Quando pensamos em adubação potássica, lembramos principalmente das fontes químicas de potássio como o cloreto, sulfato e nitrato de potássio. Entretanto, existem diversas outras fontes de potássio que podem ser usadas na agricultura e que proporcionam diferentes benefícios, como as fontes de potássio minerais.
As fontes minerais usadas na produção de fertilizantes potássicos
As fontes minerais de potássio têm ganhado cada vez mais espaço nas indústrias de produção de fertilizantes potássicos, uma vez que grande parte delas possuem a liberação gradual de nutrientes.
A liberação gradual possibilita que os nutrientes permaneçam no solo por um longo período de tempo e oferece diversos benefícios, podendo:
- Manter os níveis de potássio no solo estáveis por mais tempo;
- Ser menos suscetíveis a sofrer perdas por lixiviação;
- Reduzir a retenção indesejada de potássio no solo;
- Reduzir custos com aplicação.
Veja a seguir algumas das fontes de potássio mineral que podem ser usadas na adubação e que podem ser capazes de oferecer esses benefícios:
1. Feldspatos potássicos
Os feldspatos potássicos são minerais de baixa solubilidade utilizados na agricultura como fonte de potássio. Eles são compostos por silicatos de alumínio combinados com sódio, potássio, cálcio e, às vezes, bário.
Regiões que possuem atividades hidrotermais, como a cidade de Poços de Caldas em Minas Gerais, apresentam uma das poucas condições naturais que permitem o surgimento de forma mais solúvel dessas rochas.
De forma geral, para serem utilizados como uma potencial fonte de potássio na agricultura, os feldspatos potássicos precisam passar por tratamentos químicos ou térmicos para aumentar a liberação dos nutrientes para as plantas.
Entretanto, faltam tecnologias industriais para tornar o uso dos feldspatos potássicos amplamente difundidos, já que os custos dos processamentos industriais para melhorar a eficiência agronômica desses minerais ainda são muito altos.
Mesmo assim, pesquisas conduzidas em pequena escala vêm demonstrando um bom potencial para esse agromineral, como as conduzidas por Antônio C. Pereira, Marta R. S. Gomes e Sônia D. F. Rocha.
No artigo Eficácia do tratamento térmico na extração hidrometalúrgica de potássio em rochas contendo feldspato potássico, verificaram uma solubilização de quase 75% do potássio presente nos feldspatos após o tratamento químico e térmico.
2. Biotita
Conhecida como “mica de ferro”, a biotita é um composto mineral da classe dos silicatos, que ocorre principalmente em rochas ígneas e metamórficas. Na sua composição predominam dois nutrientes principais: o potássio e o magnésio.
Entre as principais vantagens da biotita utilizada como fonte de potássio está o fato de que ela permite uma liberação mais gradual do nutriente no solo. Isso acontece porque o potássio contido nela precisa passar por um processo de intemperismo para que seja disponibilizado para as plantas.
Isso faz com que ela tenha um efeito residual no solo, diferentemente de fontes que contém o potássio mais solúvel, como o Cloreto de Potássio (KCl). É o que descobriram Ivaniele Nahas Duarte e outros pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no estudo Biotita: Fonte de potássio para a agricultura.
Teores de potássio no solo após o cultivo de milheto m função de doses e fontes de potássio aplicadas num solo contendo 12% argila. A biotita teve um efeito residual no solo maior que o KCl. (Fonte: DUARTE et. al, 2012)
Entretanto, assim como os feldspatos potássicos, a biotita precisa ser processada para aumentar a eficiência em relação à disponibilidade de potássio para as plantas. E isso acaba reduzindo a viabilidade econômica do uso dessa fonte potássica.
3. Kamafugito
O termo Kamafugito foi proposto pela primeira vez em 1974, pelo professor Thure Georg Sahama, é usado para descrever um grupo de rochas vulcânicas, máficas e ultramáficas compostas predominantemente por óxidos de potássio, fósforo e cálcio.
Quando essas rochas passam pelo processo natural de desgaste físico e químico, chamado de intemperismo, elas se tornam fontes de argilas 2:1, que são capazes de aumentar a capacidade de troca catiônica (CTC) e retenção de água (CRA) do solo.
O aumento da CTC permite uma maior manutenção e fixação de nutrientes importantes para as plantas no solo, enquanto a CRA cria um ambiente favorável para o desenvolvimento pleno das culturas e dos microrganismos no solo.
As principais limitações do pó de rocha Kamafugito estão relacionadas à sua baixa concentração de potássio e fósforo e reduzida ocorrência natural. As rochas kamafugitas são descritas como ultrapotássicas primitivas raras pela sua ocorrência em apenas quatro localidades no mundo, incluindo o Brasil.
Segundo a pesquisadora Carolina Almeida Figueiredo, no estudo do O processo de analcimização de um Kamafugito (luz262) do centro-oeste mineiro, os kamafugitos brasileiros são encontrados na Província do Alto Paranaíba e na Província Alcalina Goiás, que contemplam apenas dois estados brasileiros.
4. Micaxisto
O micaxisto é composto, essencialmente, de quartzo, micas e feldspatos e alguns outros compostos minerais, como as granadas e anfibólios. Parte do seu nome é atribuído devido à forte cristalização dos minerais que o constituem, que formam estruturas similares a folhas ou finas lâminas, que garantem uma xistosidade acentuada.
Quando as rochas de micaxisto são processadas, elas se transformam num pó de rocha com potencial para ser usado como fertilizante, graças a presença de compostos potássicos, como a biotita.
De forma geral, os pós de rocha apresentam quantidades menores de nutrientes que fontes convencionais, mas com disponibilização mais lenta. E isso a longo prazo, traz o benefício do efeito residual dos nutrientes no solo.
No caso do micaxisto, estudos indicam que esse efeito residual pode durar até três anos, conforme ressalta o pesquisador Antônio Alexandre Bizão, no estudo Agronominerais silicáticos como fornecedores de potássio e outros nutrientes para soja e milheto em latossolo vermelho-amarelo.
Entretanto, o efeito residual do micaxisto pode não ser suficiente para atender as exigências nutricionais das culturas, já que ele, de maneira geral, tem baixas concentrações de potássio.
Mas, para usar o máximo potencial das fontes minerais de potássio é preciso investir na microbiologia do seu solo.
Como melhorar a eficiência das fontes de potássio
Para melhorar a eficiência das fontes minerais de potássio, é preciso investir no principal aspecto do solo que melhora a taxa de liberação de nutrientes dessas fontes: os microrganismos do solo.
Alguns autores sugerem que os ácidos orgânicos produzidos pelos microrganismos do solo acidificam o meio e podem desestabilizar e liberar o potássio retido nos minerais. Para preservar a microbiota do solo, o agricultor deve se atentar a algumas práticas de manejo, como:
- Proporcionar uma maior diversidade de plantas e raízes no sistema de produção.
- Preservar a umidade e evitar grandes variações da temperatura do solo;
- Evitar o uso de insumos com elevado índice salino e de cloro;
- Quando o agricultor realiza práticas de preservação dos microrganismos do solo, ele não só aumenta a eficiência das fontes minerais de potássio, mas também recebe diversos outros benefícios para sua lavoura!
Fonte: verde.ag