O manejo de pragas é uma área que tem chamado a atenção de produtores, especialmente quanto à
eficiência no uso de técnicas aplicadas e aos resultados obtidos com menor utilização de insumos. No
caso do percevejo castanho, por exemplo, que tem causado estragos em culturas diversas como
algodão, milho e soja, alguns estudos têm sido desenvolvidos, apontando soluções para minimizar
estragos e diminuir a incidência do parasita.
Algumas dessas técnicas foram apresentadas na tarde desta segunda-feira, dia 11, na TECNOSHOW
COMIGO, durante a palestra “Manejo do Percevejo Castanho”, ministrada pelo pesquisador da Embrapa
Algodão, José Ednilson Miranda. Segundo ele, a incidência do inseto varia de acordo com o ano e com a
região em que esse parasita se encontra, com maior ou menor prejuízos dependendo da cultura em que
ele se instala. “No algodão, que é a nossa base de estudos na Embrapa, chegamos a contabilizar perdas
em torno de 5 a 7% da produção. Em 2010, na cidade de Chapadão do Céu (GO), por exemplo, foram
500 a 600 hectares atacados pela praga, com o comprometimento da produção”, revelou.
De acordo com Miranda, a principal área de ataque do parasita acontece na raiz da planta – tanto da
ninfa, como do adulto – passando a debilitar a cultura, que pode até morrer. “Além disso, há a
dificuldade da praga ser polífaga, se alimentando de culturas diversificadas, é migrante, com revoadas
em períodos de chuvas. Como não há grande sucesso por meio do controle químico, outras estratégias
têm sido buscadas e apresentadas aos produtores para minimizar essa incidência”, explicou.
Alternativas
Entre as soluções apresentadas pela Embrapa Algodão, que também podem ser aplicadas a outras
culturas, foram ressaltados os usos da interação com fontes de enxofre e plantas de cobertura.
Conforme explica Miranda, com o uso de gesso e do sulfato de amônia, por exemplo, houve registro no
aumento radicular, o que dificultou a incidência do parasita, com aumento das chances de sobrevivência
da planta. “Há ainda a questão da tolerância de determinadas plantas ao parasita, o que explica a
utilização de espécies para interação. É preciso evitar, por exemplo, a presença de plantas hospedeiras,
como o milheto, o milho e a brachiaria, que são mais atrativas ao inseto”, reforça. No caso dos insumos
químicos, Miranda orienta a utilização de 1.500 quilos de gesso por hectare e 210 a 220 quilos de sulfato
de amônia por hectare.
O produtor rural Sandro Cunha do Prado, de Rio Verde (GO), que estava presente na última edição da
TECNOSHOW COMIGO e assistiu uma palestra semelhante a apresentada nesta segunda-feira, contou
que, em sua propriedade, além da seca registrada que afetou a produção de milho safrinha, sofreu
ataques do percevejo castanho. Ele chegou a registrar perdas de 30%, sendo cerca de 15% por ação da
praga. Diante disso, ele passou a adotar esses tipos de técnicas apresentadas pela Embrapa, que
observou na última edição, e conseguiu reverter as perdas na produção. “Usamos a crotalária, como
planta de cobertura, associada ao inseticida e realmente diminuiu a incidência”, revelou.