Produtores de semente de feijão saíram animados hoje de um workshop realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), na TECNOSHOW COMIGO, em Rio Verde (GO). Acostumados a uma relação mais restrita e certa desunião dos integrantes da cadeia produtiva, eles viram no encontro uma oportunidade de estabelecer contato, trocar experiências e conhecer produtores de estados como Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Distrito Federal.
A iniciativa, além de orientar os participantes e demonstrar as novas tecnologias desenvolvidas pela Embrapa para aprimorar a qualidade das sementes, foi também um primeiro passo para fortalecer a cadeia do feijão, que sofre as consequências por não ser tão organizada como as cadeias de soja e milho, por exemplo.
O workshop começou às 9 horas e só foi encerrado no final da tarde. O dia de apresentações e debates foi dividido em duas partes. A primeira foi mais expositiva, com técnicos da Embrapa falando sobre pragas (mosca branca), solo, fertilidade do solo e depois sobre novidades que serão lançadas pela empresa no próximo ano. No segundo momento, os 38 participantes convidados foram divididos em dois grupos para sugerir perguntas a serem respondidas pelos expositores. A principal delas foi sobre como a Embrapa pode auxiliar o negócio deles, aumentando a participação e o relacionamento entre as duas partes. Foi quando surgiu a ideia de os produtores se organizarem em forma de grupo ou associação para facilitar o contato.
Gerente da Embrapa Produtos e Mercado, Alessandro Cruvinel acredita que esse simples ato já significa muito e vai fortalecer a base da cadeia, promovendo debates acerca da qualidade da semente e da necessidade de inovação. “É uma cadeia que cada vez mais vem se organizando. Reflexo disso, é o aumento do uso de semente certificada, que era muito baixo, em torno de 10%. Hoje já está na casa dos 20% e a gente acredita que a tendência é só crescer”, afirmou. A Embrapa está focada, a princípio, em melhorar a relação com os sementeiros e, segundo Cruvinel, nos próximos dois anos, a intenção é focar nos demais integrantes da cadeia produtiva, reunindo componentes, como os produtores de grãos, as trades (exportadoras) e as indústrias empacotadoras.
“O Brasil não é um grande exportador de feijão, porque a gente ainda não está organizado o suficiente para atender ao mercado internacional”, acredita Alessandro. O feijão oscila muito de preço, mas, por outro lado, é uma cultura que tem fases muito boas de rentabilidade e, para se chegar a isso, é preciso, primeiro, passar por uma organização do setor, com foco na qualidade. O objetivo da Embrapa é estabelecer vínculos com quem leva a questão da sanidade a sério, “porque uma semente com doença contamina outros campos”, argumenta Alessandro.
Satisfação
Há 18 anos produzindo sementes de feijão, o produtor mineiro José Sérgio Moreira foi um dos que participaram do workshop. Ele se disse satisfeito com os resultados do encontro e em estabelecer contato com produtores de outros estados. “Estava faltando esse primeiro passo: a Embrapa ter a iniciativa de reunir todas essas pessoas para promover a troca de conhecimentos e informações tanto na área de tecnologia como também na parte de comercialização”, disse. Ele citou ainda os incrementos e novidades apresentadas pelos pesquisadores da Embrapa, como as variedades de sementes de feijão mais resistentes às pragas e doenças.
“Com a integração dos produtores, vamos conseguir filtrar as questões e passar um relatório para a Embrapa para que ela possa nos dar o apoio necessário no cultivo e comercialização das sementes”, pontuou José Sérgio. Esta é a primeira vez que o mineiro de Patos de Minas (MG) participa da TECNOSHOW COMIGO. Ele disse que a feira é muito organizada, com presença do que há de melhor no mercado, principalmente na área de tecnologia, considerada por ele um dos aspectos mais importantes do agronegócio hoje.