Tudo é dolarizado”, reforça.

Mudanças na produção

As medidas, segundo ela, deveriam ser incorporadas por todos os suinocultores para que o ramo se mantenha viável em médio e longo prazo. “Não é só o suinocultor independente que vem sofrendo, mas também as integrações e os demais segmentos da área lidam com esses mesmos problemas”, enfatiza.Para amenizar os impactos, a Granja Gish tem implementado algumas medidas na produção. “Mudamos as dietas, reduzimos o peso do abate e diminuímos o número de matrizes. O peso dos animais para abate era de 130 quilos, está em 115 quilos e buscamos diminuir mais ainda. Quanto às matrizes, vamos diminuir em torno de 15%”, detalha.

Fonte: Granja Gish