Agricultura conta com medidas alternativas para preservação do recurso
No Brasil, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, Departamento de Economia, Administração e Sociologia, o PIB do ramo agrícola aumentou 15,88% no ano de 2021, frente a 2020. O setor, influente na economia do país, também é responsável pelo uso constante de recursos hídricos, e na semana que é marcada pelo Dia Mundial da Água, em 22 de março, a discussão do uso consciente deste recurso ganha força. Para a professora de agronomia da Una Itumbiara, que faz parte da Una microrregional Triângulo Mineiro e Goiás, e integra o ecossistema Ânima Educação, Obede Rodrigues, por meio das diversas tecnologias atuais é possível incentivar o uso consciente da água e ainda assim manter, e até mesmo aumentar, a produtividade do agro.
O processo agrícola evoluiu de preparação do solo e plantio manual, para plantações modernas que buscam garantir a produtividade, eficiência, segurança alimentar e conservação ambiental. Segundo Obede, em todo este procedimento, o maior gasto hídrico concentra-se na irrigação dos cultivos, e para fazer uma economia da água nesta etapa é necessário conhecer as necessidades hídricas de cada cultura. “Este entendimento inicial é essencial pois irá possibilitar que o agricultor tenha noção dos investimentos para se ter um uso mais consciente. Por exemplo, a soja é uma das campeãs, com 1,8 mil litros de água para cada quilo produzido, então quem trabalha com este tipo de produto necessita de tecnologias e processos diferentes de produtores de outras culturas”, explica ela.
De acordo com a especialista, conhecendo de forma detalhada o que é cultivado, é possível dar um outro passo importante para implantar maneiras alternativas de uso sustentável da água, o planejamento. “Assim, é possível desenvolver um projeto de irrigação adequado. Por exemplo, nas fruticulturas, a técnica de gotejamento que entrega as quantidades ideais de água de acordo com as fases do cultivo, no momento certo e diretamente na raiz da planta, tem se mostrado mais eficiente e vem aumentando a produtividade. Então, é importante escolher o processo de irrigação adequado para cada tipo de cultura, e sempre que possível, evitar métodos como aspersão convencional, um sistema básico de irrigação que utiliza tubos em toda a área plantada, e também a técnica de inundação em que é depositado uma lâmina de água em compartimentos formados nas plantações”, compartilha Obede.
A especialista também exemplifica outras medidas alternativas. “É possível repensarmos os manejos do solo, como o uso da cobertura vegetal, uma técnica simples que evita a perda de umidade da terra para a atmosfera, reduzindo a necessidade de irrigação. Além disso, o reflorestamento das matas ciliares é uma ótima prática, pois a presença das árvores facilita a infiltração da água no solo e favorece a recarga dos lençóis freáticos e aquíferos”, detalha Obede.
Por fim, a especialista reforça também que os agricultores contam atualmente com uma grande aliada na tarefa de reduzir o consumo de água: a tecnologia. “Existem infraestruturas e tecnologias criadas objetivamente para diminuir o desperdício de recurso hídrico e manter a produtividade. A construção de reservatórios ou barragens é uma técnica muito utilizada, em que se armazena a água no período chuvoso para ser usada posteriormente na irrigação. Outra solução é a agricultura de precisão, em que é possível fazer um monitoramento, por meio de sensores, da umidade do solo em tempo real e irrigar apenas aquelas áreas que realmente estão com uma perda de umidade maior”, explica Obede.
Fonte: Redação GA Comunicação