A Universidade de Passo Fundo (UPF), na região Norte do Rio Grande do Sul, formalizou parceria com a Begreen para a instalação de usina-escola que produzirá cerca de 2.000 toneladas anuais de amônia verde. Com entrada em operação prevista para 2026 e investimentos de R$ 50 milhões, a iniciativa prevê não apenas a produção do insumo, mas também testes em laboratório e em campo. A ideia é que sejam testadas várias formulações, dosagens, além da aplicação em culturas diferentes, promovendo estudos para entender o real potencial de fertilizantes nitrogenados em solos brasileiros.
Segundo a reitora da UPF, Bernadete Maria Dalmolin, a iniciativa se soma aos objetivos da própria universidade em buscar, na ciência e no conhecimento, alternativas que atuem para um futuro mais sustentável para a humanidade. “A UPF vem, ao longo dos últimos anos, potencializando e investindo em ações e iniciativas que unam o conhecimento gerado na academia com as demandas da própria sociedade. Esse movimento parte do nosso desejo de contribuir para uma educação melhor e, por consequência, para uma sociedade melhor. Pensar no meio ambiente e em alternativas para sua preservação estão neste contexto”, observa.
A Begreen é constituída a partir da fusão da Migratio Bionergia, Phama Energias Renováveis e Torao Participações. A usina terá como objetivo produzir amônia não mais a partir do hidrogênio proveniente do gás natural, mas sim do hidrogênio proveniente da água, reduzindo a emissão de gás carbônico, responsável pelo efeito estufa. O resultado esperado é a produção de alimentos com menos emissão de carbono, minimizando o impacto ambiental, o aquecimento global e com possibilidade de reduzir custos de produção.
“A expectativa é que as lavouras tenham um ganho de produtividade de até 20% com a utilização da amônia verde”, afirma Fabio Saldanha, sócio-diretor do Migratio Bioenergia. Outro objetivo será produzir diferentes fertilizantes a partir da amônia, de acordo com o que melhor se aplica às características do solo e das culturas em questão.
Projeto Amônia Verde
A usina-escola integra o Projeto Amônia Verde, parte das ações do TecnoAgro, criado em 2021 por instituições públicas e empresas da área com o objetivo de promover o desenvolvimento regional através da transferência de tecnologias.
A intenção da iniciativa é proporcionar uma agricultura mais limpa e, ao mesmo tempo, fazer com que o Brasil se torne independente de outros países na importação de nitrogênio. Atualmente, o país importa 95% do nitrogênio utilizado principalmente como fertilizante (uréia). A Conferência do Clima das Nações Unidas (ONU), da qual o Brasil é participante, propôs uma meta de redução de 50% das emissões dos gases associados ao efeito estufa até 2030 e neutralização das emissões de carbono até 2050.
Fonte: Ana Cláudia Capellari