Mariateresa Maschio é a nova presidente da Federe Unacoma, da Itália.
Mariateresa Maschio é a nova presidente da Federe Unacoma (Federação Nacional dos Fabricantes de Máquinas Agrícolas e de Jardinagem e Componentes Relacionados da Itália). CEO da empresa Mascar, ela foi eleita no passado dia 3 de julho pela assembleia geral da Federação. Primeira mulher a presidir a FederUnacoma, Mariateresa Maschio é licenciada em Relações Públicas pela Universidade IULM de Milão. Confira a seguir sua entrevista exclusiva para o Agrolink – a primeira da dirigente a um veículo estrangeiro:
Quem é Mariateresa Maschio e qual foi sua trajetória na indústria até agora?
Sou uma empresária que sempre viveu no mundo das máquinas agrícolas. Meu pai foi co-fundador de uma das empresas mais conhecidas no setor de equipamentos e, junto com ele, fundamos a Mascar em 1998, uma empresa especializada em máquinas de ceifa e semeadoras, na qual estou pessoalmente envolvida como diretora administrativa. As máquinas agrícolas são meios complexos e engenhosos, e também podemos chamá-las de tecnologias ‘éticas’, porque servem para tornar a terra mais produtiva. São também refinados no design… enfim, são um produto da mecânica que me fascina e sempre me fascinou.
Qual a importância de eleger a primeira mulher à frente da FederUnacoma?
Particularmente após a Segunda Guerra Mundial, nosso setor se desenvolveu graças a uma geração de empresários da mecânica, artesanato e agricultura, setores exclusivamente masculinos. No entanto, grande parte de nossas empresas manteve uma estrutura familiar, o que fez com que gerações de filhos e filhas herdassem os negócios de seus pais. Considero importante que muitas mulheres da maquinaria agrícola tenham aceito com naturalidade e entusiasmo liderar empresas familiares, num contexto em que, aliás, existe um número significativo de mulheres gestoras a ocupar cargos importantes. A gerente-geral da FederUnacoma é a senhora Simona Rapastella, e tudo isso fala de um setor que valoriza o talento feminino. Afinal, o próprio termo ‘agricultura’, em língua italiana, é feminino, e isso é um bom presságio!
Quais são seus planos e projetos de gestão?
O presidente Alessandro Malavolti, no cargo há seis anos, trabalhou fortemente na internacionalização das empresas, impulsionando a Federação a explorar novos mercados e fortalecer sua atividade expositiva comercial, desenvolvendo um sistema de relacionamento com instituições e atores políticos estratégico para nosso setor. Pretendo dar continuidade a este trabalho, intensificando a colaboração com países da América Latina mas também do Extremo Oriente e do Mediterrâneo, e abordando questões emergentes como a transição para o digital e a robótica, a multifuncionalidade, a investigação e a formação profissional.
Que desafios vislumbra para o setor de máquinas agrícolas?
A maquinaria agrícola é o setor mais estratégico de todos, porque dela depende a segurança alimentar do Planeta e a preservação dos recursos naturais. Em 2050 serão cerca de 10 mil milhões de habitantes, e a produção agrícola terá de crescer de um mínimo de 50 para um máximo de 70 por cento, mas com recursos hídricos muitas vezes insuficientes e solos a perder matéria orgânica e, consequentemente, fertilidade. As máquinas são a única ferramenta que conciliará o crescimento da produtividade com a sustentabilidade ambiental. Além disso, as biomassas de origem agrícola e as centrais agrovoltaicas instaladas em terrenos agrícolas terão de ser utilizadas para combater os gases com efeito de estufa, enquanto as matérias-primas biodegradáveis de origem vegetal serão cada vez mais procuradas pela indústria. Todas essas novas cadeias de suprimentos exigem mecanização específica.
O que está sendo preparado para a próxima EIMA (Exposição Internacional de Máquinas Agrícolas de Bolonha, Itália)?
A estrutura da FederUnacoma já está trabalhando para a edição de novembro de 2024, que deve confirmar os resultados recordes do último evento. A EIMA de Bolonha é uma feira em que os fabricantes participam com todas as suas novidades, sendo por isso um evento de elevado conteúdo técnico. A inovação, no entanto, merece ser promovida e divulgada de forma mais ampla, pelo que daremos ainda maior importância ao concurso de Inovação Técnica, às áreas de demonstração ao ar livre, às secções dedicadas ao digital e à robótica e ao programa de conferências e seminários especificamente dedicados às tecnologias de nova geração. A cultura da mecanização agrícola deve difundir-se a todos os níveis, entre os técnicos e agricultores, mas também entre os estudantes, o mundo político e os representantes das instituições que terão de fazer as escolhas estratégicas para o futuro do Planeta.
Por: AGROLINK – Leonardo Gottems