por* Renato Agnelo
A beterraba é cultivada em locais de clima ameno geralmente associada às altitudes elevadas ou no período do inverno, dependendo da região. No Estado de São Paulo a beterraba é cultivada nas regiões de Piedade, São José do Rio Pardo e Mogi das Cruzes. No Paraná, nas regiões de Marilândia do Sul e metropolitana de Curitiba.
Em Santa Catarina, nas regiões de Urubici e Planalto Norte. No Rio Grande do Sul, em Caxias do Sul e em Minas Gerais, nas regiões de São Gotardo e Carandaí. Juntos, esses Estados respondem por 90% da produção nacional.
Produtividade
A produtividade da beterraba é em função da tecnologia adotada. Foi uma das últimas olerícolas que adotou sementes híbridas. A produtividade varia de 15 a 40 toneladas de raízes por hectare, sendo que as menores produtividades são obtidas no período chuvoso e quente e as maiores no período de inverno, com predomínio de frio e seca.
O cultivo é limitado por chuvas e clima quente. Temperaturas acima de 30ºC limitam o desenvolvimento da beterraba, que é adaptada para climas frios (suporta geadas leves, sendo uma boa opção de cultivo para regiões com essa ocorrência).
No Brasil, a beterraba é produzida com a finalidade para consumo in natura. As raízes, após a colheita, são lavadas e classificadas para a comercialização. Em algumas regiões (principalmente nas feiras livres e quitandas) a beterraba é comercializada em maços (planta inteira – folhas e raízes).
Oferta e demanda
Até alguns anos, a oferta de beterraba era bem delimitada, sendo as maiores ofertas no segundo semestre (julho a dezembro) e as menores ofertas no primeiro semestre (janeiro a junho), com pequenas oscilações em cada período.
Essa ocorrência era em função do clima, sendo que as chuvas com início em outubro no centro-sul limitam o plantio e reduzem a produtividade (maior incidência de doenças fúngicas e desequilíbrio nutricional), impactando na oferta a partir de janeiro (semeaduras a partir de outubro iniciam colheita em janeiro – ciclo de 60 a 80 dias).
As chuvas se estendendo até março continuam a impactar a oferta até junho. A partir de abril, quando o clima fica ameno e seco (menor impacto das doenças fúngicas e melhor equilíbrio nutricional), a produtividade e a oferta aumentam (plantios de abril iniciam colheita em julho) e estendem-se até o plantio de setembro, com colheita em dezembro.
Tecnologias
Para o produtor, os melhores valores para as raízes de beterraba são no primeiro semestre. Algumas regiões, buscando melhorar a produtividade, lançaram mão de plantios por mudas (a beterraba é uma das poucas olerícolas de raízes que aceita o transplante), mas o custo de produção elevado (mão de obra e formação de mudas) e menor qualidade de raízes limitam essa modalidade de plantio.
Em algumas regiões, iniciou-se a adoção de câmaras frias para armazenar raízes de beterrabas no segundo semestre (fuga de preços menores) e ofertar no primeiro semestre (presença de melhores preços), o qual tem trazido maior estabilidade para o mercado consumidor.
Evolução do cultivo
Até o início dos anos 2000 a beterraba era cultivada basicamente por meio de cultivares de polinização aberta (OP) e as produtividades eram menores. Então, a cultura teve expansão em área entre os anos 80 e 2000, chegando a 15.000 hectares no Brasil.
Com a introdução das cultivares híbridas, a área teve uma retração a partir dos anos 2000 (maiores produtividades), estabilizando-se em aproximadamente 10.000 ha anualmente.
O consumo de beterraba é baixo, pois a maioria da população desconhece os benefícios que esta olerícola traz para o bem-estar humano. O consumo per capita não chega a 2,0 kg por habitante/ano.
Exportação e Importação
O comércio exterior de raízes de beterraba é pequeno. As exportações e importações entre os países do cone sul (Brasil x Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai) não ultrapassam US$ 100.000 anualmente, o que corresponde a uma média de 250 toneladas (10 hectares) de comércio entre o Brasil e demais países.
Custo de produção e rentabilidade
O custo de produção de beterraba está dividido em preparo do solo (10%); sementes (15%); fertilizantes e corretivos (25%); defensivos (20%); irrigação (10%) e colheita (20%). Os custos variam, em geral, de R$ 10.000/ha (baixa tecnologia) até R$ 20.000/ha (alta tecnologia).
A rentabilidade da cultura ocorre em função de vários fatores, os quais irão influenciar diretamente, sendo estes:
- Produtividade – quanto maior a produtividade, menor será o custo de produção e maior a rentabilidade. A produtividade é afetada por altas temperaturas, excesso de chuvas, adubação em não conformidade com as necessidades e recomendações, ocorrência de doenças fúngicas, nematoides e cultivares com menor uniformidade e menor tolerância às doenças.
- Clima – quanto mais amena é a temperatura e menos incidência de chuvas, melhor é a produtividade. Mas, se a oferta for alta, os preços serão baixos e poderão não equilibrar com os custos de produção. Em condições de chuvas em excesso a produtividade é menor e os preços são melhores, então o segredo é se aliar às chuvas e produzir mais para ter maior rentabilidade.
O armazenamento em câmaras frias tem sido uma alternativa para ofertar as raízes em épocas de menor oferta. Outra opção é aumentar a industrialização da beterraba visando aproveitar a produção, principalmente em épocas de maior oferta.
As tendências para 2021 são de aumento de consumo de beterrabas em função de maior conhecimento das propriedades nutracêuticas dessa olerícola.
*Renato Agnelo Engenheiro agrônomo, MSc em Produção Vegetal e pesquisador independente
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Fonte: Campo e negocio